Carlos Galhardo
Carlos Galhardo, nascido Catello Carlos Guagliardi[1] (Buenos Aires, 24 de abril de 1913[1] — Rio de Janeiro, 25 de julho de 1985[2]) foi um dos principais cantores da Era do Rádio.[3][4][5] No total, Carlos gravou 303 discos de 78 rpm entre 1933 (início de sua carreira) e 1963 (quando este tipo de disco parou de ser produzido), totalizando 606 músicas. É, portanto, o segundo cantor mais gravado do Brasil, atrás apenas de Francisco Alves. Ambos ocupam, na mesma ordem, o topo de outro ranking: o de cantores que mais gravaram músicas de carnaval.[6] Além da música, Carlos se dedicava ao turfe, tendo sido dono de diversos cavalos vencedores.[6] Era torcedor do America Football Club.[7] Infância e carreira como alfaiateFilho de italianos, Pietro Guagliardi e Saveria Novelli, teve três irmãos; dois nascidos na Itália e uma no Rio de Janeiro. Dois meses depois de seu nascimento, a família mudou-se para São Paulo, e três meses depois, para o Rio de Janeiro.[1] Aos oito anos de idade, sua mãe morre e o pai se casa novamente, tendo outros cinco filhos (todos nascidos no Rio). A esta altura, a família residia no bairro do Estácio, na Rua Laura de Araújo.[1] Alguns meses depois da morte da mãe, Catelllo foi morar com um tio-avô no mesmo bairro e aprendeu o ofício de alfaiate. Aos quinze anos torna-se já um oficial, apesar de não gostar do ofício. Chega até a abandonar os estudos (completou o primário) para dedicar-se à profissão. Quando Getúlio Vargas tomou o poder, ele contratou a alfaiataria onde Catello trabalhava para confeccionar-lhe um jaquetão, e coube ao então futuro cantor tirar as medidas do novo presidente e criar a peça de roupa.[8] Passou por várias alfaiatarias e numa delas trabalhou com o barítono Salvador Grimaldi, com quem costumava ensaiar duetos de ópera. Carreira musicalApesar de em casa e para amigos cantarolar cançonetas italianas e árias de ópera, sua carreira iniciou em uma festa na casa de um irmão no dia 1 de outubro de 1932, onde encontravam-se presentes personalidades como Mário Reis, Francisco Alves, Lamartine Babo, Jonjoca e, ali, cantou para os convidados "Deusa", de Freire Junior, canção do repertório de Francisco Alves - este último ficou incumbido de dar a palavra final, que se limitou a um "É, leva jeito...".[9] Frustrado com a recepção fria, Catello voltou a focar no ramo da alfaiataria. Contudo, uma das convidadas da festa contou do cantor a um amigo de Bororó e, através deste, Catello conseguiu uma oportunidade na Rádio Educadora do Brasil onde cantou "Destino", de Nonô e Luís Iglesias. No dia seguinte foi procurado e convidado a fazer um teste na RCA Victor. Aprovado, passa a fazer parte do coro que acompanhava as gravações da gravadora.[10] Não se sabe ao certo o momento exato, tampouco o motivo pelo qual Catello passou a adotar o nome artístico Carlos Galhardo, mas este nome já era utilizado por ele desde o seu primeiro disco solo,[11] lançado em 1933, com os frevos "Você Não Gosta de Mim", dos Irmãos Valença; e "Que É Que Há?", de Nelson Ferreira.[12] Conhecendo o compositor Assis Valente, gravou muitas canções suas tais como "Para Onde Irá o Brasil", "É Duro de Se Crer"[12] (em dueto com Carmen Miranda), "Pra Quem Sabe Dar Valor" e "Boas Festas", esta última seu primeiro grande sucesso.[12] Em 1934, registrou seu primeiro sucesso carnavalesco: "Carolina", de Bonfiglio de Oliveira e Hervé Cordovil.[13] Passou cantando por várias emissoras de rádio do Rio de Janeiro, tais como: Mayrink Veiga, Rádio Clube, Philips, Sociedade, Cruzeiro, Cajuti, Tupi, Nacional e Mundial.