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Archaeopteris

Como ler uma infocaixa de taxonomiaArchaeopteris
Ocorrência: Devoniano Superior-Carbonífero Inferior 383–323 Ma
Archaeopteris hibernica
Archaeopteris hibernica
Estado de conservação
Extinta (fóssil)
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Tracheophyta
Classe: Progymnospermopsida
Ordem: Archaeopteridales
Família: †Archaeopteridaceae
Género: Archaeopteris
Dawson (1871)
Espécies
  • Archaeopteris fissilis
  • Archaeopteris halliana
  • Archaeopteris hibernica
  • Archaeopteris macilenta
  • Archaeopteris obtusa
  • Archaeopteris notosaria

Archaeopteris é um gênero extinto de árvore progimnosperma com folhas semelhantes às das samambaias. Sendo um fóssil guia bastante útil, ele é encontrado em estratos que datam do Devoniano Superior ao Carbonífero Inferior (383 a 323 milhões de anos atrás), sendo os fósseis mais antigos de 385 milhões de anos. Tinham distribuição global.[1]

Até a descoberta de Wattieza em 2007, muitos cientistas consideravam Archaeopteris a árvore mais antiga conhecida. Com brotos, articulações de galhos reforçadas e troncos ramificados semelhantes à madeira de hoje, é mais uma reminiscência das modernas árvores portadoras de sementes do que outros táxons portadores de esporos; Combina características de árvores lenhosas e samambaias herbáceas, e pertence às progimnospermas, um grupo de plantas extintas com madeira semelhante a gimnospermas, mas que produzem esporos em vez de sementes.[2]

Taxonomia

John William Dawson descreveu o gênero em 1871. O nome é derivado do grego antigo, ἀρχαῖος (archaīos, "antigo"), e πτέρις (ptéris, "feto"). Archaeopteris foi originalmente classificada como uma samambaia, e permaneceu assim por mais de 100 anos. Em 1911, o paleontólogo e paleobotânico russo Mikhail Zalessky descreveu um novo tipo de lenho fossilizado da bacia de Donets, na atual Ucrânia. Ele a nomeou de Callixylon, embora não tenha encontrado nenhuma estrutura além do tronco. A semelhança com o lenho das coníferas foi reconhecida na análise. Também foi observado que samambaias do gênero Archaeopteris foram frequentemente encontradas associadas a fósseis de Callixylon.[3]

Na década de 1960, o paleontólogo Charles B. Beck demonstrou que a madeira fóssil conhecida como Callixylon e as folhas conhecidas como Archaeopteris eram, na verdade, partes da mesma planta.[4] Era uma planta com uma mistura de características não vistas em nenhuma planta viva, uma ligação entre as verdadeiras gimnospermas e samambaias.[5]

O gênero Archaeopteris é colocado na ordem Archaeopteridales e família Archaeopteridaceae. O nome é semelhante ao do primeiro pássaro emplumado conhecido, Archaeopteryx, mas neste caso refere-se à natureza semelhante a uma samambaia das folhas da planta.[3]

Relação com espermatófitas

Archaeopteris é um membro de um grupo de plantas lenhosas de esporos livres chamados progimnospermas que são interpretados como ancestrais distantes das gimnospermas. A Archaeopteris se reproduzia liberando esporos em vez de produzir sementes, mas algumas espécies, como a Archaeopteris halliana eram heterosporadas, produzindo dois tipos de esporos. Acredita-se que isso represente um passo inicial na evolução das plantas vasculares para a reprodução por sementes, que apareceu pela primeira vez no grupo de gimnospermas mais antigo e extinto há muito tempo, as samambaias de sementes (Pteridospermatophyta). As coníferas ou Pinophytas são uma das quatro divisões de gimnospermas existentes que surgiram das samambaias durante o período Carbonífero.[6]

Descrição

As árvores deste gênero cresciam até cerca de 24 metros, com folhagem frondosa que lembra de algumas coníferas. As grandes frondes semelhantes a samambaias eram densamente inseridas com folhetos ou pinas em forma de leque. Os troncos podiam passar de 1,5 metro de diâmetro. Os ramos eram dispostos em espiral e uma estípula bifurcada se localizava na base de cada ramo. Dentro de um galho, os brotos frondosos estavam arranjados de maneira oposta em um único plano. Nos ramos férteis, algumas das folhas eram substituídas por esporângios (cápsulas de esporos).[5]

Outras adaptações modernas

Além de seu tronco lenhoso, Archaeopteris possuía outras adaptações modernas à interceptação de luz e talvez também à sazonalidade. O grande leque de frondes parece ter sido bastante otimizado para interceptação de luz no nível do dossel. Em algumas espécies, as pínulas eram moldadas e orientadas para evitar o sombreamento umas às outras. Há evidências de que folhas inteiras eram lançadas juntas como unidades únicas, talvez sazonalmente como a folhagem decídua moderna ou como árvores da família dos ciprestes, Cupressaceae.[7]

