Doom (série de jogos)
Doom (estilizado como DooM, e posteriormente DOOM) é uma série de jogos eletrônicos de tiro em primeira pessoa e survival horror criada por John Carmack, John Romero, Adrian Carmack, Kevin Cloud e Tom Hall, iniciada em 1993, sendo desenvolvida pela id Software e publicada por várias empresas ao longo dos anos. A série, que se passa em um universo distópico apocalíptico, gira em torno de um fuzileiro espacial sem nome que trabalha para a UAC (Union Aerospace Corporation), lutando contra hordas de demônios e mortos-vivos no submundo e na terra de uma invasão apocalíptica, a fim de sobreviver e posteriormente na história, salvar a humanidade do perigo. O Doom original, de 1993, é considerado um dos jogos pioneiros de tiro em primeira pessoa, trazendo para computadores compatíveis com IBM recursos como gráficos 3D, espacialidade tridimensional, jogabilidade multijogador em rede e suporte para modificações criadas por jogadores por meio do formato Doom WAD. Desde o lançamento do primeiro jogo, a série já vendeu mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo. A série rendeu diversas sequências, além adaptações para romances, histórias em quadrinhos, jogos de tabuleiro e filmes.[1][2][3] Visão geralOs jogos da série Doom são de tiro em primeira pessoa nos quais o jogador controla um fuzileiro espacial sem nome, comumente chamado de Doomguy; na série de 2016, o protagonista é referido como Doom Slayer ou apenas Slayer em edições posteriores. O jogador enfrenta as forças do Inferno, compostas por hordas de demônios e mortos-vivos. Geralmente, os jogos se passam em bases extensas em Marte ou suas luas, com algumas partes ocorrendo no Inferno. A série clássica dava pouca ênfase à narrativa, que era majoritariamente apresentada nos manuais e não nos jogos.[4] Já os títulos mais recentes, especialmente a série de 2016, apresentam um foco maior na narrativa.[5] O jogo original apresentava oito armas, projetadas para que nenhuma se tornasse obsoleta após a obtenção de outra. Com o jogador carregando todas as armas simultaneamente, era possível adotar a estratégia de "troca de armas rápida" alternando entre elas conforme a situação.[6] Fora das mecânicas de combate, os níveis de Doom frequentemente incluíam labirintos, cartões-chave coloridos e áreas secretas.[7][8] Como o gênero ainda estava em sua infância nos anos 1990, o jogador não podia pular ou olhar para cima e para baixo na série clássica devido a limitações técnicas. No entanto, havia algum nível limitado de plataforma, já que os jogadores podiam correr para atravessar lacunas usando o impulso para alcançar o destino.[9] Esses recursos foram adicionados em títulos mais recentes,[10] com a série de 2016, em particular, enfatizando fortemente a jogabilidade de plataforma.[11] Desenvolvimento e históriaO desenvolvimento do Doom original começou em 1992, quando John Carmack criou um novo motor gráfico, o Doom engine, enquanto o restante da equipe da id Software finalizava o prelúdio de Wolfenstein 3D, Spear of Destiny. O jogo foi lançado em formato episódico em 1993, com o primeiro episódio distribuído como shareware e outros dois disponíveis por pedido via correio. O primeiro episódio foi amplamente projetado por John Romero.[12] O título alcançou enorme popularidade, com a versão completa vendendo um milhão de cópias. O termo "clone de Doom" tornou-se sinônimo do novo gênero, agora conhecido como first-person shooter, por vários anos.[13] Doom II: Hell on Earth foi lançado em 1994 em formato comercial. Apenas pequenas mudanças técnicas foram implementadas; o jogo introduziu novos inimigos, a arma "Super Shotgun" e níveis mais complexos.[14] Em 1995, o jogo recebeu uma expansão intitulada Master Levels for Doom II, que adicionou 20 níveis extras. Um quarto episódio foi adicionado ao jogo original na reedição de 1995.