Analectos de ConfúcioOs Analectos (em chinês: 論語 ou 论语; pinyin: Lún Yǔ) de Confúcio, também conhecidos como Diálogos de Confúcio, constituem o livro doutrinal mais importante do confucionismo e é constituído por uma selecção de textos atribuídos a este pensador chinês e aos seus discípulos. Ao longo do tempo, a obra foi tão lida na China quanto a Bíblia no Ocidente, sendo considerado o único registro confiável dos ensinamentos de Confúcio.[1] Confúcio viveu na China, entre 551 e 479 a.C., e exerceu e ainda exerce profunda influência na cultura chinesa, e em especial no que diz respeito à educação e à moral, tendo, como centro, o homem. Como muitos outros grandes homens do passado, nada escreveu. Os Analectos são uma coletânea de aforismos feita por seus discípulos. É difícil de ser interpretada, tanto devido ao aspecto pictórica da linguagem chinesa quanto por seu simbolismo. Com certeza, ao longo das sucessivas traduções, a obra teve alguns significados alterados. Fontes históricasA menção mais antiga sobre Os Analectos é feita no Fang chi, um capítulo do Li chi, o que mostra que a obra deve ter existido antes da dinastia Han.[2] Sobre informações a respeito da obra, a fonte mais antiga é o Livro de Hã (História da dinastia Hã), concluída em 111, onde é feito um breve relato sobre a compilação e a transmissão da obra. Ali são referidas três versões de Os Analectos:[2]
Lu Te-ming (556-627 d.C.) dá mais detalhes, afirmando que o Ch'i lun não continha apenas dois livros extras, mas que os capítulos e versos eram muito mais numerosos que o Lu lun, demonstrando que as variantes existentes àquela época era considerável.[2][3] Esse mesmo autor afirma que Huan T'an (24 a.C.-56 d.C.) cita que no Ku lun a ordem dos capítulos era diferente, havendo mais de quatrocentas variantes. Enquanto ainda existiam algumas variantes dessas três versões, foram registradas por intelectuais, mas o significado de muitas passagens dificilmente são esclarecidos.[3] A versão do marquês ChangNos primórdios da dinastia Han Ocidental, os intelectuais se especializavam em alguma das três versões. Chang Yü, entretanto, recebeu instrução sobre o Lu lun e sobre o Ch'i lun, não se atendo a nenhuma delas, mas optando por uma versão eclética, fazendo sua própria escolha sobre qual passagem de ambas seguir. Essa versão foi conhecida como Chang hou lun (o Lun yü do marquês Chang).[3] Devido a seu conhecimento especializado sobre a obra, durante o reinado de Ch'y Yüan (48 a.C.-44 a.C.), Chang Yü foi nomeado tutor do herdeiro que possivelmente tornou-se imperador em 32 a.C., tendo então Chang Yü tornado-se primeiro-ministro em 25 a.C. Devido a seu prestígio, sua versão da obra tornou-se bastante popular, suplantando todas as demais.[3] Versões posterioresUma versão importante posterior foi feita por Cheng Hsüan (127-200 d.C.), que pode ser considerado o maior comentarista dos clássicos confucianos das duas dinastias Han. O texto era fiel ao Lu lun, mas também utilizou-se de melhores leituras do Ch'i lun e do Ku lun. A versão não existe mais, porém uma cópia parcial, manuscrita por um aluno de doze anos em 710 d.C., foi encontrada em 1969.[3] A versão atualmente existente é de Ho Yen (190-249 d.C.), que é baseada nas versões de Chang Yü e de Cheng Hsüan.[4] ComposiçãoOs Analectos são compostos por 20 (a 22) livros, aparentemente sem conexão sequencial, nos quais são abordadas as virtudes, ensinamentos morais e qualificações como a "benevolência", que ele considerava a qualidade mais importante que um homem pode ter. Um ponto central dos ensinamentos de Confúcio é que ser moral não tem nada a ver com interesses próprios; a moralidade é algo a ser perseguida por ela mesma e essa parecer ser a mensagem fundamental de Confúcio. Além da benevolência, outras virtudes são sabedoria ou inteligência (chih) e a coragem (yung). A coragem, para ser uma virtude, precisa estar a serviço da moralidade. A reverência (ching) não é estabelecida em função do medo, mas oriunda da consciência da responsabilidade em promover o bem-estar do povo. Como político, Confúcio adotava um certo paternalismo. As qualidades morais só se completariam mediante o exemplo e a participação no Governo, cuja proposta básica é o bem-estar do povo (min).
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