Colônia de exploração e povoamento Nota: Este artigo é sobre conceito historiográfico dual que explica o destino diferente das colônias. Para outros significados, veja Colonialismo de ocupação.
A tese das colônias de povoamento e exploração é, na historiografia do colonialismo, uma separação conceitual entre as colônias destinadas à habitação permanente dos colonos e aquelas colônias destinadas somente a extração de recursos. A divisão é utilizada para explicar o destino diferente das colônias após a descolonização: as de povoamento, cujos recursos permaneceram no território colonial, tornar-se-iam os países ricos do Novo e Novíssimo Mundo, enquanto as de exploração, cujos recursos materiais seriam transferidos para as metrópoles, além da presença da escravidão e outros sistemas opressivos, seriam hoje regiões subdesenvolvidas. HistoriografiaReferências primitivas à ideia encontram-se na obra de Adam Smith. Em seu A Riqueza das Nações de 1776, escrito contemporaneamente à Revolução Americana, Smith baseia-se na oposição do conceito de colônia na Roma antiga (colonia) e o grego apoikia (αποιχια). Segundo ele, a colônia romana é praticamente uma plantation moderna, enquanto o modelo grego pressuponha um distanciamento físico, representado pela maior independência política das colônias gregas.[1] as colônias que foram esquecidas pelos colonizadores se sairiam melhor, enquanto a maior atenção que a Coroa espanhola devotava às suas colônias americanas lhes eram prejudiciais.[2] O primeiro autor a fazer uma tipologia completa dos tipos de colônias, trazendo essa divisão, foi o historiador alemão Arnold Herrmann Ludwing Heeren. Em um livro publicado em 1812, Heeren separa as colônias em quatro tipos: aquelas de povoamento e exploração, além das de mineração e mercantil.[2] Seu aluno, Wilhelm Georg Friedrich Roscher, integraria as colônias de mineração às de exploração e acrescentaria ainda outro tipo: as colônias de conquista, voltadas a exploração dos nativos.[2] Pierre Paul Leroy-Beaulieu, um apologista da colonização francesa, reconhece em sua obra de 1902 três tipos: povoação, exploração e os entrepostos ou feitorias (comptoirs de commerce), tais como Hong Kong ou Cingapura.[2] Leroy-Beaulieu foi uma das principais influências do teórico brasileiro Caio Prado Júnior.[3] Em sua obra Formação do Brasil Contemporâneo de 1942, Caio Prado distingue que o povoamento nas zonas temperadas, como no norte da América, que se deu por motivos diversos do projeto colonial, como os refugiados religiosos, além do excedente populacional da Inglaterra.[4] Já nas zonas tropicais, os europeus só viriam para comandar o trabalho de outros (primeiramente indígena, mas depois também importado da África). Como parte do pacto colonial, toda a produção e investimentos feitos no Brasil teriam como objetivo unicamente a exportação, com correspondente desvalorização do mercado interno.[4][2] A divisão dualista entre colônias de exploração e povoamento foi consagrada nos livros didáticos brasileiros, voltados para o ensino de história no ensino médio. Nestas obras, é comum apresentar um conjunto de características relacionadas às duas tipologias clássicas, como por exemplo no quadro demonstrativo abaixo:[5]
O historiador Leandro Karnal, em livro sobre a história dos Estados Unidos, vai dizer que a divisão das colônias de povoamento e exploração é tão fantasiosa quanto a doutrina do destino manifesto na consciência americana.[6] Posteriormente, Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson, principais autores da teoria do institucionalismo do desenvolvimento econômico, métodos econométricos modernos, buscaram medir o impacto das formas diferentes de colonização nas estatísticas sócio-demográficas das sociedades contemporâneas. Os autores concluem pela divisão entre "Estados extrativistas", que seriam equivalentes às colônias de exploração, e outros que reproduziriam as instituições europeias.[2] Referências
Bibliografia
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