[15] Mais tarde no mesmo ano, a id Software concentrou-se no desenvolvimento da nova série Quake, que seria trabalhada pela empresa ao longo do final da década de 1990.[16] A Midway Games desenvolveu Doom 64 sob a supervisão da id Software, lançado em 1997. O título utilizou um novo motor gráfico, com sprites maiores e texturas de maior qualidade. As mudanças técnicas possibilitaram maior flexibilidade no design dos níveis, como a capacidade de ajustar a geometria do mapa durante o jogo. A trilha sonora clássica de metal foi substituída por uma trilha mais ambiente e sombria, criando uma atmosfera única que influenciaria futuras entradas na franquia. A id não permitiu que o título fosse chamado de Doom 3, pois o nome estava reservado para um possível retorno à franquia após o desenvolvimento de Quake.[17][18] Doom 3 e quarto jogo cancelado (2000–2013)O desenvolvimento conturbado de Quake resultou em mudanças significativas na equipe da id Software até o ano de 2000, com a saída de várias figuras-chave que haviam trabalhado no desenvolvimento de Doom. Entre essas figuras estava o designer original John Romero, demitido em 1996.[12] Durante esse período, a empresa contratou o ex-modder de Doom Tim Willits.[16] Em 2000, um novo jogo não relacionado a Doom estava sendo projetado, mas a equipe da id estava desmotivada com o projeto e tinha um forte desejo de refazer o original Doom. John Carmack, entre outros, anunciou internamente que estavam trabalhando em um novo jogo da franquia Doom e continuariam fazendo isso, a menos que a empresa os demitisse. Embora Paul Steed tenha sido demitido, o trabalho no jogo continuou.[19] O título foi revelado no final daquele ano como Doom 3. O design do jogo seria liderado por Willits.[20] Usando o novo motor id Tech 4, várias melhorias técnicas foram feitas em relação à série clássica, permitindo maior realismo e interatividade. O jogo contou com dublagem e teve um foco maior na narrativa em comparação aos títulos anteriores. Uma demonstração do jogo foi exibida na E3 de 2002 e foi posteriormente vazada online, muito antes da data de lançamento de 2004. Na época, foi o primeiro título da franquia Doom em sete anos, ajudando a renovar o interesse pela série.[21] Uma expansão, Doom 3: Resurrection of Evil, foi lançada em 2005. Diferente do jogo base, a expansão foi desenvolvida pela Nerve Software. Uma edição BFG de 2012 incluiu ambos os lançamentos anteriores com uma nova expansão chamada The Lost Mission. Uma versão de Doom 3: BFG Edition, chamada Doom 3: VR Edition, foi lançada em 29 de março de 2021 para o PlayStation 4 VR e PlayStation 5 via compatibilidade retroativa. Ela inclui todo o conteúdo da Doom 3: BFG Edition (a campanha principal, Resurrection of Evil e The Lost Mission), exceto o modo multiplayer. Doom 4 entrou em desenvolvimento em meados dos anos 2000, com Rage, com o novo título de Doom inicialmente planejado como uma reformulação de Doom II. Indícios do jogo apareceram na QuakeCon de 2007, e ele foi oficialmente anunciado em 2008. A resposta ao material de prévia foi negativa, com fãs apelidando o projeto de "Call of Doom", devido a uma suposta semelhança com a franquia Call of Duty. Pete Hines, vice-presidente de marketing da Bethesda, afirmou posteriormente que "não era Doom o suficiente". Após Rage não alcançar o sucesso esperado, a publisher ZeniMax solicitou um reboot de Doom 4 e transferiu a equipe de Rage para o novo projeto. Essa versão foi construída com base no código de Rage e sofreu com disputas internas, especialmente entre os gerentes dos dois projetos.[22] O jogo foi cancelado em 2013. John Carmack, um dos poucos veteranos remanescentes do desenvolvimento da série clássica ainda na id, deixou o estúdio em novembro daquele ano.