Alison Bechdel
Alison Bechdel (Lock Haven, 10 de setembro de 1960) é uma cartunista americana famosa por suas histórias em quadrinhos autobiográficas. Seu primeiro trabalho a chamar a atenção da crítica foi a série de tirinhas Dykes to Watch Out For, produzidas ao longo de 25 anos, entre 1983 e 2008[2]. São tirinhas disruptivas por serem publicadas no contexto cultural dos anos 1980 e tratar de relacionamentos lésbicos. Apenas em 2006 que Bechdel obteve algum reconhecimento com a publicação de Fun Home - Uma tragicomédia em família (no original, Fun Home: A family tragicomic), uma obra autobiográfica em quadrinhos. O livro foi apontado pela revista Time como o melhor livro do ano (única HQ a receber essa distinção), além d ser finalista do National Book Critics Circle Award. Em 2007, o livro recebeu o Eisner Award, considerado o Oscar dos quadrinhos. Fun Home ainda ganhou uma adaptação musical na Broadway, produzida pela dramaturga Lisa Kron e pela compositora Jeanine Tesori, que recebeu cinco prêmios Tony Awards, inclusive o de Melhor Musical de 2015.[3] Seis anos depois da publicação de Fun Home, em 2012, a cartunista lançou uma nova graphic novel intitulada Você é minha mãe? Um drama em quadrinhos (no original, Are you my mother? A Comic Drama). O livro, também de teor autobiográfico trata de sua relação com a mãe. No Brasil, o livro foi lançado em 2013 com edição da Companhia das Letras. Bechdel também é a criadora do Teste de Bechdel, que avalia preconceitos e estereótipos femininos em produções cinematográficas. Em 2014, a autora foi agraciada com uma bolsa pelo MacArthur "Genius" Award.[4] Primeiros anosAlison J. Bechdel nasceu em Lock Haven, Pensilvânia, filha de Helen Augusta (1933-2013)[5] e Bruce Allen Bechdel (1936-1980).[6] Seu pai era um veterano de guerra que dava aulas em uma escola de Ensino Médio e, simultaneamente, administrava a casa funerária da família. A mãe era atriz e professora. Alison frequentou o Simon's Rock College e, depois, o Oberlin College, graduando-se em 1981. CarreiraBechdel se mudou para Manhatann e tentou ingressar em escolas de arte, mas não foi aceita e trabalhou em diferentes empresas ligadas à edição. Sua primeira tira foi publicado em junho de 1983, no jornal feminista Womannews. As tiras daquela época, mais tarde, originaram a série Dykes to Watch Out For, onde as personagens discutiram pela primeira vez os critérios do Teste de Bechdel. Ela também trabalhou fazendo ilustrações para revistas e sites antes de se dedicar aos quadrinhos em tempo integral, em 1990, e se mudar para Vermont, nos Estados Unidos, onde vive até hoje.[7] Fun Home (2006)Em 2006, Bechdel publicou Fun Home, uma biografia "tragicômica", em que narra sua infância e anos que antecederam e sucederem o suicídio de seu pai. A obra recebeu mais atenção da crítica que seus trabalhos anteriores, com resenhas em veículos importantes como Entertainment Weekly,[8] The Guardian[9] e The New York Times.[10] Além disso, o título esteve por duas semanas na lista de best-sellers de não-ficção do New York Times. Em 2011, foi publicado no Brasil pela Conrad[11] com tradução de André Conti e, em 2018, republicado pela Todavia. Em Fun Home, Alison recorre a diferentes referências da literatura universal, como o mito de Ícaro e Dédalo, para rememorar a conturbada relação que a autora mantinha com seu pai, Bruce Bechdel. Professor de literatura, Bruce era bissexual e dedicava seus dias mais à reforma e aos reparos do casarão vitoriano onde vivia do que aos seus filhos. A mãe, por sua vez, esforçava-se para manter as aparências e, nesse contexto, administrava as relações familiares, a fim de atender a convenções sociais. Na narrativa, Alison revela o amadurecimento de sua própria sexualidade em uma obra que, pela complexidade e inovação, junta-se a outros clássicos dos quadrinhos autobiográficos, como Maus, de Art Spiegelman e Persepólis, de Marjane Sartrapi[12]. Você é minha mãe? (2012)Após escrutinar sua relação com o pai, Alison tem como foco as relações com a mãe em Você é minha mãe? Um drama em quadrinhos (Cia dos Quadrinhos, 2013). No livro, Bechdel organiza a história em sete capítulos, que dialogam com a teoria psicanalítica por meio da referência a uma série de textos de Freud através da análise de sonhos e da representação de cenas de sessões com suas diferentes terapeutas. Há também referências a escritora inglesa Virgínia Woolf, da poeta Alice Miller e do psicólogo Donald Winnicott. Chamada de "uma espécie de Woody Allen lésbica" pelo jornal britânico The Guardian,[13][14] Bechdel não teme expor as dificuldades que sua mãe tinha para aceitar sua orientação sexual, bem como a relação pouco afetiva que ela mantinha com os filhos. Em 2013, a obra recebeu o Judy Grahn Award na categoria Não-ficção Lésbica e foi finalista do Lambda Literary Award na categoria Memória ou Biografia Lésbica. Livros selecionados traduzidos para o Português
Referências
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