Além do que os Olhos Podem Ver é o sexto álbum de estúdio da banda brasileira de rock cristãoOficina G3, lançado em fevereiro de 2005 pela gravadora MK Music. Produzido por Geraldo Penna, a obra é caracterizada pela formação reduzida do grupo, sendo o primeiro álbum de sua discografia a conter Juninho Afram como principal vocalista nas canções.
Com músicas em maioria escritas por Afram, Duca Tambasco e Jean Carllos, é um trabalho majoritariamente conceitual, caracterizado como uma crítica à hipocrisia religiosa. O contexto no qual o trio compôs e gravou as canções foi problemático, sobretudo quanto à saída conturbada do ex-vocalista PG e incertezas acerca de um substituto do músico. A gravação do projeto conteve várias participações especiais e músicos contratados, como o baterista Lufe, o guitarrista Déio Tambasco e o cantor Marcão, na época vocalista da banda Fruto Sagrado.
Com críticas em maioria positivas da mídia especializada em geral, Além do que os Olhos Podem Ver é geralmente considerado como um dos melhores discos na discografia da Oficina G3, restaurando a concepção totalmente rock de Indiferença e mesclando influências do metal progressivo, gênero musical até então não explorado pela banda. Em 2015, foi considerado, por vários historiadores, músicos e jornalistas, como o 97º maior álbum da música cristã brasileira, em uma publicação dirigida pelo Super Gospel.[2][3]
Antecedentes
Em 1997, após o êxito do álbum Indiferença, o vocalista Luciano Manga precisou deixar a banda, colocando, em seu lugar, o cantor PG.[4] Durante esta época, o grupo resolveu lançar um trabalho acústico, sucedido por um acústico gravado ao vivo, que obteve grande popularidade. Em 2000, o conjunto ingressou na gravadora MK Music, e lançou o inédito O Tempo, que possui um direcionamento musical mais próximo do pop.[5] A mudança de sonoridade foi geralmente associada ao novo vocalista, no entanto, os membros sempre negaram as considerações da imprensa, afirmando que a estética musical do grupo sofreria mudanças independentemente de novos integrantes.[6]
Em 2002, o baterista Walter Lopes anunciou sua saída, e declarou que sua desistência foi motivada por desentendimentos musicais e interpessoais. Em entrevista dada na época ao Super Gospel, Walter evitou dizer se tinha ocorrido algum conflito entre ele e o grupo.[7] Com isso, Juninho Afram tornou-se o único integrante da banda remanescente da formação original. Para ocupar o lugar de Walter, o grupo contratou o baterista Lufe,[4] que gravou a maioria das faixas de Humanos. Apesar de ser definido por Afram como o trabalho "mais pesado" do G3, com influências de nu metal,[8] o álbum dividiu opiniões acerca da quantidade de baladas pop rock.[9][10] Do ponto de vista de composição, o disco deu estreia a um novo processo criativo para a banda: a partir de Humanos, as músicas seriam creditadas a todos os integrantes. Juninho, anos mais tarde, afirmou que tomou essa atitude para incentivar a composição coletiva entre os membros e para evitar conflitos por créditos que enxergava em outros grupos.[11]
No ano seguinte, o cantor PG anunciou sua saída da Oficina G3[12] com o objetivo de seguir uma trajetória pastoral, e manteve uma agenda com a banda até o final de 2003.[13] Em 2004, ingressou numa carreira solo,[14] enquanto a banda decidiu que Juninho Afram assumiria por completo os vocais,[12][15] como fazia esporadicamente desde o início do grupo, enquanto não encontravam um novo intérprete para o conjunto.[4]
Composição
As primeiras composições inicialmente destinadas a Além do que os Olhos Podem Ver foram escritas ainda com a participação de PG.[16] O ex-vocalista, em entrevista fornecida em 2004 ao portal Universo Musical afirmou que, no momento de sua saída, o cantor tinha escrito oito melodias com a banda e, embora acreditasse que não as utilizariam, disse desconhecer o que os músicos fariam com o material já escrito.[16] Nesta época, o músico disse que estava insatisfeito a respeito da Oficina G3, e que os demais não demostravam apoiar completamente suas novas atividades como pastor.[16] "Comentaram muitas coisas erradas quando eu saí. Não houve briga, não saí porque queria ganhar dinheiro. Saí exatamente porque queria continuar cantando e me dedicar a outros propósitos. Onde estava eu não conseguia".[16] Anos mais tarde, ao revisitar sua saída da banda, PG contou que o grupo tinha um foco em fazer apresentações em locais menos religiosos e grandes. O cantor, por sua vez, estava vivendo uma fase mais intimista, em que queria cantar em igrejas e contar seu testemunho de vida. O vocalista avisou sua saída em um dos ensaios e processos de composição do álbum,[13] o que contribuiu para o tom de insatisfação do grupo.[4] O tecladista Jean Carllos, por exemplo, defendeu que a saída de PG foi atravessada.[17]
