Atila Jacomussi é filho de Admir Jacomussi,[4] político de longa trajetória na cidade de Mauá que já exerceu o cargo de vereador em dez mandatos.[5] Ingressou na política ao participar de movimentos estudantis como a União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES) e, posteriormente, da União Nacional dos Estudantes (UNE).[6]
Em 2004 participou de sua primeira eleição, concorrendo ao cargo de vereador em sua cidade natal, sendo eleito com 1,82% dos votos.[7] Quatro anos depois, Atila foi o vereador mais votado em sua primeira tentativa de reeleição, com uma porcentagem de 3,81%.[8] Concorreu ao posto de prefeito nas eleições de 2012, terminando em terceiro lugar com 12,39% dos votos válidos.[9] Apesar de crítico ao então prefeito Oswaldo Dias,[10] Atila declarou apoio ao petistaDonisete Braga, que foi eleito.[11]
Durante a gestão de Donisete, Atila foi superintendente da SAMA, autarquia de saneamento básico da cidade.[12][13] Em 2013, foi premiado como o melhor gestor de saneamento do Grande ABC.[6]
Em 2014 deixa a SAMA para concorrer à Assembleia Legislativa de São Paulo, onde conquistou apenas 0,30% dos votos, mas conseguiu ser eleito por meio do quociente partidário.[14] Foi o deputado estadual mais votado em Mauá, onde recebeu quase 39 mil votos.[15]
Nas eleições de 2016, Atila concorreu novamente ao cargo de prefeito, concorrendo contra o ex-aliado Donisete Braga, de quem declarou ter se arrependido de apoiar quatro anos antes.[16] Atila liderou a eleição no primeiro turno com 46,73% dos votos,[17] e foi eleito no segundo turno com 64,47%, desbancando o Partido dos Trabalhadores na administração municipal pela primeira vez em 20 anos.[18][19]
Atila concorreu à reeleição em 2020, mas apesar de ter terminado o primeiro turno à frente com 36,48% dos votos, foi derrotado por Marcelo Oliveira (PT), por uma diferença percentual de apenas 1,48%.[20]
Em 23 de fevereiro de 2021, Atila foi nomeado pelo vereador Sidney Cruz (Solidariedade) para o cargo comissionado de assistente especial legislativo na Câmara Municipal de São Paulo,[21] mas foi exonerado três dias depois por não possuir diploma de Ensino Superior, necessário para a posição.[22] No ano seguinte foi eleito para um segundo mandato de Deputado Estadual, recebendo 58.707 votos, sendo 41.076 em Mauá.[23] Suas contas foram reprovadas pelo TRE em dezembro de 2022.[24]
Em 9 de maio de 2018, a Polícia Federal deu início a Operação Prato Feito, que apurava fraudes em licitações que utilizavam recursos federais para a compra de merenda escolar.[32] Então prefeito de Mauá, Atila Jacomussi foi preso em flagrante pela PF, que encontrou a quantia de R$ 87 mil em éspecie em sua residência, sendo que R$ 80 mil estavam escondidos dentro de uma panela de pressão.[33][34][35]
Segundo a investigação, Atila teria sido o destinatário final de R$ 138 mil em propina do empresário Carlos Zeli Carvalho durante as eleições de 2016.[36] A quantia, intermediada por João Gaspar, na época assessor de Atila na ALESP e secretário de Governo e de Transportes de Mauá.[37] A contrapartida dos valores teria sido beneficiar empresas ligadas ao empresário em licitações municipais.[36] Três dias depois, o Tribunal Regional Federal da 3ª região decretou a prisão preventiva de Atila e João Gaspar.[38][39]
Em 14 de maio, a defesa de Atila entrou com um pedido de habeas corpus, alegando que o dinheiro apreendido tinha como origem o pagamento de aluguel de imóveis e a pensão por morte da ex-esposa do prefeito.[40] No mesmo dia, o diretório municipal do Partido dos Trabalhadores abriu um pedido de impeachment do prefeito, rejeitado por 22 votos a um na Câmara Municipal.[41][42] Um segundo pedido de impeachment foi protocolado pela Rede Sustentabilidade em 29 de maio, negado pelos parlamentares por 20 votos a dois.[43][44]
Por decisão do ministro Gilmar Mendes, Atila Jacomussi foi solto no dia 15 de junho.[33][45]
Operação Trato Feito
Atila foi o alvo principal de um desdobramento da Operação Prato Feito, que teve início em 13 de dezembro de 2018 e levou novamente à sua prisão preventiva.[46][47] A acusação é de que o prefeito recebia propina mensalmente de nove empresas fornecedoras da administração municipal, de acordo com a Controladoria Geral da União.[48][49] Em 26 de dezembro, o Superior Tribunal de Justiça manteve a prisão preventiva de Atila.[50] Em 30 de janeiro, ele foi denunciado por fraude em licitação e corrupção pelo Ministério Público Federal.[51] O prefeito foi libertado em 14 de fevereiro de 2019 após nova decisão de Gilmar Mendes.[52] O ministro do Supremo Tribunal Federal também manteve Atila no cargo de prefeito de Mauá.[53]
Impeachment
Um novo pedido de impugnação do mandato do prefeito foi protocolado pelo PT em 19 de dezembro de 2018, após a segunda prisão do chefe do executivo municipal.[54] Os partidos Novo, PSOL e PSL também protocolaram novos pedidos. Por 19 votos a favor e um contra (e uma absenção), a Câmara Municipal de Mauá abriu dois processos de impeachment contra Atila Jacomussi em 16 de janeiro de 2019.[55][56] No dia 18 de abril, o mandato do prefeito foi cassado por 16 votos a 5.[57] A decisão inicial tornou Atila inelegível até 2027.[58] A defesa de Jacomussi pediu a anulação da decisão, mas não obteve sucesso.[59]
Em setembro de 2019, no entanto, seu mandato foi devolvido por decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo.[60] Em 18 de abril de 2020, o STF rejeitou a cassação do mandato de Atila, que cumpriu o restante do mandato e teve seus direitos políticos restaurados.[61][62] As denúncias também não seguiram adiante.[63]