Doença de Huntington
A doença de Huntington ou coreia de Huntington é uma doença hereditária que causa a morte das células do cérebro.[4] Os primeiros sintomas são geralmente problemas subtis a nível do humor ou das capacidades mentais.[1] A estes sintomas segue-se falta de coordenação motora e locomoção instável.[2] À medida que a doença avança, começam-se a manifestar movimentos do corpo bruscos, descoordenados e sem sentido.[1] As capacidades físicas vão progressivamente diminuindo até que a coordenação motora se torna difícil e a pessoa se mostra incapaz de falar.[1][2] As capacidades mentais geralmente degeneram em demência.[3] Os sintomas específicos podem variar entre as pessoas.[1] Os sintomas geralmente têm início entre os 30 e 50 anos de idade, mas podem manifestar-se em qualquer idade.[4][3] A cada nova geração, a doença pode-se manifestar cada vez mais cedo.[1] Cerca de 8% dos casos têm início antes dos 20 anos de idade e é comum manifestarem sintomas semelhantes aos da doença de Parkinson.[3] As pessoas com doença de Huntington muitas vezes desvalorizam a gravidade do problema.[1] A doença de Huntington é geralmente herdada de um dos pais, embora em 10% dos casos seja causada por uma nova mutação genética.[1] A doença é causada por uma mutação autossómica dominante em qualquer uma das duas cópias de um gene denominado huntingtina.[4] Isto significa que um filho de uma pessoa com a doença tem 50% de probabilidade de herdar a doença.[4] Este gene fornece a informação genética para uma proteína também denominada "proteína huntingtina".[1] A expansão da repetição do tripleto CAG nesse gene resulta numa forma mutante da proteína, que vai gradualmente destruindo as células no cérebro. No entanto, este mecanismo ainda não é compreendido na totalidade.[4] O diagnóstico é realizado com exames genéticos, que podem ser feitos a qualquer momento, independentemente de existirem ou não sintomas.[5] Esta possibilidade está na origem de alguns debates sobre ética: a idade em que uma pessoa é considerada suficientemente adulta para decidir fazer os exames, se os pais têm o direito de fazer exames nos filhos e como gerir a confidencialidade dos resultados.[2] Não existe cura para a doença de Huntington.[4] Nos estádios avançados da doença são necessários cuidados a tempo inteiro.[2] O tratamento pode aliviar alguns sintomas e melhorar a qualidade de vida em algumas pessoas.[3] As evidências mais robustas para o tratamento dos problemas de movimento recomendam o uso de tetrabenazina.[3] A doença afeta entre 4 e 15 em cada 100 000 pessoas de ascendência europeia.[1][3] A doença é rara entre japoneses, sendo desconhecida a prevalência entre africanos.[3] A doença afeta mulheres e homens em igual proporção.[3] A esperança de vida é reduzida em resultado de complicações como pneumonia, doenças cardiovasculares e lesões físicas por quedas.[3] Em 9% dos casos a causa de morte é suicídio.[3] A morte geralmente ocorre 15 a 20 anos após o diagnóstico da doença.[4] A primeira provável descrição da doença foi feita em 1841 por Charles Oscar Waters.[7] No entanto, a primeira descrição detalhada da doença foi feita em 1872 pelo médico George Huntington, de quem tem o nome.[7] A base genética da doença foi descoberta em 1993 por uma colaboração internacional de cientistas coordenado pela Hereditary Disease Foundation.[8][9] A partir da década de 1960 começaram a surgir organizações de apoio e investigação, que trabalham o sentido de aumentar a percepção pública da doença, financiar investigação e oferecer ajuda às pessoas e familiares.[9][10] A investigação atual foca-se na determinação do mecanismo exato da doença, na melhoria dos modelos animais, no ensaio de medicamentos para o tratamento de sintomas ou atraso da progressão da doença, e no estudo de procedimentos como a terapia de células estaminais com o objetivo de reparar os danos causados pela doença.