A saída de PG do Oficina G3 resultaria em uma quebra de contrato com a gravadora MK Music que, na época, resultaria em mais de R$ 2 milhões em multa. Por isso, o cantor cogitou permanecer no grupo até o final do contrato. Mas, para administrar o conflito, a presidente Yvelise de Oliveira liberou o cantor de suas obrigações contratuais, dando liberdade para que o cantor até optasse assinar com outra gravadora, caso quisesse. A situação estava tensa entre os integrantes[18] a ponto do conflito se tornar público para a imprensa e o público. O guitarrista Juninho Afram afirmou que, em janeiro de 2004, o trio encontrou-se pela última vez com PG na sede da MK, e a relação entre eles não estava boa.[4] Ao relembrar a situação, PG disse em 2022 que a reunião foi conflituosa e que, ao ir embora, se sentiu mal e ligou para Afram, pedindo desculpas pelo que tinha ocorrido.[18] O tecladista Jean Carllos, na época, reiterou o fato do ex-integrante não ser mais amigo de nenhum dos três, considerando que aquela situação não era positiva para nenhum dos envolvidos,[4] embora em outra entrevista, ocorrida em maio daquele ano, tenha dito que "é bom estar no meio do fogo e abrir o verbo".[19] Em fevereiro de 2004, PG se reuniu com o seu irmão, o baterista Johnny Mazza, e escreveu todo o repertório de seu álbum de estreia como cantor solo, Adoração, que saiu ainda naquele ano. O projeto foi lançado pela MK. Ao lançar o projeto, PG deixou claro não ter utilizado nenhum material escrito anteriormente com a Oficina G3 neste trabalho.[16] O cantor também disse que, por anos, evitou tocar músicas do Oficina G3 em shows, tanto por uma convicção pessoal, quanto a pedido dos integrantes remanescentes.[18][13]
A saída de PG foi uma das influências para o disco. Segundo o baixista Duca Tambasco, quando questionado se alguma música do álbum foi escrita como indireta ao ex-membro, disse que começou a escrever canções para Além do que os Olhos Podem Ver como forma de desabafar a respeito da saída inesperada do vocalista. Mas, em conversas conversas entre o trio, decidiu mudar o direcionamento lírico por não considerar a atitude condizente com a filosofia da banda.[4] Assim, as letras do novo álbum acabaram tendendo acerca da hipocrisia cristã, tema que permeia quase todas as canções,[20] também abordando os conflitos internos dos seres humanos acerca do assunto.[4] E para o grupo, se trata de uma questão polêmica, antiga, mas presente na atualidade.[20] Na apresentação do projeto, os integrantes disseram que "a hipocrisia cristã é uma personagem antiga, velha conhecida de todos nós, mas ainda bem presente em nosso meio e longe de ser radicada. É um vírus que atinge a todos, do mais simples cristão aos grandes líderes. Estamos cansados de ver tanta gente falar o que não vive e cantar sobre isso. É o nosso grito de alerta e de protesto. Mas o foco evangelístico é imutável".[20] Outro ponto acerca de sua lírica foram as intensas especulações e julgamentos por parte do público acerca dos últimos acontecimentos.[4] Quase todas as faixas foram escritas em conjunto entre Afram, Tambasco e Carllos, com exceção de "Lugar Melhor", com co-autoria de Viviane Afram; "Sem Trégua", com participação de Marcão; e "Queria Te Dizer", escrita por Julim Barbosa.[21]
A intenção do nosso CD não é essa, a intenção é trazer mensagens e abençoar as pessoas, falando dos conflitos que todo mundo tem, que a gente também tem. Não vamos ser hipócritas e falar que não. Aconteceu. Só que chegou uma hora que a gente mesmo, conversando, chegou à conclusão que, meu, esse não é o caminho, isso não é a gente, o Oficina não é isso. Eu acho que CD não é pra lavar roupa suja, é pra ser benção!
