A Avenida Paulista é o mais importante e simbólico logradouro do município de São Paulo, o mais populoso e rico do Brasil. Está localizada no limite entre as zonas Centro-Sul, Central e Oeste; e em uma das regiões mais elevadas da cidade, chamada de Espigão da Paulista. Considerado uma das mais importantes vias e um dos principais centros financeiros da cidade, assim como também um dos seus pontos turísticos mais característicos,[2] a avenida revela sua importância não só como polo econômico, mas também como centralidade cultural e de entretenimento.
Pela Paulista todos os dias, movimentam-se milhares de pessoas oriundas de todas as regiões da cidade e de fora dela, é um dos lugares de São Paulo com a maior diversificação cultural possível. Além disso, a avenida é um importante eixo viário da cidade ligando importantes avenidas como a Dr. Arnaldo, Rebouças, 9 de Julho, Brigadeiro Luís Antônio, Bernardino de Campos, 23 de Maio, rua da Consolação e a Avenida Angélica. De acordo com a Associação Paulista Viva, a população residente na avenida era de 5 mil em 2014.[3]
História
Século XIX
A avenida foi criada no final do século XIX, a partir do desejo de paulistas em expandir na cidade novas áreas residenciais que não estivessem localizadas imediatamente próximo às mais movimentadas centralidades do período, por essa época altamente valorizadas e totalmente ocupadas, tais como a Praça da República, o bairro de Higienópolis e os Campos Elísios. A avenida Paulista foi inaugurada no dia 8 de dezembro de 1891, por iniciativa do engenheiro Joaquim Eugênio de Lima e do dr. Clementino de Sousa e Castro (na época Presidente do conselho de intendências da cidade de São Paulo, atual cargo de prefeito), para abrigar paulistas que desejavam adquirir seu espaço na cidade.[4]
Naquela época, houve grande expansão imobiliária em terrenos de antigas fazendas e áreas devolutas, o que deu início a um período de grande crescimento. As novas ruas seguiam projetos desenvolvidos por engenheiros renomados, e nas áreas mais próximas à avenida e a seu parque central os terrenos eram naturalmente mais caros que nas áreas mais afastadas; não havia apenas residências de maior porte, mas também habitações populares, casebres e até mesmo cocheiras em toda a região circundante. Seu nome seria avenida das Acácias ou Prado de São Paulo, mas Lima declarou: "Será Avenida Paulista, em homenagem aos paulistas".[carece de fontes?]
Joaquim Eugênio de Lima associou-se a João Borges de Figueiredo e João Augusto Garcia e iniciaram a compra de terrenos no espigão entre os rios Tietê e Pinheiros. Em 1890 adquiriram na rua Real Grandeza (depois avenida Paulista) dois terrenos de José Coelho Pamplona e de sua mulher Maria Vieira Paim Pamplona e no mesmo ano mais dois lotes de Mariano Antônio Vieira e de sua mulher Maria Isabel Paim Vieira. Depois adquiriram a Chácara Bela Cintra de Cândido de Morais Bueno. Toda a região local servia na época de passagem de boiadas a caminho do matadouro. O plano da avenida foi elaborado pelo agrimensor Tarquínio Antonio Tarant e, como deveria ser plana, exigiu o aterro de um vale na atual avenida Nove de Julho. A avenida Paulista tem cerca de três quilômetros de comprimento e doze metros de largura e é dividida em: uma parte para bondes, a do centro para carruagens e a outra para cavaleiros, todas ladeadas por daiélsios e rodriguzes. O piso carroçável era coberto por pedregulhos brancos. Foi inaugurada, juntamente com a linha de bondes, em 1891. O bonde elétrico chegou nove anos depois, em 1892. Em 1898 procedeu-se a uma reforma, com novo calçamento, derrubada de quatro fileiras de árvores e alargamento dos passeios, que foram arborizados com ligustruns e ipês.[5]
Em 20 de maio de 1927, seu nome foi alterado para avenida Carlos de Campos, homenageando o ex-presidente (governador) do estado, mas a reação da sociedade (que continuava a denominá-la "Paulista" apesar da mudança) e a Revolução de 1930 fez com que a avenida voltasse em 13 de novembro do mesmo ano a ter o nome com o qual foi criada e é conhecida até os dias de hoje.[4][6]
A avenida foi aberta seguindo padrões urbanísticos relativamente novos para a época: seus palacetes possuíam regras de implantação que, como conjunto, caracterizaram uma ruptura com os tecidos urbanos tradicionais. Os novos palacetes incorporavam os elementos da arquitetura eclética (tornando a avenida uma espécie de museu de estilos arquitetônicos de períodos e lugares diversos) e dos novos empreendimentos norte-americanos: estavam todos isolados no meio dos lotes nos quais se implantavam, configurando um tecido urbano, diferente do restante da cidade, que alinhava a fachada das edificações com a testada do terreno. Isso fez com que a avenida possuísse uma amplidão espacial inédita na cidade.[carece de fontes?]
