Filha do comum Eduardo Hyde, o casamento de Ana com Jaime é mais conhecido por ter gerado muitas fofocas. Ela deu à luz o seu primeiro filho dois meses após o matrimônio, que obviamente fora concebido antes da união. Muitos desaprovavam a decisão do duque de se casar com Ana, porém não seu irmão o rei Carlos II. Outra causa de desaprovação era o nível de afeição pública que Jaime demonstrava pela esposa, como beijá-la e abraçá-la, ações consideradas como comportamentos inapropriados em público para os padrões do século XVII.
Entretanto, Jaime mantinha muitas amantes, sendo repreendido várias vezes por Ana, que certa vez foi reclamar com o rei, que acabou por enviar uma das amantes do irmão para o interior do país. Isso não impediu que Jaime tivesse vários filhos ilegítimos. Ana também foi o principal motivo dele ter se convertido ao catolicismo, tendo ambos sido expostos a essa fé durante seus períodos nos Países Baixos e na França. Ana ficou tão atraída pela religião que se converteu logo depois do casamento. Jaime fez o mesmo anos depois, sendo um dos fatores que contribuíram para a Revolução Gloriosa. Ana sofria de câncer de mama e morreu em 1671 pouco depois de dar à luz seu último filho.
Primeiros anos
Eduardo Hyde se casou em 1629 com sua primeira esposa Ana Ayliffe. Seis meses depois ela pegou varíola, teve um aborto e morreu.[1] Três anos depois ele se casou com Francisca Aylesbury. Em 12 de março de 1637 nasceu Ana Hyde, a filha mais velha do casal, no Chalé Cranbourne em Windsor.[2] Não se sabe nada sobre sua vida antes de 1649, exceto o fato dela ter sido nomeada em homenagem à primeira esposa de seu pai. Sua família se mudou em 1649 para os Países Baixos logo depois da execução do rei Carlos I.[3] Eles se estabeleceram na cidade de Breda, onde Maria, Princesa Real e Princesa de Orange, acolheu vários refugiados ingleses[4] e nomeou Ana como sua dama de companhia, aparentemente apesar das objeções de sua mãe Henriqueta Maria de França.[5]
Ana se tornou a favorita das pessoas que conheceu em Haia ou na casa de verão de Maria em Teylingen. Era muito atraente e estilosa,[6] chamando a atenção de muitos homens. Um dos primeiros a se apaixonar por ela foi Spencer Compton, filho de Spencer Compton, 2.º Conde de Northampton.[7] Porém Ana logo se apaixonou por Henrique Jermyn, que retornou seu sentimentos. Ela dispensou Jermyn logo quando conheceu e se apaixonou por Jaime, Duque de Iorque e o segundo filho de Carlos I.[8] Dois[9] ou três[10] anos depois de se conhecerem, Jaime prometeu em 24 de novembro de 1659 se casar com ela.[11]Carlos II, irmão mais velho do duque, forçou o relutante Jaime a se casar com Ana dizendo que ela tinha uma personalidade forte e seria uma influência positiva em seu irmão passivo.[12]
Duquesa de Iorque e Albany
Casamento
Ana estava visivelmente grávida e os dois foram obrigados a se casar.[13] Eles realizaram uma cerimônia particular mas oficial em Londres no dia 3 de setembro de 1660, logo depois da restauração da monarquia. O casamento ocorreu entre às 23h e às 2h na Casa Worcester e foi solenizado pelo dr. José Crowther, o capelão de Jaime. O embaixador francês descreveu Ana como tendo "coragem, esperteza e energia quase dignas do sangue de um rei".[14] O primeiro filho do casal, Carlos, nasceu em outubro do mesmo ano, porém morreu sete meses depois. Sete crianças se seguiram: Maria em 1662, Jaime em 1663, Ana em 1665, Carlos em 1666, Edgar em 1667, Henriqueta em 1669 e Catarina em 1771. Apenas Maria e Ana chegaram na idade adulta.[15]
Mesmo bem após o casamento, alguns observadores desaprovaram a decisão do príncipe, independentemente do que ele havia prometido anteriormente.[16]Samuel Pepys comentou sobre o casamento: "... que o casamento do Duque de Iorque com ela porventura desfez o reino, ao fazer o Chanceler tão grande acima do alcance, que caso contrário teria sido apenas um homem ordinário, para ser tratado por outras pessoas ..."[17] A corte tentou encontrar uma nova esposa para Jaime depois da morte de Ana, porém essa nova esposa não poderia ser sob nenhuma circunstâncias de nascimento humilde.[18] Mesmo tendo sido o bom pai que Pepys o representou, afirma-se que estranhamente Jaime e Ana não foram afetados pela morte de seu primeiro filho.[19] Pepys também descreveu Ana como "a mulher mais orgulhosa do mundo".[17] O estigma do baixo nascimento dos Hyde continuou até nas mentes de Guilherme III, Príncipe de Orange e futuro genro de Ana, e sua prima por casamento Sofia de Hanôver.[20]
Vida doméstica