O lançamento de Além do que os Olhos Podem Ver estava previsto para os primeiros meses de 2004.[15] No entanto, a saída de PG mudou todos os planos da banda e atrasou o projeto, o que causou especulações do público.[20] A principal incerteza estava acerca do substituto para os vocais. O guitarrista Juninho Afram afirmou que, naquela época, a banda recebeu vários discos de cantores para se integrarem à banda, mas o trio não esteve satisfeito com nenhuma proposta. Para o instrumentista, a escolha deveria ser feita com calma, pois além de ter um bom desempenho nos vocais, precisava ter uma compatibilidade de ideias com os demais membros.[4] O ex-vocalista PG, por sua vez, tinha certeza que Juninho seguiria como o vocalista e considerava o músico completamente capaz de fazer a função.[18][13]
Para os shows que o grupo cumpria agenda na época, os tons das músicas foram alterados para se adequarem à extensão vocal de Juninho Afram. A tendência para o álbum permaneceu a mesma, com Duca Tambasco preferindo esta forma. Para o baixista, a sonoridade tenderia a ser mais "pesada" assim. "A gente abaixou o tom de algumas músicas, pois é mais confortável, e nós gostamos muito de cantar em dó. Ficou animal, muito pesado, é legal de ouvir. Ainda não sabemos se vamos gravar o CD em dó ou em ré, mas estamos fazendo as músicas com uma linha vocal que funcionaria dos dois jeitos", afirmou Juninho Afram.[4]
Pela primeira vez na história da Oficina G3, o álbum foi escrito e pré-produzido simultaneamente. Ainda nos primeiros meses de 2004, os membros se reuniam num estúdio pessoal de Duca para criarem letras para arranjos prontos.[4] No entanto, não foi esclarecido se tais melodias eram as mesmas nas quais PG citou ter feito junto com o trio antes de deixar o conjunto.[4][16] Após isso, a banda repassaria o material ao produtor musical Geraldo Penna, no qual faria incrementações.[4]
Além dos três músicos integrantes do conjunto, o baterista Lufe e o guitarrista Déio Tambasco, irmão de Duca, participaram das gravações do álbum, além de acompanharem o grupo nos shows e viagens.[22] Uma destas apresentações foi o Canta Zona Sul, ocorrido no Rio de Janeiro, na Praia de Copacabana, em abril de 2004, que reuniu um público de 150 mil pessoas.[23] Nesta época, Juninho, Duca e Jean participaram de um álbum solo de Déio que estava sendo gravado, Novos Rumos.[24]
Os músicos entraram em estúdio no início de maio de 2004 para gravar Além do que os Olhos Podem Ver.[19] As sessões ocorreram no estúdio Lord G, sob produção musical de Geraldo Penna. Em uma notícia divulgada pela banda, Penna adiantou que o disco seria mais "pesado" que o anterior, sem deixar de lado as baladas e contendo uma sonoridade diferente, misturando elementos eletrônicos, rítmicos e acústicos, que o faria ser intrigante, no mínimo.[1] Em junho, o baixista Duca Tambasco gravaria seus solos definitivos para o disco.[25]
Em agosto daquele ano, Juninho começava a gravar os vocais para as faixas. Para a canção "Sem Trégua", a banda teve a participação do cantor Marcão nos vocais, na época vocalista do grupo de rock Fruto Sagrado, que também foi creditado na composição.[26] O baixista e intérprete afirmou, mais tarde, que integrantes dos dois conjuntos nunca tinham trabalhado em estúdio: "Acho que esta interação precisa continuar por ser algo positivo. Abre um outro leque para o pensamento musical em ambos os grupos".[27]
Além de Marcão, a banda teve a participação de Maurício Takeda tocando violino em "Amanhã", além de Isabeh, fazendo a co-produção vocal nas canções "Mais Alto", "O Fim é só o Começo" e "Queria Te Dizer". Ainda, há a contribuição de Carlos Ribeiro na narração contida em "O Fim é só o Começo", além da composição de Julim Barbosa gravada pela Oficina G3, "Queria Te Dizer".[21]