A avenida Paulista foi a primeira via pública asfaltada de São Paulo, em 1909, com material importado da Alemanha, uma novidade até na Europa e nos Estados Unidos.[7]
Esse perfil estritamente residencial da avenida permaneceu até meados da década de 1950, quando o desenvolvimento econômico da cidade levava os novos empreendimentos comerciais e de serviços para regiões afastadas do seu centro histórico.[carece de fontes?]
Durante as décadas de 1960 e 1970, porém, e seguindo as diretrizes das novas legislações de uso e ocupação do solo, e a valorização dos imóveis incentivada pela especulação imobiliária, começaram a surgir naquele local os seus agora característicos "espigões" - edifícios de escritórios com 30 andares em média.[8]
Durante esse período, a avenida passou por uma profunda reforma paisagística. Os leitos destinados aos veículos foram alargados e criaram-se os atuais calçadões, caracterizados por um desenho branco e preto formado por mosaico português. O projeto de redesenho da avenida ficou a cargo do escritório da arquiteta-paisagistaRosa Grena Kliass, enquanto o projeto do novo mobiliário urbano da avenida foi assinado pelo escritório Ludovico & Martino.[carece de fontes?]
A avenida possui muitos restaurantes que recebem diariamente milhares de pessoas que moram e trabalham na região. Nela se localiza o conceituado Museu de Arte de São Paulo, o MASP, estabelecido na rua 7 de Abril, onde antes era o Belvedere Trianon, terreno doado para a prefeitura com a exigência de que a vista não fosse obstruída. O museu se instalou em sua nova sede em 7 de novembro de 1968, sendo inaugurada pela rainha do Reino Unido, Elisabeth II, na presença do então governador Roberto Costa de Abreu Sodré e dona Maria do Carmo de Abreu Sodré. A Feira de Antiguidades do MASP funciona desde 1979, sendo organizada pela Associação de Antiquários do Estado de São Paulo (AAESP) e ocorre no vão livre do museu, aos domingos, das 10h às 17h. Reúne artefatos e uniformes de guerra, condecorações, câmeras fotográficas, porcelanas, cristais, joias, pratarias, entre muitos outros artigos.[2]
Está localizado também na avenida o Parque Tenente Siqueira Campos, também conhecido como Parque Trianon. Possui faixas largas para pedestres e é servida pelas estações Brigadeiro, Trianon-Masp, Consolação (da Linha 2-Verde) e Paulista (da Linha 4-Amarela) do Metrô de São Paulo. Na Praça Oswaldo Cruz, onde tem início a avenida, no lado da Subprefeitura de Vila Mariana (o outro lado pertence à da Sé), existe uma bela escultura do Índio Pescador. Na Praça Marechal Cordeiro de Farias, no final da avenida, no seu centenário, em 1991, foi encomendada à artista plástica Lilian Amaral e ao Arquiteto Jorge Bassani, a escultura Arcos ou Caminho, (também chamada de Arco-íris metálico), composta por 12 arcos coloridos, seguindo uma sequência tridimensional que explora o espaço, o que permite passagem do público por entre os arcos. Há também a Praça do Ciclista, um espaço localizado no canteiro central da Avenida Paulista, entre a Rua Bela Cintra e a Rua da Consolação, e foi criada no ano de 2007 pelo então prefeito Gilberto Kassab.[9][10] Em 2017, foram inaugurados mais dois centros culturais: Japan House dedicado a cultura japonesa e o Instituto Moreira Salles.[11][12][13] Já em 2018 é reinaugurado o Sesc Avenida Paulista. Fechado em 2010 para reforma, a unidade foi idealizada pelos arquitetos Konigsberger e Vannucchi. A ação do Sesc na região é pioneira, onde atividades integradas de lazer, cultura e esporte eram realizadas desde a década de 1950 num antigo casarão localizado ao fim da avenida.[14]
No seu conjunto arquitetônico, possuía vários casarões de famílias tradicionais de fazendeiros ligados ao café, denominados por muitos, os Barões do café, assim como de novos ricos, em sua maioria de origem árabe e italiana. Porém, em realidade, a única Titulada do Império Brasileiro a residir na avenida, em casa projetada pelo arquiteto Victor Dubugras, em 1916 (nos dias de hoje endereço do polêmico Edifício Baronesa de Arary), foi a Baronesa de Arary, Maria Dalmacia de Lacerda Guimarães, filha do Barão de Araras e avó de Cesario de Lacerda Coimbra, genro de Horacio Sabino e neto de Cesário Cecílio de Assis Coimbra.[17][18] Poucos casarões ficaram, como é o caso da Casa das Rosas, uma obra do escritório do renomado arquiteto Ramos de Azevedo, para residência de sua filha, que atualmente é público, abrigando biblioteca e oferecendo exposições e lançamentos de livros.[carece de fontes?]