[23] O período viu o lançamento de vários spin-offs para plataformas móveis, incluindo Doom RPG (2005), Doom II RPG (2009) e Doom Resurrection (2009). Além disso, a reedição de Doom II na Xbox Live Arcade em 2010 incluiu uma nova expansão intitulada No Rest for the Living, desenvolvida pela Nerve Software. A expansão foi estruturada de forma semelhante aos capítulos clássicos de Doom, com oito níveis principais e um nível secreto. Essa versão foi incluída na BFG Edition de Doom 3 em 2012.[24][25] Revival (2013–presente)Após o cancelamento do projeto Doom 4 em 2013, Willits afirmou que o próximo jogo da série Doom ainda era o foco da equipe.[26] Hugo Martin foi contratado como diretor criativo naquele ano e se tornaria uma figura-chave na franquia revitalizada.[27] O jogo foi anunciado como Doom em 2014 e lançado em 2016, recebendo recepção geralmente positiva, com a adição de uma mecânica de "glory kills" e manobras de plataforma como principais novidades de jogabilidade.[28] O modo multiplayer do jogo recebeu três pequenos conteúdos para download ao longo do primeiro ano, que foram disponibilizados gratuitamente com a atualização 6.66 em 19 de julho de 2017.[29] A série de 2016 não foi originalmente descrita como uma continuação ou história de origem dos jogos anteriores; no entanto, detalhes da trama na sequência Doom Eternal e comentários de Hugo Martin posteriormente a classificaram como uma continuação da série clássica.[30][31] A reedição de Doom 64 em 2020 incluiu uma expansão intitulada The Lost Levels, projetada para "conectar o 'velho' Doom ao 'novo' Doom".[32] O jogo apresenta uma campanha single-player e reutiliza inimigos e outros recursos do jogo de 2016.[33] Este seria o último título de Doom sob a liderança de Willits, antes de sua saída em 2019.[34] O ano de 2018 marcou o 25º aniversário da franquia, com o Doom Slayer sendo incluído como personagem jogável em Quake Champions, da id Software. Naquele mesmo ano, John Romero anunciou Sigil, um "quinto episódio" não oficial do jogo original de 1993. O episódio foi lançado gratuitamente no site de Romero em 2019, com uma versão paga que incluía uma trilha sonora do guitarrista Buckethead.[35] Embora Sigil tenha sido desenvolvido de forma independente, a Bethesda adicionou o episódio aos ports de console de Doom como um patch gratuito em outubro, juntamente com os dois capítulos de Final Doom.[36][37] A próxima entrada principal da franquia, Doom Eternal, foi dirigida por Hugo Martin e lançada em 2020.[38][39] O título teve um desempenho de vendas excelente, gerando US$ 450 milhões em receita no primeiro ano, o dobro da receita de lançamento do título anterior. Alguns comentaristas atribuíram esse sucesso ao momento do lançamento, que coincidiu com um aumento no interesse por jogos em todo o mundo devido às restrições de reuniões sociais durante a pandemia de COVID-19.[40][41] O jogo foi desenvolvido no motor id Tech 7, que trouxe várias melhorias técnicas em relação ao id Tech 6 usado no título anterior.[42] Uma expansão do jogo, The Ancient Gods, foi lançada em duas partes: a primeira em outubro de 2020 e a segunda em março de 2021. Em agosto de 2021, John Romero confirmou que uma segunda expansão de Sigil, utilizando o motor de Doom II, estava em desenvolvimento.[43] Em março de 2022, Romero lançou um novo nível para Doom II intitulado One Humanity. Os lucros desse nível foram doados como ajuda humanitária à Ucrânia durante a invasão russa.[44] Este foi o primeiro nível de Doom II projetado por Romero desde 1994 e arrecadou 25.000 euros até 7 de março.[45] Romero lançou Sigil II em 2023, recebendo aclamação da crítica.[46] Assim como seu antecessor, a Id Software disponibilizou o capítulo gratuitamente através do menu de complementos das versões de console de Doom e Doom II.[47] Um spin-off para plataformas móveis Android e iOS, Mighty Doom, foi desenvolvido pela Alpha Dog Games e lançado em março de 2023.[48] No entanto, a Microsoft anunciou o fechamento da Alpha Dog em maio de 2024, resultando na descontinuação de Mighty Doom em agosto.[49] Em agosto de 2024, a id Software, em colaboração com a Nightdive Studios e a MachineGames, lançou Doom + Doom II, uma "reedição definitiva" de todos os jogos anteriores a Doom 64, incluindo Sigil e um novo pacote de expansão com 2 episódios intitulado Legacy of Rust. Essa nova versão apresenta inimigos e armas inéditos.[50] FuturoEm março de 2021, Hugo Martin discutiu possíveis direções para futuros títulos de Doom, mencionando ideias como viagens no tempo ou um jogo ambientado no intervalo entre Doom 64 e Doom (2016), quando o Doom Slayer "chegou pela primeira vez ao lugar dos Sentinelas, em um cenário quase medieval".[51][31] Uma apresentação interna da ZeniMax, datada de 2020 e divulgada durante o caso FTC v. Microsoft em 2023, indicava que um jogo intitulado Doom: Year Zero estava em desenvolvimento na época, com lançamento previsto para o ano fiscal de 2023. Conteúdos adicionais para o título também estavam programados para 2023 e 2024. O documento foi elaborado antes da aquisição da ZeniMax pela Microsoft em 2021, mas o jogo permaneceu em produção e foi revelado na Xbox Games Showcase de 2024 como Doom: The Dark Ages. O jogo será lançado em 2025.[52][53] RecepçãoEm 1996, a Next Generation classificou a série como o 19º melhor jogo de todos os tempos, destacando que "apesar das centenas de títulos imitadores, ninguém conseguiu igualar o clássico pulsante original da id." Em 1999, a Next Generation listou a série Doom como número 25 em sua lista dos "50 Melhores Jogos de Todos os Tempos", comentando que, "apesar dos avanços gráficos desde o lançamento de Doom, os pixelados Barons of Hell e Cyber Demons continuam entre as coisas mais assustadoras que podem aparecer na sua tela."[54] O protagonista sem nome da série, um fuzileiro espacial, recebeu uma recepção majoritariamente positiva. Em 2009, a GameDaily incluiu "o Marine" em sua lista de "dez heróis de jogos que falham nas coisas simples" devido à sua incapacidade de olhar para cima e para baixo na série original.[55] A UGO Networks o classificou em quarto lugar em sua lista de 2012 dos melhores protagonistas silenciosos dos videogames, destacando sua coragem em continuar em silêncio mesmo enfrentando o exército do Inferno.[56] Em 2013, a Complex posicionou Doomguy em 16º lugar em sua lista dos maiores soldados dos videogames, chamando-o de "o fuzileiro espacial original dos videogames" e "um dos clássicos protagonistas silenciosos."[57] Tanto a CraveOnline quanto a VGRC o classificaram como o quinto personagem masculino mais "durão" na história dos videogames.[58][59] Ao longo dos anos, o jogo tornou-se um ícone também pela sua adaptabilidade tecnológica. Com o seu código-fonte liberado em 1997, o jogo tem sido adaptado para rodar em diversas plataformas, praticamente "qualquer coisa com tela". Como, por exemplo, testes de gravidez, caixas eletrônicos, escovas de dentes elétricas, termostatos e calculadoras, entre outros.[60][61][62] VendasO Doom original vendeu 3,5 milhões de cópias físicas[63] e 1,15 milhão de cópias de shareware[64] entre seu lançamento em 1993 e 1999. Doom II vendeu 1,55 milhão de cópias de todos os tipos nos Estados Unidos no mesmo período,[64] com cerca de um quarto desse número também vendido na Europa,[65] totalizando aproximadamente 5 a 6 milhões de vendas para a duologia original. Doom 3 vendeu 3,5 milhões de cópias, juntamente com muitas cópias do pacote de expansão Resurrection of Evil, entre seu lançamento em 2004 e 2007, tornando-se o jogo mais bem-sucedido da série até então.[66] O reboot de 2016 vendeu mais de 2 milhões de cópias apenas para PC entre seu lançamento em maio de 2016 e julho de 2017.[67] Jogos PublicadosSérie principal
Spin-offs
Referências
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