O título do álbum foi a última parte a ser definida. Segundo os integrantes, é um costume recorrente nas produções do conjunto, em que o repertório é gravado, e depois, com uma análise dos temas recorrentes nas letras, é que um nome é escolhido.[4]
Projeto gráfico
O projeto gráfico do álbum foi desenvolvido por Marcelo Rossi, um designer gráfico que trabalhou por vários anos com a banda. A capa do álbum mostra uma combinação de tons azuis com vermelhos e o logotipo em marca d'água.[6] Na parte interna do encarte, o designer, juntamente com Ed. Carranque, utilizaram fotografias de uma cidade e outros locais combinando com fotos dos integrantes, que prestaram agradecimentos à gravadora, músicos envolvidos na gravação e patrocinadores.[28] A crítica especializada definiu a arte como uma concepção mais pautada no rock, utilizando um "visual nebuloso, seco, meio caótico".[29]
Lançamento e divulgação
Apesar de Além do que os Olhos Podem Ver ter sido inicialmente proposto para ser lançado nos primeiros meses de 2004,[1] seu lançamento foi adiado para setembro do mesmo ano.[26] No entanto, o disco chegou a ser lançado apenas em fevereiro de 2005.[20] Em seus dois primeiros dias de lançamento, vendeu mais de vinte mil cópias no Brasil. Tal alta venda de um álbum de rock em pouco tempo foi o reflexo da expectativa do público para a obra após as mudanças internas do grupo.[5] Em menos de três meses, o trabalho vendeu mais de cinquenta mil unidades.[20][29][30]
Após o lançamento do álbum, a banda publicou em seu portal um hot site para o álbum, com imagens utilizadas na arte do disco, com notícias relacionadas ao novo trabalho, fotos e informações de contato.[31] A canção "Lugar Melhor" foi escolhida para divulgar o projeto,[20] que recebeu versão em videoclipe.[32]
Em junho de 2005, a banda iniciou uma série de apresentações no exterior, a começar nos Estados Unidos. A Oficina G3 fez eventos em Everett, Boston, São Francisco, Newark, Miami, Dallas, Orlando, Houston e Boca Raton.[29] Os shows realizados fizeram parte da chamada Turnê Além do que os Olhos Podem Ver, que também passou por vários estados do Brasil de 2005 até o final de 2006.[33][34]
Com a evidente mudança de sonoridade, o guitarrista Juninho Afram foi questionado se PG era o responsável pela mudança sonora da Oficina G3, e discordou, dizendo:[6]
Eu acho que não houve "um" culpado para as mudanças sonoras, as coisas foram simplesmente acontecendo. Passamos por várias fases e isso refletiu no nosso som. Aprendemos muito com tudo o que vivemos e isso nos fez amadurecer. Hoje sabemos melhor onde queremos chegar.[6]
Além do que os Olhos Podem Ver recebeu cobertura significativa da mídia especializada que, em maioria, foi favorável ao álbum.[5][9][10][36][37] Márcio Heck, do Super Gospel, apontou que o projeto superou o "infeliz" Humanos, e que Afram como vocalista não o fez sentir saudades de PG. Também destacou os solos rápidos e virtuosos, além das distorções, destacando a letra de "A Lição" e "Amanhã", sendo a última citada a melhor do disco.[5] A análise de Éber Dias Freitas, no Dot Gospel, destacou as atuações de Duca Tambasco no baixo e de Jean Carllos no teclado. Segundo Freitas, o disco está mais "pesado" do que em toda a história da banda, superando Indiferença em tal quesito, trazendo uma sonoridade que rompe as barreiras do "som abobado cristão que estamos acostumados a ouvir".[36]