[8] CausasTrata-se de doença hereditária, causada por uma mutação genética no cromossomo 4. Trata-se de doença autossômica dominante, então se um dos pais tem Huntington, os filhos tem 50% de chances de também desenvolverem a doença. Se um descendente não herdar o gene da doença, não a desenvolverá nem a transmitirá à geração seguinte. O DNA é constituído de substâncias químicas denominadas nucleotídeos. O indivíduo possuidor dessa desordem apresenta em seu material genético repetições anormais da sequência de bases nitrogenadas citosina, adenina e guanina (CAG), responsáveis pela codificação da glutamina. Numa pessoa sadia a sequência CAG é encontrada com repetições menores que 20; já em pessoas portadoras da doença de Huntington há sempre mais de 36 repetições, tornando assim o gene defeituoso. Estudos recentes indicam que essa região de poliglutamina interfere na interação normal entre uma região rica em glutamina do fator de transcrição chamado Sp1 e uma região rica em glutamina correspondente no "TAFII130", uma subunidade de um componente da maquinaria de transcrição chamado TFIID. Essa interferência dificulta a transcrição nos neurônios do cérebro, incluindo a transcrição do gene para o receptor de um neurotransmissor.[11] Embora cada célula do corpo tenha duas cópias de cada gene, é suficiente uma cópia do gene anormal para que se tenha esta doença. Então, pode-se dizer que o gene que condiciona a doença de Huntington é um gene dominante. Sinais e sintomasOs sintomas típicos de Huntigton são[12]:
O paciente de DH não morre da doença, mas das complicações oriundas destes sintomas e sequelas instaladas no decorrer da evolução da doença, que é lenta e fatal: tais como fraturas por quedas, desnutrição grave, por não conseguir deglutir, e outras DiagnósticoO exame genético é determinante. O exame clínico é análise dos sintomas relatados e do histórico familiar da doença. Pode ser diagnosticado por exame genético no feto durante a gravidez.[13] PrognósticoDesenvolve-se lentamente, provocando uma degeneração progressiva do cérebro, especialmente dos núcleos lenticulares. A sobrevida varia muito de indivíduo para indivíduo, mas geralmente é de cerca de 10-20 anos após o aparecimento do primeiro sintoma. A morte não é pela doença, mas sim, como consequência de problemas respiratórios (30%) ou cardíacos (25%) causados pela movimentação ineficiente da musculatura, por suicídio (7%) que tem um risco aumentado pelo quadro depressivo ou devido às lesões de quedas frequentes e por má nutrição. Tem a mesma probabilidade de se desenvolver em ambos os sexos. É muito mais comum entre os descendentes de europeus ocidentais, sendo raro em asiáticos e africanos. TratamentoNão possui cura, porém possui tratamento sintomático e pesquisas genéticas em primatas estão desenvolvendo uma terapia de silenciamento dos genes causadores da doença.[14] Existem diversos medicamentos para diminuírem os sintomas e o progresso da doença. Exercícios cognitivos diários ajudam a preservar as habilidades mentais reduzindo a perda de memória, percepção e orientação. Implante de células-troncoEste tratamento tem por base a substituição de neurônios mortos através de uma injeção de células-tronco pluripotentes na área afetada, que ao serem estimulados adequadamente formam novos neurônios, aliviando os sintomas e prolongando a expectativa de vida. Este tratamento já está sendo testado em animais com resultados significativos.[15] PesquisaOs pesquisadores, em 2017, descobriram que o tratamento de ratos sem o gene zQ175 heterocigóticos e heterocigóticos de 12 meses de idade por 12 semanas com CTEP, um modulador alostérico negativo do receptor de glutamato metabotrópico 5 (mGluR5), reduziu o tamanho e o número de agregados de huntingtina e também reduziu tanto a apoptose neuronal quanto a perda neuronal no tecido cerebral. Ambos os impedimentos motores e cognitivos foram melhorados nos camundongos ZQ175 tratados com CTEP.[16] Referências
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