Archaeopteris sp. – reconstrução do Museu de Ciências MUSE, em Trento

A planta tinha zonas nodais que teriam sido locais importantes para o desenvolvimento posterior de raízes e galhos laterais. Alguns ramos eram latentes e adventícios, semelhantes aos produzidos por árvores vivas que eventualmente se transformam em raízes. Antes dessa época, raízes rasas e rizomatosas eram a norma, mas com Archaeopteris, sistemas radiculares mais profundos estavam sendo desenvolvidos que poderiam suportar um crescimento cada vez maior.[7]

Habitat

Evidências indicam que as Archaeopteris preferiam solos úmidos, crescendo perto de sistemas fluviais e em florestas de várzea. Teria formado uma parte significativa da vegetação do dossel das florestas primitivas. A respeito do surgimento da Archaeopteris no cenário mundial, Stephen Scheckler, professor de biologia e ciências geológicas no Instituto Politécnico da Virgínia, diz: "Quando a Archaeopteris apareceu, rapidamente se tornou a árvore dominante em toda a Terra. Em todas as áreas de terra que eram habitáveis, todos eles tinham essa árvore".[8]

Uma espécie, a Archaeopteris notosaria, foi descrita dentro do que era então o círculo antártico: folhas e estruturas férteis foram identificadas no lagerstätte de Waterloo Farm, no que hoje é a África do Sul.[9][10]

Scheckler acredita que Archaeopteris teve um papel importante na transformação de seu ambiente terrestre e fluvial.[11]

Parecendo mais ou menos com uma árvore de Natal, a Archaeopteris pode ter desempenhado um papel na transformação do clima da Terra durante o Devoniano antes de se extinguir em um curto período de tempo no começo do Carbonífero.[11]

Referências

  1. «Fossilized Roots Are Revealing the Nature of 385-Million-Year-Old Forests». Atlas Obscura. Consultado em 6 de novembro de 2022 
  2. Orlova, O. A.; Jurina, A. L.; Gordenko, N. V. (2011). «First finding of Archaeopteridaceae wood in the Upper Devonian deposits of the Middle Timan Region». Moscow University Geology Bulletin. 66: 341–347. Consultado em 6 de novembro de 2022 
  3. a b «Archaeopteris spp. (progymnosperm tree)». Devonian Times. Consultado em 6 de novembro de 2022 
  4. Beck, CB (1960). «The identity of Archaeopteris and Callixylon.». Brittonia. 12 (4): 351–368. JSTOR 2805124. doi:10.2307/2805124 
  5. a b Beck, CB (1962). «Reconstruction of Archaeopteris and further consideration of its phylogenetic position.» (PDF). American Journal of Botany. 49 (4): 373–382. JSTOR 2439077. doi:10.2307/2439077. hdl:2027.42/141981 
  6. Bateman, R.M.; Dimichele, W.A. (1994). «Heterospory - the most iterative key innovation in the evolutionary history of the plant kingdom» (PDF). Biological Reviews of the Cambridge Philosophical Society. 69 (3): 345–417. doi:10.1111/j.1469-185x.1994.tb01276.x. Consultado em 6 de novembro de 2022 
  7. a b Meyer-Berthaud, Brigitte; E. Scheckler, Stephen; Wendt, Jobst (1999). «Archaeopteris is the earliest known modern tree». Nature (398): 700–701. doi:10.1038/19516. Consultado em 6 de novembro de 2022 
  8. Steve Nix (ed.). «Archaeopteris - The First "True" Tree». Forestry. Consultado em 6 de novembro de 2022 
  9. W. Gess, Robert; K. Whitfield, Alan. «Estuarine fish and tetrapod evolution: insights from a Late Devonian (Famennian) Gondwanan estuarine lake and a southern African Holocene equivalent». Biological reviews of the Cambridge Philosophical Society. 95 (373). doi:10.1111/brv.12590. Consultado em 6 de novembro de 2022 
  10. Anderson,, H. M.; Hiller, N. and; Gess, R. W. «Archaeopteris (Progymnospermopsida) from the Devonian of southern Africa». Botanical Journal of the Linnean Society. 4: 305–320. doi:10.1111/j.1095-8339.1995.tb02593.x. Consultado em 6 de novembro de 2022 
  11. a b c «Earliest Modern Tree Lived 360-345 Million Years Ago». ScienceDaily. Consultado em 6 de novembro de 2022 

Ligações externas

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