A Maison Dener não é tombada pelo Patrimônio Histórico e nem obtém um autor conhecido. Durante as décadas de 1960 e 1970, porém, foi lar do estilista Dener Pamplona de Abreu e, por isso, leva o seu nome. Por alguns anos, abrigou uma franquia do McDonald’s e uma agência bancária Santander.[22]
O número 1.811 da Avenida Paulista pertence à Casa das Uvaias, prédio que, por muitos anos, acolheu uma agência bancária da Bankboston, e posteriormente a agência bancária de luxo do Itaú Personalité.[23] Durante as festividades de fim de ano, a edificação costumava fazer parte da decoração natalina da região.[22][24]
O Edifício Anchieta, um projeto dos arquitetos Marcelo Roberto e Milton Roberto, de 1941, do conceituado escritório da Arquitetura Moderna Brasileira, o MMM Roberto, é o último da Avenida Angélica, com frente para a Avenida Paulista.[carece de fontes?]
É famosa também a antena do prédio da Fundação Cásper Líbero, sendo a maior e mais alta da avenida e que chama a atenção devido à sua iluminação amarelada. O mesmo prédio também é famoso por suas escadarias, pelo Teatro Gazeta, pela sede da TV Gazeta, da Gazeta FM, da Faculdade Cásper Líbero e pelo cinema Reserva Cultural.[25]
Na avenida também se localiza o Conjunto Nacional, complexo que abriga área comercial, com variado tipo de lojas, como a Livraria Cultura, a sede da Rede Jovem Pan de rádio, cinemas, e pontos de alimentação, assim como um prédio residencial. Abrange o quadrilátero da Avenida Paulista, rua Padre João Manuel, alameda Santos e Rua Augusta. Construído onde ficava o palacete residencial - igualmente projetado por Victor Dubugras ao redor de 1901 - da família de Horácio Sabino, cuja esposa, dona América Milliet Sabino, foi homenageada com a "Vila América", Jardim América como foi denominada, posteriormente, a região.[26]
Todos os anos são realizadas as festas de réveillon na avenida. Na passagem de ano para 2009, participaram cerca de 2,4 milhões de pessoas.[27] Foram mais de 15 minutos de espetáculo com fogos de artifício, os quais foram lançados de dois edifícios da avenida, cruzando-se no ar e formando um portal de luz para o início do ano de 2009.[28]
Anualmente, na Avenida Paulista ocorre também a Parada do orgulho LGBT de São Paulo, a maior do Brasil e considerado a maior do mundo. Atraindo milhares de pessoas do município e de outras regiões do país.[29]
A Corrida de São Silvestre ocorre tradicionalmente no dia 31 de dezembro, com saída em frente ao prédio da TV Gazeta, percorrendo várias ruas e avenidas do Centro da cidade, e retornando ao mesmo local, vindo da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, contando com a participação de atletas nacionais e internacionais.[30]
A Avenida Paulista é famosa por ter se tornado sede de manifestações na cidade. O ponto de encontro se fixou em 2013 nas manifestações que tomaram conta do Brasil, devido a insatisfação da população com o governo na época e suas medidas. Depois disso os eventos foram aumentando, com grupos atacando o prédio da FIESP, o MST acampando, entre outros protestos, de grande e pequeno porte, localizados na avenida.[31]
Espaço de lazer aos domingos
Após a criação do programa "Ruas de Lazer" pela prefeitura de São Paulo em 1976, a primeira tentativa de transformar a Avenida Paulista em área de lazer regular aos domingos ocorreu em setembro de 1982, através do programa "Domingo na Paulista", realizado pela secretaria da cultura do governo do estado de São Paulo.[32][33] Em 26 de setembro de 1982 ocorreu a primeira edição do programa, no trecho da avenida compreendido entre a Ruas Itapeva e Augusta, que atraiu vinte mil pessoas para assistirem a shows e apresentações teatrais. O único protesto contra a iniciativa veio da Associação dos Antiquários do estado, que alegou prejuízos aos seus associados que ocupavam o vão livre do Masp com a feira de antiguidades. O projeto acabou descontinuado algum tempo depois.[34]
No dia 25 de junho de 2016, o prefeito em exercício Fernando Haddad, publicou no Diário Oficial do município de São Paulo o decreto que oficializa a abertura da avenida como espaço de lazer aos domingos e aos feriados nacionais. Um dos símbolos da cidade, a avenida fica restrita a veículos das 10 às 19 horas e no documento oficial que permitiu a medida, inserida no programa "Ruas Abertas", outras ruas também devem ficar abertas, tornando os locais livres para lazer e cultura para pedestres e ciclistas.[35]
As pessoas vão a Paulista aos domingos para passear de bicicleta, skate, patins e até passear com os seus animais. Com isso, diminui-se o transporte privado, há um estímulo ao convívio das pessoas de diferentes jeitos, classes sociais e cultura em um só lugar, e à saúde, por propiciar que os transeuntes se exercitem. Além disso, também ocorrem eventos, como shows ao vivo, sendo a maioria gratuita.[36]
O decreto também terá sua eficácia monitorada por um comitê formado por organizações civis, sendo que o primeiro teste de fechamento da via se deu em junho de 2015, na inauguração da ciclovia no canteiro central da avenida.[35]
Como estratégia de remanejamento do trânsito, os ônibus são redirecionados para vias paralelas, como a Alameda Santos e a rua São Carlos do Pinhal; carros e motos seguem a mesma adequação. Moradores e clientes de alguns estabelecimentos têm a autorização de entrar e sair com seus carros dos prédios.[carece de fontes?]
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