A obra também recebeu uma análise do Whiplash.net, um site especializado em rock. O jornalista Maurício Gomes Ângelo atribuiu nota 9 pontos de 10 ao trabalho, e destacou o fim de álbuns "açucarados e mornos" com a participação de PG, e a renovação que fez a banda demonstrar seu talento. O dueto entre Marcão e Juninho em "Sem Trégua", a falta de exagero e estrelismos, o projeto gráfico e as letras das canções, consideradas mais realistas que nas obras anteriores por Maurício, foram pontos positivos apontados pelo autor. Na opinião do crítico, até o momento em que o texto foi escrito, Além do que os Olhos Podem Ver foi o melhor álbum da história do rock cristão no Brasil e um disco singular para o rock nacional contemporâneo, retornando ao posto de vanguarda, abandonado anteriormente.[10]
Marcos Paulo Bin, por meio do Universo Musical, afirmou que as guitarras do disco chegam a sobrepor os vocais de Juninho, formando uma sonoridade agressiva e com várias nuances, flertando momentos calmos e nervosos. Assim como o resenhista do Super Gospel, Bin defendeu que "Amanhã" é a melhor faixa do álbum.[37] No guia discográfico da banda no portal O Propagador, Além do que os Olhos Podem Ver ganhou quatro e meio de cinco estrelas, e foi definido como a prova de que Juninho, Duca e Jean são o núcleo da Oficina G3, citando a influência do metal progressivo nas canções.[9] Na visão de Rodrigo Arantes, do Casa Gospel, o projeto foi o melhor lançamento de 2005, com a banda de volta ao rock, porém com técnica musical mais apurada do que antigamente.[21]
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Além do que os Olhos Podem Ver não segue a linha musical de seu antecessor, mas traz em sua ficha técnica a parceria com Geraldo Penna, o mesmo produtor de Humanos, além de Lufe, o baterista.[6][28][38] O álbum é predominantemente influenciado pelo metal progressivo, embora outras vertentes do rock e metal sejam notadas na obra. Segundo o guitarrista Juninho Afram, a concepção instrumental na obra foi diferente dos trabalhos anteriores, com a proposta de criar arranjos mais livres e evidentes, para que contassem histórias durante a música. "Isso deixou um espaço bem amplo para se trabalhar, não só para a guitarra, mas para todos. Muitos desses 'espaços' nós já pensamos durante a composição, fora as coisas que 'pintaram' no estúdio." Duca e Juninho ainda tentaram trabalhar em faixas instrumentais, semelhantemente ao que fora feito em Indiferença, mas segundo Afram, a banda não teve tempo disponível.[6]
Outros músicos foram convidados para a gravação, como Déio Tambasco, responsável pela execução da maior parte das guitarras em "O Fim é só o Começo", canção com fortes influências do blues rock.[5] O produtor Geraldo Penna esteve responsável pela programação, utilizando vários efeitos eletrônicos.[6] O músico Maurício Takeda participa de "Amanhã", faixa que, segundo a mídia especializada, contém ligações ao power metal.[5]
O álbum é caracterizado por poucas baladas, sendo "Lugar Melhor" e "Queria Te Dizer" as únicas desta categoria.[5] O discurso lírico do projeto também foi apontado como mais maduro do que as obras anteriores.[10] "Réu ou Juiz", com suas distorções, remonta as especulações e julgamentos acerca da banda, e seu futuro.[4] "A Lição", por sua vez, é central acerca da hipocrisia e da dificuldade humana em viver o amor.[5] O grupo afirmou, antes do lançamento do álbum, que a situação ocorrida com PG fez com que repensassem os conceitos de amizade e companhia.[4]
No Troféu Talento, a Oficina G3 recebeu três indicações, sendo uma à banda, uma ao clipe de "Lugar Melhor" e outra ao trabalho. O conjunto ganhou duas das categorias ao qual foi indicado.[41][42]
Em 2015, vários sites do meio protestante publicaram uma lista dos 100 maiores álbuns da música cristã brasileira, compilada por músicos, historiadores e jornalistas especializados, que colocaram Além do que os Olhos Podem Ver na 97ª posição,[2] afirmando que a banda "Oficina G3, como um trio, exorcizava todas as especulações de que era seu fim sem PG".[3] Em 2016, o disco foi eleito o 13º melhor disco da década de 2000, de acordo com lista publicada pelo Super Gospel.[35]