Ana tinha problemas com sua vida de casada.[21] Ela não era muito querida na corte[22] e Jaime tinha várias amantes mais jovens como Arabella Churchill, com quem ele teve vários filhos ilegítimos, incluindo dois que nasceram durante a vida de Ana.[23] Ela sabia dos casos: Pepys escreveu que Ana tinha ciúmes e repreendia o marido, porém também disse que o casal era notório por demonstrar suas afeições em público, como se beijarem e se abraçarem. Pepys também escreveu que quando Jaime se apaixonou por Isabel Stanhope, Ana reclamou tanto com o rei Carlos que Stanhope teve de ser levada para o interior, onde passou o resto da sua vida até morrer.[24]
Ana ficou atraída pelo catolicismo, a qual tanto ela quanto Jaime haviam sido expostos durante seu período no exterior,[25][26] convertendo-se quase imediatamente depois da restauração. O historiador John Callow afirma que Ana "fez o maior impacto individual sobre o pensamento [de Jaime]".[27] O duque também se converteu oito ou nove anos depois que a esposa, porém continuou a comparecer a serviços anglicanos até 1676.[28][29] Jaime preferia se associar com pessoas anglicanas, como João Churchill,[30] cuja esposa mais tarde se tornaria uma grande amiga de sua filha Ana.[31][32] Carlos na época se opunha ao catolicismo e insistiu para que os filhos do irmão fossem criados como protestantes.[33] Assim, as únicas filhas sobreviventes de Jaime e Ana cresceram na fé anglicana.[34]
Morte
Ana ficou doente durante quinze meses depois do nascimento de seu filho Edgar.[35] Ela teve Henriqueta em 1669 e Catarina em 1671.[36] Ela nunca se recuperou do nascimento de Catarina.[37] Ana morreu no dia 31 de março de 1671[2] de câncer de mama.[38] Em seu leito de morte seus irmãos Henrique e Lourenço tentaram trazer um padre anglicano para lhe dar a comunhão, porém ela recusou[37] e recebeu o viático da Igreja Católica.[38] Dois dias depois seu corpo embalsamado foi enterrado na cripta de Maria da Escócia na Abadia de Westminster.[39] Em junho do mesmo ano seu filho Edgar morreu também, seguido por Catarina em dezembro, deixando Maria e Ana como as únicas herdeiras de Jaime.[40]
Após a morte de Ana Hyde, um retrato dela pintado por Willem Wissing foi encomendado pela futura Maria II, estando o quadro pendurado acima da porta da sala de visitas da rainha na casa do jardim no Castelo de Windsor.[41] Dois anos após a morte de sua primeira esposa, Jaime se casou com uma princesa católica, Maria de Módena, que deu à luz Jaime Francisco Eduardo, o único de seus filhos que sobreviveu até a idade adulta. Jaime tornou-se Rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda em 1685, mas foi deposto durante a Revolução Gloriosa de 1688. O trono foi então oferecido pelo Parlamento à filha mais velha de Ana, Maria, e seu marido, Guilherme III, de Orange.[42] Depois que Maria morreu em 1694 e Guilherme em 1702, a única filha sobrevivente de Ana Hyde se tornou rainha dos três reinos e, em 1707, a primeira soberana do Reino da Grã-Bretanha.[43]
Descendência
Com seu marido, Jaime II & VII teve os seguintes filhos:
↑Pepys, Samuel. «Tuesday 14 May 1667». The Diary of Samuel Pepys. Consultado em 28 de abril de 2015
↑Jones, W. A. (1853). «Lord Clarendon and his Trowbridge Ancestry». The Wiltshire Archaeological and Natural History Magazine. 9: 282–290
↑Fuidge, N. M. (1981). «"HYDE, Lawrence I (d.1590), of West Hatch and Tisbury, Wilts. and Gussage St. Michael, Dorset"». In: Hasler, P. W. (ed.). The History of Parliament: the House of Commons 1558-1603. [S.l.]: Boydell and Brewer
↑Evans, C. F. H. (1975). «Clarendon's Grandparents». Notes and Queries. 22 (1): 28
↑Alsbury, Colin (2004). «Aylesbury, Sir Thomas, baronet (1579/80–1658)». Oxford Dictionary of National Biography. Oxford University Press
Bibliografia
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Curtis, Gila (1972). The Life and Times of Queen Anne. London: Weidenfeld & Nicolson. ISBN0-297-99571-5
Gregg, Edward (1984). Queen Anne. Londres & New Haven: Yale University Press. ISBN0-7448-0018-8
Henslowe, J. R. (1915). Anne Hyde, Duchess of York. Londres: T. W. Laurie
Lister (1838). Life and Administration of Edward, First Earl of Clarendon. Londres: Longman, Orme, Brown, Green, and Longmans. OCLC899249
Melville, Lewis (2005). The Windsor Beauties: Ladies of the Court of Charles II. Michigan: Loving Healing Press. ISBN1-932690-13-1
Miller, John (2000). James II. New Haven: Yale University Press. ISBN0-300-08728-4
Softly, Barbara (1979). The Queens of England. Michigan: Bell Pub Co. ISBN0-517-30200-4* Strickland, Agnes (1882). The Queens of England. Boston: Easton and Lauriat. OCLC950726