Canção do Expedicionário é o título de uma música composta por Spartaco Rossi com letra de Guilherme de Almeida. Foi originalmente interpretada pelo cantor Francisco Alves, e se tornou mais conhecida que o próprio hino oficial da Força Expedicionária Brasileira (FEB), nome das tropas que lutaram na Europa durante a II Guerra Mundial.[1]
O poema de Almeida não foi todo ele musicado por Rossi, e o lançamento da gravação se deu em 8 de setembro de 1944, sendo executada pela Orquestra Odeon (da gravadora) sob o maestro Fon-Fon.[1] Vencedora de um concurso feito por um jornal, tornou-se um dos maiores sucessos no ano de 1944 e passou a fazer parte obrigatória dos repertórios de bandas de música e de canto orfeônico do Brasil.[2]
Contexto histórico
Mesmo antes de o Brasil entrar na guerra já várias canções exaltavam o país e sua capacidade de reagir a uma agressão; depois que o país ingressou finalmente nas lutas ao lado das nações Aliadas, em 22 de agosto de 1942, outras canções surgiram com nítido teor patriótico.[3]
Autores
O maestro Spartaco Rossi compôs mais de duzentas peças, a maioria de cunho nacionalista como esta que adicionou a melodia aos versos de Almeida, e outras como a Sinfonia da Pátria.[3]
Guilherme de Almeida escrevera os versos para um concurso promovido pelo jornal paulistano Diário da Noite, que escolheria uma canção para homenagear os "pracinhas" da FEB na Itália; a 26 de dezembro de 1960, Guilherme de Almeida escreveu um artigo pela inauguração do Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, onde deu sua versão para a criação dos versos: "Era já a madrugada de 8 de março de 1944 quando escrevi a última sextilha da 'Canção do Expedicionário'. (...) Apenas uma rapsódia. Mapa lírico do Brasil: fragmentos de canções do povo, com que o 'pracinha' – o novo, desconhecido soldado dos Exércitos Aliados – havia de apresentar-se a gentes outras, terras de outrem, dizendo: Você sabe de onde eu venho? (...) Isso cantaram os 'pracinhas' lá longe, no estrangeiro. Isso, na Guerra, foi eco ao longo dos seus passos. Canto e eco que por lá então emudeceram à flor dos lábios e sob os pés de um punhado deles..."[2]
Letra
Os versos de Almeida, na versão completa do poema, trazem referências ao Hino Nacional Brasileiro, a versos do poeta Gonçalves Dias e da obra de José de Alencar, além de menções a canções bastante populares, como Meu Limão, Meu Limoeiro, Luar do Sertão, Feitio de Oração, Casinha Pequenina, Casa de Caboclo, etc.[2]
Uma característica da letra é a repetição e ênfase de palavras com a letra "v", bastante frequente ali: "V" da "vitória", "volte", "leve", "divisa", etc.[2]
Excerto
O refrão da "Canção" diz o seguinte:[1]
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Análise e crítica
Ao contrário do que declarou em 1960 Guilherme de Almeida, o sucesso da canção foi maior no próprio Brasil do que na Europa; diversos relatos dão conta de que a canção não era por lá muito ouvida por ser de "difícil execução".[2]
Impacto cultural
Os versos "por mais terras que eu percorra / não permita Deus que eu morra / sem que volte para lá" foram utilizados num cartaz de campanha pelo retorno ao país dos exilados da Ditadura Militar de 1964, na década de 1970.[3]
Ver também
Referências