El CristianoEl Cristiano (em português - O Cristão) é um canhão de fabricação paraguaia utilizado na Guerra do Paraguai e que foi levado como troféu de guerra pelos brasileiros.[1] Atualmente, o El Cristiano está exposto no Pátio Epitácio Pessoa do Museu Histórico Nacional.[2] HistóricoConstruído em meio a Guerra do Paraguai e entregue ao exército paraguaio, participou da Batalha de Curupaiti, em 22 de setembro de 1866. Em 1870, na última batalha do conflito, o exercito brasileiro apoderou-se do canhão para considerá-lo como memória da guerra e da vitória do exército brasileiro.[3] O canhão foi forjado com o material de vários sinos de igrejas paraguaias (daí seu nome).[4] Junto a outra peça de artilharia pesada, chamado de El Criollo, foram os dois maiores canhões de maior calibre da América do Sul e teria sido feito pelo engenheiro inglês George Thompson, que no Paraguai fizera parte do projeto de modernização do país e instalação de fundição com tecnologia capaz de ter dotado aquele país de estaleiro, ferrovia, fábrica de armas, etc.[5] O governo do Paraguai nunca aceitou o El Cristiano como um patrimônio brasileiro e por anos reivindica a sua devolução, pois o país considera-o como um herói nacional,[4] já que ele foi peça fundamental na aglutinação de recursos e esforços do povo no conflito e também na maior vitória paraguaia da guerra, quando derrotaram os exércitos do Brasil, da Argentina e do Uruguai na Batalha de Curupaiti, quando morreram mais de 9 mil soldados aliados.[6] Processo de repatriaçãoJá no século XIX o Uruguai devolveu à nação derrotada os troféus da guerra que foram apreendidos (entre outros objetos apreendidos, três bandeiras, vários fuzis, carabinas e espadas); a Argentina devolveu bens apreendidos em dois momentos: na posse de Alfredo Stroessner, em 1954, durante o governo de Perón, e móveis que haviam pertencido a Solano López, devolvidos em 2014 por Cristina Kirchner.[4] