De rerum natura (Sobre a natureza das coisas) é um poema didático, dentro do género dos periphyseos cultivado por alguns pré-socráticos gregos, escrito no século I a.C. por Tito Lucrécio Caro; dividido em seis livros, proclama a realidade do homem num universo sem deuses e tenta libertá-lo do seu temor à morte. Expõe a física atomista de Demócrito e a filosofia moral de Epicuro.
Conteúdo do livro
O título traduz-se do latim como Sobre a Natureza das Coisas, ainda que por vezes chega-se a traduzir como Sobre a Natureza do Universo, quem sabe para refletir a escala real que se trata no livro.
A visão de Lucrécio é bastante austera, mas no entanto incita a alguns pontos importantes que permitem aos indivíduos um escape periódico de seus próprios desejos e paixões para observar com compaixão a pobre humanidade em seu conjunto, incluindo-se a si mesmo, podendo observar a ignorância, a infelicidade reinante, e incita a um melhoramento. A responsabilidade pessoal consiste em falar sobre a verdade pessoal que se vive. De acordo com a obra, a proposição de verdade de Lucrécio é dirigida a uma audiência ignorante. Esperando que alguém o escute, o compreenda e desta forma passe a semente da verdade capaz de melhorar o mundo. Lucrécio rompe, em definitivo, com a ideia central e metafísica de 'natureza', o que lhe confere a virtude de extraordinário avanço na história do pensamento ocidental. 'Natureza' não é uma substância, um estado primordial, ou, ainda, uma causa final de toda realidade. A natureza se confunde com os próprios átomos.[1] Para Lucrécio, nada procede do nada, por milagre divino [2] e nada retorna ao nada [3]. As coisas são constituídas por sementes eternas, ou seja, os átomos. Eles constituem o mundo, nada os precede [4].
Composição do poema
O poema é composto pelos seguintes argumentos.
A substância é eterna.
Os átomos movem-se num infinito vazio.
O universo é composto de átomos e vazio, nada mais. (Por esta razão, Lucrécio é visto como um atomista.)
A alma do homem consiste em átomos diminutos que se dissolvem com o húmus quando este morre.
Deus existe, mas não iniciou o universo, e não lhe interessa as acções do homem.
Existem outros mundos como o universo e são similares a este.
Devido a sermos compostos de uma sopa de átomos em constante movimento, este mundo e os outros não são eternos.
Os outros mundos não são controlados por deuses, tal como este.
As formas de vida neste mundo e nos outros estão em constante movimento, incrementando a potência de umas formas e diminuindo a de outras.
O homem deve pensar que desde o seu início selvagem tem vivido uma grande melhoria em habilidades e conhecimentos, mas isto passará e virá uma decadência.
O que chega a saber o homem provém só dos sentidos e da razão.
Os sentidos têm dependências.
A razão deixa-nos a possibilidade de alcançar motivos ocultos, mas esta não está livre de falhas e de falsas inferências. Por este motivo, as inferências devem ser continuamente verificadas pelos sentimentos.
(Diferente de Platão, que acreditava que os sentidos poderiam ser confundidos enquanto que a razão não.)
Os sentimentos percebem as colisões macroscópicas e interacções dos corpos.
Mas a razão infere os átomos e o vazio que os sentidos percebem.
O homem evita a dor e procura tudo aquilo que lhe dá prazer.
Uma pessoa normal (média) está impelida sempre para evitar as dores e buscar os prazeres.
As pessoas nascem com dois medos inatos: o medo dos deuses e o medo da morte.
No entanto, os deuses não querem provocar-nos dano, a morte é fácil quando a vida se vai.
Quando alguém morre, os átomos da alma e os átomos do corpo continuam a sua essência dando forma às rochas, lagos ou flores.
Summary of On the Nature of Things, by section [2]
Analysis of Lucretius's "conversion" challenge in terms of designing a "meme" that would compete with the surrounding memes of creationism; "as doctors sweeten bitter medicine with honey", so Lucretius sweetened the conversion pill as poetry [3]