[14] Em 1934, foi da RCA para a Columbia a convite de Moacyr Fenelon. Pela nova gravadora, lançou onze discos, emplacando dois sucessos: "Mariana" (1935), de Bonfiglio de Oliveira e Lamartine Babo; e "Cortina de Veludo" (1936), de Paulo Barboza e Osvaldo Santiago.[15] Posteriormente, voltou à RCA Victor, onde permaneceu por 35 anos.[16] Em sua carreira, além da RCA Victor e da Columbia gravou também na Odeon e Continental. Além das canções carnavalescas, Galhardo cantou temas de datas festivas, a exemplo: "Boas festas", "Boneca de Papai Noel" (Ari Machado) e "Lá no céu" (Silvino Neto), "Não mudou o Natal" (Alcyr Pires Vermelho e Oswaldo Santiago) para o Natal; "Bodas de prata" (Mário Rossi e Roberto Martins) para a celebração de mesmo nome, "Mãezinha querida" (Getúlio Macedo e Lourival Faissal), "Imagem de mãe" (Othon Russo e José Nunes), "Dia das mães" (José Cenília e Lourival Faissal), "Aniversário de mãezinha" (Mário Biscardi e Newton Teixeira) e "Mamãezinha" (José Selma, Lourival Faissal e Maurício das Neves) para o Dia das Mães; "Papai do meu coração" (Lindolfo Gaya e Osvaldo dos Santos) para o Dia dos Pais; "Tempo de criança" (Ari Monteiro e Osvaldinho) para o Dia das Crianças; "Subindo, vai subindo" (Osvaldo e Valfrido Siva), "Olha lá um balão" (Roberto Martins e Wilson Batista), "Balão do amor" (Armando Nunes e Geraldo Serafim) para as festas juninas; "Valsa dos noivos" (Sivan Castelo Neto e José Roberto Medeiros), "Para os noivos", "Brinde aos noivos", "Valsa dos padrinhos" para noivos, Valsa dos namorados (Silvino Neto) para o Dia dos Namorados; "Quarto centenário" (J. M. Alves e Mário Zan) para o aniversário de São Paulo; "Dentro da lua" e "23 de abril" (ambas de Ari Monteiro e Roberto Martins) para o dia de São Jorge; e a "Canção do trabalhador" (Ari Kerner) para o Dia do Trabalhador. Em 1945, grava juntamente com Dalva de Oliveira e Os Trovadores, a adaptação de João de Barro para a história infantil Branca de Neve e os sete anões, com canções de Radamés Gnattali. Em 1952, passa um ano apresentando-se em Portugal. Em 1953 a Revista do Disco deu-lhe o slogan "Rei do disco". Também ficou conhecido como "O rei da valsa", título dado pelo apresentador Blota Júnior e "O cantor que dispensa adjetivos". Daí pra frente começou a apresentar-se por todo o Brasil, inclusive através da televisão. Nos anos 1960 e 1970, enfrentou o mesmo problema que outros cantores de rádio da época: a substituição gradual do rádio pela televisão como principal meio de comunicação, o declínio das boates e as investidas da ditadura militar contra artistas considerados "comunistas".[2] Neste período, ele lutou pelo direito dos intérpretes, defendendo leis que garantissem os direitos destes no que dizia respeito à venda de discos. Em 1966, a lei nº 4 944 foi promulgada e mais tarde regulamentada pelo decreto nº 61 123 de 1 de agosto de 1967.[2] Depois, Carlos se tornou presidente-executivo da Socimpro (Sociedade Brasileira de Administração e Proteção dos Direitos Intelectuais).[2] Em 1983, fez a sua última apresentação no espetáculo Allah-lá-ô, de Ricardo Cravo Albin, dedicado ao compositor Antônio Nássara, realizado na Sala Funarte-Sidney Miller. Carlos Galhardo morreu em 25 de julho de 1985, com 72 anos,[2] e foi sepultado no Cemitério São João Batista. Ao lado de Francisco Alves, Orlando Silva, Vicente Celestino e Sílvio Caldas, formou o quadro dos grandes cantores da era do rádio.[17] Principais sucessos[segundo quem?]
FilmografiaAdaptado da fonte:[18]
Referências
Bibliografia
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