Concentração (futebol)A Concentração, também chamada de Regime de Concentração,[1] na linguagem do futebol, é uma espécie de regime de clausura a que são submetidos os atletas antes dos jogos.[2] Ela tem como premissas, na teoria, o descanso e a alimentação regrada dos atletas.[2] Conforme Toledo (2000, p.155), as concentrações eram “supostamente designadas como ‘terapias coletivas’ para equilibrarem o estado emocional dos jogadores, apartando-os de outros estímulos e contatos extra futebol, por horas, às vezes dias, antes das partidas oficiais.”[3] Este Regime de Concentração, para atletas de futebol, está previsto em lei: O artigo 7º, da Lei nº 6.354/76, dispõe que "o atleta será obrigado a concentrar-se, se convier ao empregador, por prazo não superior a 3 (três) dias por semana, desde que esteja programada qualquer competição amistosa ou oficial, e ficar à disposição do empregado quando da realização de competição fora da localidade onde tenha sua sede."[4] Assim, percebe-se que o período de concentração a que o atleta fica submetido, não gera o direito a horas extras, já que não se equipara ao tempo em que o empregado permanece à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens.[5][6] Como FuncionaNormalmente os atletas se reúnem 1 ou 2 dias antes dos jogos, num local mais reservado (que pode ser a sede do clube ou um hotel), onde é feita uma preparação intensiva para jogos importantes ou campeonatos. Esta preparação é feita através de palestras técnicas e motivadoras,[7] treinos táticos, reuniões, acompanhamento medico, psicológico e de todos os profissionais envolvidos diretamente com o grupo. Evitam-se contudo, contatos íntimos com familiares ou qualquer outro que possa interferir emocionalmente no desempenho do atleta.[8] No entanto, é muito comum ouvir notícias de atletas que fugiram dessas concentrações.[1] Às vésperas da Copa de 1986, por exemplo, o lateral Leandro e o atacante Renato Gaúcho fugiram e só voltaram de madrugada para a Toca da Raposa, concentração da Seleção de Telê Santana. Por conta disso, Renato foi cortado, e Leandro renunciou à sua vaga.[2] Fim da Concentração - Uma TendênciaO Fim da Concentração parece ser uma tendência no futebol mundial.[9] Os técnicos e dirigentes passaram a enteder que psicologicamente, é melhor para um atleta passar a noite em casa, com a família, do que enfurnados em um hotel. "Ninguém gosta de concentrar. Dormir com a família é muito melhor do que ficar 30 homens dormindo aqui no centro de treinamento"[10]
Levir Culpi, em 2015, sobre as vantagens de se abolir a concentração Além disso, com o fim da concentração, o clube tem menos gastos também. Segundo uma reportagem do jornal Gazeta do Povo, "abolir as concentrações pré-jogo representaria uma economia de até R$ 1 milhão anual aos cofres dos clubes brasileiros."[11] Na década de 1970, o futebol europeu passou a abolir a concentração, a partir dos clubes ingleses.[12] A medida se estendeu, gradualmente, para todo o continente. Concentração na véspera, só em decisões de campeonato ou nas fases finais da Liga dos Campeões.[13] Por considerarem que a Concentração mais prejudica do que ajuda, ela foi mantida apenas em viagens, normalmente superiores a duas horas de avião e a três de ônibus ou trem. Trata-se, porém, de algo natural, afinal o time não vai estar jogando em casa e o grupo tem que viajar junto.[12] Porém, segundo uma reportagem do jornal O Globo, "o senso comum de que na Europa a concentração é coisa do passado não é real. Para os europeus, ainda prevalece a noção de que a rotina, o calendário e a exigência física do jogo tornam necessários alguns cuidados. O que cresce é o hábito de tornar a concentração um local de trabalho. Seja para recuperação, fisioterapia ou para reuniões táticas."[14] No Brasil, o tema é muito polêmico.[15] Durante a década de 1980, a Democracia Corintiana foi pioneira no Brasil ao tentar extinguir a concentração. Os jogadores só se reuniam no dia dos jogos para irem juntos ao estádio.[16] Porém, por conta da falta de responsabilidade e profissionalismo da maioria dos jogadores brasileiros, esta moda não pegou por aqui. Mais recentemente, na década de 2010, a "abolição" da concentração voltou a virar tema no país novamente. Como uma espécie de greve contra atrasos de salários, alguns atletas passaram a se reunir e a se recusar a concentrar até que o salário seja pago. Muitos clubes do Brasil, como Botafogo,[17] Vasco,[18] por exemplo, já sofreram com este tipo de represália. Como concentrar é uma das obrigações contratuais do atleta, o não cumprimento do acordo por parte do clube dá brecha para este tipo de rebelião.[19] Em 2013, o Coritiba deu um voto de confiança aos jogadores ao implantar uma concentração mais flexível.[20] Porém, esta "concentração mais flexível" durou apenas um semestre, até o presidente Vilson Ribeiro de Andrade decretar concentração antecipada de dois dias devido aos maus resultados do time no Campeonato Brasileiro.[21] De acordo com técnicos e dirigentes, os grandes entraves para o veto definitivo às concentrações no futebol brasileiro são o comportamento do jogador brasileiro fora do ambiente de trabalho e o constante patrulhamento dos torcedores.[21] Tipos de ConcentraçãoSegundo reportagem do jornal O Globo, atualmente, existem 3 tipos de "concentração" diferentes. 1- Método tradicional - Semelhantes aos do Brasil, como adotados no Paris Saint-Germain, por exemplo. O time, mesmo nos jogos em casa, se concentra no hotel desde a véspera dos jogos.[14] Há, ainda, um 4o tipo, que prega que os solteiros devem se concentrar antes dos atletas casados, uma vez que os solteiros têm uma possibilidade maior de cair na tentação de aproveitar a noite.[22][23] Referências
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