Além do que os Olhos Podem Ver é apontado como um dos melhores trabalhos da banda.[9] Após o lançamento da obra, a Oficina G3 estava prestes a completar 20 anos de carreira, e por conta disso produziu o álbum Elektracustika, que contém regravações das canções "Além do que os Olhos Podem Ver", "Mais Alto" e "A Lição".[43] Juninho Afram afirmou que sua posição como vocalista da banda era provisória, e continuaria nela até que encontrassem um novo integrante.[6] Em 2008, durante as gravações de Depois da Guerra, o trio efetivou Mauro Henrique como o novo vocalista,[44][45] com Juninho tendo papel secundário nas vozes como ocorria antigamente.[46] O guitarrista Déio Tambasco voltou para o Katsbarnea, na qual fora integrante,[47] e em novembro de 2006, Lufe deixou de trabalhar com o grupo,[48] dando espaço para os músicos contratados Alexandre Aposan e Celso Machado.[43] Aposan, anos mais tarde, disse que seu teste com a banda foi baseado nas canções mais complexas de Além do que os Olhos Podem Ver, o que deu base para sua participação no grupo. O repertório do projeto continuou presente em turnês posteriores,[49] e a banda chegou a regravar "Mais Alto", "De Olhos Fechados" e "Ver Acontecer" no DVD D.D.G. Experience, lançado em 2010.[50]
Anos depois, Juninho Afram afirmou no Flow Podcast que, com a saída de PG e seus vocais no álbum, estava inseguro e insatisfeito, achando seu trabalho insuficiente. Quando a banda recebeu a indicação ao Grammy Latino, os integrantes receberam um convite do então presidente do prêmio para uma conversa. Afram contou que o grupo recebeu elogios pelo álbum Além do que os Olhos Podem Ver e um conselho para fazer uma versão em inglês do projeto, que poderia dar notoriedade ao grupo nos Estados Unidos. O guitarrista acabou por se sentir validado pelos elogios e, ao retornar ao Brasil, os membros fizeram uma versão em inglês do projeto. Na entrevista, Juninho afirmou que a obra não foi lançada porque não foi aprovada pela MK.[11]
Entre 2023 e 2024, durante um processo de shows comemorativos com ex-integrantes, a banda promoveu a turnê NADOQINDY, com as participações de Luciano Manga, PG, Lufe e Déio Tambasco. O roteiro comemorou os álbuns Nada É Tão Novo, Nada É Tão Velho, Indiferença e Além do que os Olhos Podem Ver.[51] As apresentações se destacaram com a participação de PG nos vocais de algumas canções do projeto. Sobre a experiência de poder cantar músicas produzidas após sua saída, o cantor se disse feliz pela experiência.[11] A parceria entre PG e o trio G3 se deu após anos de lentas reaproximações. Jean Carllos disse em 2023 que, antes da turnê anterior, ainda não tinha certeza se queria tocar com o ex-integrante, mas que o grupo resolveu suas questões e mágoas com o cantor.[17]
Faixas
A seguir está a lista de faixas do disco Além do que os Olhos Podem Ver, segundo o encarte do disco.[21][28]
Geraldo Penna – produção musical, arranjos, engenharia de áudio e mixagem
Carlos Ribeiro – narração em "O Fim é só o Começo"
Thiago Lima – engenharia de áudio
Ricardo Garcia – masterização de áudio
Projeto gráfico
Marcelo Rossi – design e fotografia
Ed. Carranque – design
Vendas e certificações
Em dois dias, o disco vendeu mais de vinte mil cópias no país em que foi lançado, considerado um recorde para um álbum de rock cristão brasileiro.[5] Por mais de cinquenta mil cópias, a banda recebeu um disco de ouro da Associação de produtores de Disco (ABPD).[52]
↑Cunha, Magali do Nascimento (2007). A explosão gospel. um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad. p. 92. 231 páginas. ISBN9788574782287. Consultado em 15 de fevereiro de 2015