"Boituva" é um vocábulo de origem tupi que, segundo Silveira Bueno e Eduardo de Almeida Navarro, significa "local de muitas cobras", "ajuntamento de cobras". Da língua tupi mboy, mboîa: cobra; e tyba: grande quantidade, abundância, ajuntamento[5].
Populações agricultoras e ceramistas só teriam alcançado a região no início da Era Cristã, aparentemente. Segundo algumas fontes primárias do período colonial, as terras do médio curso do rio Tietê seriam habitadas pelos Guaianá (ou Guaianazes) e Carijó, povos falantes de idioma relacionado aos troncos Macro-Jê e Tupi-Guarani, respectivamente[9]. Segundo consta, a região era conhecida como M’Boituva por indígenas falantes de idiomas tupi-guarani, nome ligeiramente modificado e que seguiu em uso até os dias atuais[10].
A partir do século XVIII, a região provavelmente era atravessada de forma ocasional por viajantes que faziam o trajeto entre as vilas de Porto Feliz e Sorocaba. Da mesma forma, Boituva abrigava ranchos, pousadas para viajantes, fazendas e sítios ao longo dos caminhos terrestres e nas proximidades de cursos d’água como o rio Sorocaba e o Ribeirão Pau D’Alho. Alguns mapas do período colonial e da primeira metade do século XIX indicam que essas ocupações estavam distribuídas pelos bairros Corumbá, Pau D’Alho, Sítio Grande e Pinhal. De fato, há registro de diversas sesmarias na região de Boituva ao longo do século XVIII, sendo José de Campos Bicudo um dos primeiros a receber terras em 1726. Outra grande sesmaria concedida em Boituva, esta no ano de 1766, pertenceu a João Fernandes Maciel[10].
Identificado em 2021, o sítio arqueológico Vale Verde é um exemplo desse processo de ocupação rural ocorrido na região, o qual se estendeu por todo o século XIX e início do XX. Além de fragmentos de louças, cerâmicas, vidros e telhas, o sítio Vale Verde também conta com alguns poucos vestígios de uma ocupação indígena anterior, provavelmente relacionada ao período em que Guaianazes e Carijós ainda habitavam as terras de M’Boituva[11].
Por sua vez, a formação do município de Boituva é parte do processo de mudança da economia do estado de São Paulo para a produção de café e implantação de uma malha ferroviária para a exportação desta mercadoria. O local onde se formou o núcleo povoador que daria origem à cidade teve origem na propriedade de João Rodrigues Leite, que foi doador do terreno em que a Estrada de Ferro Sorocabana construiu, em 1882, a estação ferroviária e suas dependências[10][12]. Entre 1882 e 1889, a estação de Boituva foi a última parada do ramal ferroviário, sendo posteriormente transformado em ponto de partida do ramal de Tatuí – mais tarde conhecido como ramal de Itararé, o segundo maior da E. F. Sorocabana e que seguia em direção ao estado do Paraná[12]. Nos arredores da estação de Boituva começaram a se fixar funcionários da ferrovia e a serem construídos armazéns de abastecimento e demais edificações de apoio ao transporte de carga e passageiros e para os novos moradores do local, como alguns pequenos hotéis, restaurantes, pensões e outros comércios[10].
Nesse período já havia grandes propriedades cafeicultoras na região, até então em terras sob administração dos municípios de Sorocaba e Porto Feliz. De acordo com a história oficial de Boituva, alguns dos fazendeiros mais notáveis foram Eugênio Corte Real, Nicolau Vercelino, Coronel José de Campos Arruda Botelho e suas famílias. Coube ao Coronel Arruda Botelho a criação do distrito policial local, transferindo a freguesia de Boituva da paróquia de Porto Feliz para a de Tatuí, o que também motivou a criação de um distrito de paz[10].
De todo modo, o distrito de Boituva só foi criado oficialmente em 1906, pertencendo nesse momento a Porto Feliz. Curiosamente, apesar do protagonismo da ferrovia na formação de Boituva, a ligação ferroviária entre o então distrito e o centro urbano de Porto Feliz só foi concluída em 1920, sendo até então ligados somente por caminhos de terra[12]. A criação do município se deu na década de 1930, com o Decreto Estadual n° 3.045, de 6 de setembro de 1937, sendo instalado em 1938[13].
Alguns anos antes, em 1933, foi construído uma nova estação ferroviária em Boituva no lugar do prédio original de 1882. Data desse período a progressiva diminuição do uso da linha e da estação, entretanto, culminando na desativação da ligação ferroviária entre Porto Feliz e Boituva em 1962. Após o encerramento das atividades da estação de Boituva, a construção serviu diversas funções ao longo das décadas de 1990 e 2000[12]. Sendo uma das mais significativas construções históricas de Boituva, a estação foi alvo de obras de restauro em 2020[14].
Paraquedismo e balonismo
O município de Boituva é nacionalmente reconhecido como um polo para as práticas de paraquedismo e balonismo[15]. Por conta dessa reputação, a cidade de Boituva sediou alguns eventos ligados à essas duas práticas, incluindo duas edições do Campeonato Brasileiro de Balonismo:
Além disso, o município têm se tornado um grande polo para o paraquedismo e balonismo turístico, atingindo um marco histórico no ano de 2021, data em que a cidade completou 50 anos do início das práticas de paraquedismo, que ocorreu em 1971. O Projeto de Lei 7.387/2017, de autoria do deputado federal Capitão Augusto, tem como objetivo condecorar a cidade com o título de Capital Nacional do Paraquedismo e do Balonismo Turístico.[19]
Comunicações
A cidade foi atendida pela Companhia Telefônica Brasileira (CTB) até 1973[20], quando passou a ser atendida pela Telecomunicações de São Paulo (TELESP), que construiu a central telefônica utilizada até os dias atuais. Em 1998 esta empresa foi privatizada e vendida para a Telefônica[21], sendo que em 2012 a empresa adotou a marca Vivo[22] para suas operações de telefonia fixa.
↑IBGE (junho 2018). «Área da unidade territorial». Área territorial brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Consultado em 17 de Setembro de 2018
↑ ab«Estimativa populacional 2019 IBGE». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 28 de agosto de 2019. Consultado em 14 de setembro de 2019
↑«IDHM Municípios 2010». Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 17 de Setembro de 2018
↑«Sítio Colina da Castelo 4». Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 2007. Consultado em 30 de agosto de 2022
↑«Sítio Colina da Castelo 5». Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 2007. Consultado em 30 de agosto de 2022
↑Nimuendajú, Curt (2017). «Mapa Etno-histórico do Brasil e Regiões Adjacentes». Inventário Nacional de Diversidade Linguística. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Consultado em 30 de agosto de 2022
↑ abcde«Cidade. Nossa História». Prefeitura Municipal de Boituva. Prefeitura Municipal de Boituva. Consultado em 30 de agosto de 2022
↑«Sítio Vale Verde». Sistema de Integrado de Conhecimento e Gestão. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 2021. Consultado em 30 de agosto de 2022
↑ abcdeGiesbrecht, Ralph (2021). «Estação Boituva». Estações Ferroviárias do Brasil. Consultado em 30 de agosto de 2022
↑«Cidades. História & Fotos. Boituva». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2017. Consultado em 30 de agosto de 2022