David Llewelyn Wark Griffith, geralmente conhecido por D. W. Griffith (La Grange, 22 de Janeiro de 1875 – Hollywood, 23 de Julho de 1948) foi um diretor de cinemaestadunidense.[1] Apontado por muitos críticos, cineastas e especialistas como o mais influente diretor da história do cinema,[2] foi o introdutor de diversas inovações profundas na forma de fazer cinema, sendo considerado o criador da linguagem cinematográfica. É mais conhecido pelo seu controverso filme O Nascimento de uma Nação, e também pelo filme Intolerância.[3]
Antes de chegar ao cinema, trabalhou como jornalista e balconista em lojas e livrarias. Griffith iniciou-se no cinema em 1908, com os chamados curta-metragens, que duravam entre 15 e 18 minutos. Tendo realizado cerca de 450 filmes entre 1908 e 1913. Foi o primeiro a utilizar dramaticamente o close, a montagem paralela, o suspense e os movimentos de câmera.
A montagem paralela, isto é, a alternância de duas ou mais linhas de acção, e o salvamento no último minuto são duas formas de construir o suspense, e foram exploradas exaustivamente por David Griffith. O travelling é outra das características herdadas de Edwin Stanton Porter.
É visto como um visionário do cinema, e ficou conhecido pelas polêmicas em que se envolveu, principalmente em nível político. Dirigiu mais de 300 filmes, mas só alguns fizeram sucesso.
Entre 1908 e 1913 (período em que dirigiu para a American Mutoscope and Biograph Company), Griffith produziu 450 curtas, um número enorme mesmo para a época. Esse trabalho o possibilitou experimentar com montagem paralela, movimentos de câmera, planos detalhe, e outros métodos de manipulação espacial e temporal.
Na primeira viagem de Griffith para a Califórnia, ele e sua empresa descobriram uma pequena vila para filmar. Esse lugar era conhecido como Hollywood. Com isso, American Mutoscope and Biograph Company foi a primeira empresa a filmar em Hollywood: In Old California (1910).
Influenciado pelo longa italiano Cabiria, Griffith se convenceu de que longas poderiam ser viáveis financeiramente. Produziu e dirigiu o longa Judith of Bethulia da Biograph. Esse foi um dos, senão "O" primeiro longa produzido nos Estados Unidos. A Biograph achava que os longas não eram viáveis, e como atriz, Lillian Gish disse: "Eles (Biograph) acharam que um filme tão longo iria machucar os olhos deles (audiência)". Por causa disso, e do aumento no orçamento pelo filme que custou 30 000 dólares na produção, Griffith e a Biograph se separaram, sendo que Griffith levou todos os seus atores consigo. Sua nova empresa se tornou um parceiro autônomo de produção na Triangle Pictures Corporation com os Keystone Studios e Thomas Ince. Através da David W. Griffith Corp. ele produziu O Nascimento de Uma Nação (1915).[5]
Griffith foi considerado o pai da gramática cinematográfica. Alguns estudiosos ainda sustentam que suas "inovações" realmente começaram com ele, mas Griffith foi uma figura chave no estabelecimento de um conjunto de códigos que se tornou a coluna dorsal da linguagem cinematográfica. Ele foi particularmente influente ao popularizar a montagem paralela—o uso da montagem para alternar diferentes eventos que ocorrem simultaneamente para construir o suspense. Dito isso, ele ainda usava muitos elementos da maneira "primitiva" de fazer cinema, que existiu antes do sistema clássico de Hollywood de continuidade, como atuação frontal, gestos exagerados, movimentos de câmera mínimos, e a ausência de câmera subjetiva. Alguns dizem, inclusive, que ele "inventou" o plano detalhe.
Os créditos das inovações cinematográficas de Griffith devem ser compartilhados com seu operador de câmera por muitos anos, Billy Bitzer. Além disso, ele mesmo creditava a lendária atriz do cinema mudoLillian Gish, que participou em vários de seus filmes, por ter inventado uma nova forma de atuação para o cinema.
Griffith era uma figura muito controversa. Imensamente popular na época de sua estreia, o filme O Nascimento de Uma Nação (1915), baseado na novela The Clansman foi considerado por alguns como uma visão da história a partir da supremacia branca, e a NAACP tentou banir o filme. Como não conseguiram, eles tentaram posteriormente censurar algumas cenas do filme.
Legado
O icônico Charles Chaplin chamou o Griffith de "O professor de todos nós". Esse sentimento foi amplamente compartilhado. Cineastas diversos como John Ford e Orson Welles já falaram de seu respeito pelo diretor de Intolerância. Embora ele não tenha inventado novas técnicas para a gramática do cinema, ele parece ter sido o primeiro a entender como essas técnicas poderiam ser usadas para criar uma linguagem expressiva. Nos curtas iniciais, como o The Musketeers of Pig Alley (1912), que foi o primeiro filme de mafiosos, podemos ver como o posicionamento de câmeras e a iluminação aumentam o clima e a tensão. Ao fazer Intolerância, o diretor abriu novas possibilidades para a mídia, criando uma forma que deve mais à música do que à narrativa tradicional.
Griffith foi homenageado num selo de 10 centavos pelos Estados Unidos em 5 de Maio de 1975.
David W. Menefee, Sweet Memories (Dallas, Texas: Menefee Publishing Inc., 2012)
Lillian Gish, The Movies, Mr. Griffith and Me (Englewood, Nova Jersey: Prentice Hall, 1969)
Karl Brown, Adventures with D. W. Griffith (Nova York: Farrar, Straus and Giroux, 1973)
Richard Schickel, D. W. Griffith: An American Life (NovaYork: Simon and Schuster, 1984)
Robert M. Henderson, D. W. Griffith: His Life and Work (Nova York: Oxford University Press, 1972)
William M. Drew, D. W. Griffith's "Intolerance:" Its Genesis and Its Vision (Jefferson, Nova Jersey: McFarland & Company, 1986)
Kevin Brownlow, The Parade's Gone By (Nova York: Alfred A. Knopf, 1968)
Seymour Stern, An Index to the Creative Work of D. W. Griffith, (Londres: The British Film Institute, 1944–47)
David Robinson, Hollywood in the Twenties (New York: A. S. Barnes & Co, Inc., 1968)
Edward Wagenknecht and Anthony Slide, The Films of D. W. Griffith (Nova York: Crown, 1975)
William K. Everson, American Silent Film (New York: Oxford University Press, 1978)
Matthew Smith, "American Valkyries: Richard Wagner, D. W. Griffith, and the Birth of Classical Cinema", in Modernism/modernity 15:2 ([1] Abr. 2008), 221–42.
Iris Barry e Eileen Bowser, D. W. Griffith: American Film Master (Garden City, Nova York: Doubleday, 1965)
Referências
↑Obituary Variety, 28 de julho de 1948, página 97.
↑David W. Griffith, Film Pioneer, Dies; Producer Of 'Birth Of Nation,' 'Intolerance' And 'America' Made Nearly 500 Pictures Set, Screen Standards Co-Founder Of United Artists Gave Mary Pickford And Fairbanks Their Starts. (em inglês). [S.l.]: New York Times. 1948
↑«Famous Methodists» (em inglês). Adherents.com. Consultado em 4 de setembro de 2012
↑23 de julho de 1948. «D.W. Griffith Biography» (em inglês). Starpulse.com. Consultado em 4 de setembro de 2012