Associação de direito privado sem fins lucrativos, de caráter representativo, assistencial, social, cultural, esportivo e recreativo, com atuação em todo território nacional.
O Clube Militar, fundado em 26 de junho de 1887, é uma associação de direito privado sem fins lucrativos, de caráter representativo, assistencial, social, cultural, esportivo e recreativo, localizado no Rio de Janeiro e com atuação em todo território nacional.
Com o fim da Guerra do Paraguai e as crises e conflitos militares que se espalhavam pelo país, a classe militar via a necessidade de buscar uma maior organização para um melhor debate e defesa de seus interesses. No dia 2 de junho de 1887, na casa do major Serzedelo Correia, se reuniram oficiais da marinha e do exercito no que seria uma das primeiras reuniões preparatórias para a criação do Clube Militar.[3][4]
No dia 26 de junho de 1887, em uma sala no clube naval, cedida pelo presidente do clube, Custódio José de Mello, foi realizada a assembleia que criou oficialmente o Clube Militar. A assembleia de 26 de junho foi realizada sob a presidência de MarechalJosé Antônio Correia Câmara, e secretariada por Custódio de Mello e pelo Tenente Coronel Carlos Frederico da Rocha, na qual o Visconde de Pelotas proferiu elogios a Deodoro e encerrou conclamando os presentes a, de pé, aclamarem o Marechal Deodoro presidente do Clube Militar.[5][6]
Em outubro de 1887, o presidente do Clube Militar, Marechal Deodoro da Fonseca escreveu uma carta destinada à princesa regente dona Isabel, contra o emprego de soldados na captura de escravos fugitivos, e afirmando que o Exército não se prestava ao papel de “capitão-do-mato”.[8]
Proclamação da República
A insatisfação dos militares para com o império já vinha de longe; entre os anos de 1883 e 1887 ocorreu a chamada Questão Militar, uma série de conflitos entre militares e políticos do império que acabou acirrando ainda mais a rixa entre militares e monarquistas.[9][10]
No dia 9 de novembro de 1889 o corria no Clube Militar, sob a presidência de Benjamin Constant, pois Deodoro estava doente, uma reunião para tratar das desavenças com o visconde de Ouro Preto, na reunião, Benjamin Constant criticou duramente os atos do governo acusando-o de hostilidades contra o exercito e pediu aos demais membros do clube plenos poderes para "tirar a classe militar de um estado de coisas incompatível com a honra e a dignidade"; sem saber da conspiração que se passava no Clube Militar, o imperador D.Pedro II festejava em um grande baile na Ilha Fiscal no que ficou conhecido como último baile do império.[5][11]
Em meio a insatisfação popular com as medidas do governo que levaram a uma série de protestos que ficaram conhecidos como Revolta da Vacina, o vice-presidente do Clube Militar, Tenente-Coronel Lauro Nina Sodré e Castro, com o apoio de parte da diretoria do clube e sem o conhecimento do presidente do clube, orquestrou uma série de ataques para derrubar o presidente Rodrigues Alves, após graves confrontos que levaram a morte do General Travassos e a prisão do Major Gomes de Castro pelo seu comandante Hermes da Fonseca o golpe contra o presidente Rodrigues Alves foi derrotado. Logo depois o tenente coronel Lauro Nina Sodré e Castro reassumiu o cargo de vice-presidente do Clube Militar.[15][16][17]
O petróleo é nosso
O Clube Militar fez forte presença na campanha "O petróleo é nosso", a maioria dos sócios, nacionalistas, defendiam o monopólio do petróleo e a criação da Petrobras. Tinha ainda aqueles que se opunham a criação da Petrobras e defendiam a abertura da exploração de petróleo para o mercado estrangeiro, como é o caso do General Juarez Távora, que fazia contraste com o General Horta Barbosa que defendia o monopólio estatal.[18][5][19]
Golpe de Estado no Brasil em 1964
O Clube Militar foi um importante apoiador do movimento que deu início a ditadura militar brasileira; em meio a acusações de um golpe comunista por parte de João Goulart que estava em viagem oficial à China no momento da renúncia de Jânio Quadros, o exército, com o apoio do Clube Militar, impediu Jango de voltar ao Brasil, e após um período de negociação, foi permitido seu retorno ao país com a mudança para um regime parlamentarista. Um plesbicito, em 1963, restaurou o regime presidencialista. Logo depois, com as elites e a classe média conservadora temendo que um golpe comunista estivesse próximo, ocorreu no Rio de Janeiro a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, manifestação interpretada pelos militares como um aval popular para a deposição de João Goulart. Com o apoio de parte classe média e da Igreja Católica, em 15 de abril de 1964, o golpe militar levou ao poder Castello Branco, que ao assumir o cargo de Presidente do Brasil declarou que iria permanecer no poder até que o suposto risco comunista fosse cessado no Brasil, assim caracterizando o Golpe Militar de 1964.[20][21]
No dia seguinte ao golpe militar as sedes do Clube Militar foram atacadas por manifestantes pro Jango, sendo os manifestantes afastados com tiros para o alto.[22][23]
Nova República
No dia 19 de fevereiro de 2021, o Clube Militar emitiu uma nota assinada pelo general da reserva Eduardo José Barbosa, posicionando-se contra a prisão do deputado Daniel Silveira por divulgar ataques ao STF, e apresentando outros questionamentos. O clube declarou que "parcela da população tem saudades do Regime Militar instaurado a partir de 1964" e alegou que deputado foi preso por ser apoiador do presidente Jair Bolsonaro. Aloizio Mercadante respondeu que o Clube Militar merece uma "resposta vigorosa (...) é dever de todos os democratas a construção de uma ampla frente democrática para combater o fascismo e fazer uma defesa incondicional do estado de direito (...) A democracia é um sistema tão flexível e generoso, que até os que a negam e que a agridem cotidianamente podem se eleger presidente ou deputado.[24]