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A palavra beduíno vem do árabebadawī, que significa "morador do deserto", e é tradicionalmente contrastada com ḥāḍir, o termo para pessoas sedentárias.[26]
Sociedade
Um aforismo beduíno amplamente citado é "Eu sou contra meu irmão, meu irmão e eu somos contra meu primo, meu primo e eu somos contra o estrangeiro", às vezes citado como "Eu e meu irmão somos contra meu primo, eu e meu primo somos contra o estrangeiro".[31][32] Este ditado significa uma hierarquia de lealdades baseada na proximidade de uma pessoa consigo mesma, começando consigo mesma e prosseguindo pela família nuclear, conforme definido pelo parentesco masculino, e então, pelo menos em princípio, para todo um grupo genético ou linguístico; que é percebido como semelhante ao parentesco no Oriente Médio e no Norte da África em geral. Disputas são resolvidas, interesses são buscados, e justiça e ordem são dispensadas e mantidas por meio dessa estrutura, organizada de acordo com uma ética de auto-ajuda e responsabilidade coletiva. A unidade familiar individual (chamada de tenda ou bayt) geralmente era composta por três ou quatro adultos (um casal mais irmãos ou pais) e qualquer número de filhos.[33]
O ethos dos beduínos compreende coragem, hospitalidade, lealdade à família e orgulho da ancestralidade. As tribos beduínas não eram controladas por um poder central, como um governo ou império, mas eram lideradas por chefes tribais. Alguns chefes exerciam seu poder partindo de oásis, onde mercadores organizavam o comércio através do território controlado pela tribo. A estrutura das tribos beduínas era mantida unida mais por sentimentos compartilhados de ancestralidade comum em vez de através de um chefe tribal no topo da hierarquia.[34]
Camelos, em particular, tinham vários usos culturais e funcionais. Tendo sido considerados um "presente de Deus", eles eram a principal fonte de alimento e método de transporte para muitos beduínos.[36] Além de seu extraordinário potencial de ordenha nas duras condições do deserto, sua carne era ocasionalmente consumida por beduínos.[37] Como tradição cultural, corridas de camelos eram organizadas durante ocasiões comemorativas, como casamentos ou festivais religiosos.[38]
Algumas sociedades beduínas vivem em regiões áridas. Em áreas onde a precipitação é muito imprevisível, um acampamento será movido irregularmente, dependendo da disponibilidade de pasto verde. Onde a precipitação de inverno é mais previsível em regiões mais ao sul, alguns povos beduínos plantam grãos ao longo de suas rotas de migração. Isso prova ser um recurso para o gado durante todo o inverno. Em regiões como a África Ocidental, onde há chuvas mais previsíveis, os beduínos praticam a transumância. Eles plantam perto de casas permanentes nos vales onde há mais chuva e levam seu gado para pastagens nas terras altas.[39]
Poesia oral
A poesia oral é a forma de arte mais popular entre os beduínos. Ter um poeta na tribo era altamente considerado na sociedade. Além de servir como uma forma de arte, a poesia era usada como um meio de transmitir informações e controle social.[40] A poesia beduína, também conhecida como poesia nabati, é frequentemente recitada no dialeto vernáculo. Em contraste, as formas mais comuns de poesia árabe são frequentemente em árabe padrão moderno.[41][42]
O hábito tradicional bem regulamentado das tribos beduínas de atacar outras tribos, caravanas ou assentamentos é conhecido em árabe como ghazw.[43] Um garoto que toma parte numa incursão torna-se um homem, e uma razia bem sucedida o tornaria o herói de todas as mulheres da tribo. Segundo a tradição, realizar incursões é o que o beduíno faz de melhor.[43] As incursões são uma habilidade, um exercício de astúcia e engenhosidade, sujeito a regras rígidas. Caso os incursores forem pegos e consentirem em devolver o que foi roubado, tudo é resolvido. No caso contrário, serão considerados traidores e as proteções invalidadas. Sangue raramente é derramado pois o costume da dívida de sangue tornaria uma incursão trivial em uma vendeta prolongada.[43] Incursões durariam por dias e ocorreriam contra tribos localizadas há quilômetros de distância.[43]
História
Os beduínos são originários da Arábia e, no século VII, durante as conquistas árabes, expandiram-se pelo Norte de África. Os beduínos, no século XXI estão organizados em tribos que falam a língua badawi e consideram-se descendentes dos árabes.[44]
Com suas caravanas, praticavam o comércio de vários produtos pelas cidades da região. Já as tribos coraixitas habitavam a região litorânea e viviam do comércio fixo. Na península Arábica, onde sempre viveram os grupos principais, as difíceis condições de vida no deserto geraram conflitos pelo uso de poços de água e pastagens, levando bandos de beduínos a eventuais ataques a caravanas e outras formas de roubo contra vizinhos e forasteiros.[carece de fontes?] Na difícil vida no deserto, o camelo é fundamental para a sua sobrevivência. Além de meio de transporte, o animal fornece leite, carne e a pele.
Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o estilo de vida desse povo começou a modificar-se. Submetidos ao controle dos governos dos países onde viviam, eles passaram a enfrentar dificuldades para perambular à vontade como nómadas. O número de beduínos diminuiu, e hoje o estilo de vida deles é cada vez mais sedentário.[carece de fontes?] Entretanto, a fervorosa adesão ao islamismo e o caráter tribal das sociedades permanece. Cada grupo reúne várias famílias sob a liderança máxima de um chefe hereditário (xeque). As várias tribos também têm estatuto diferente. Algumas são consideradas "nobres", porque teriam ancestrais importantes. Outras, "sem ancestrais", servem às de maior status, com seus membros atuando como artesãos, ferreiros, artistas ou fazendo outros tipos de trabalho.
↑Project, Joshua. «Rashaida in Eritrea». joshuaproject.net (em inglês). Consultado em 9 de outubro de 2022
↑«Eritrea», Central Intelligence Agency, The World Factbook (em inglês), 17 de fevereiro de 2022, consultado em 2 de março de 2022
↑Correia, Paulo (Outono de 2012). «Etnónimos, uma categoria gramatical à parte?»(PDF). Direção-Geral de Tradução da Comissão Europeia. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias (40): 28. ISSN1830-7809. Consultado em 28 de julho de 2024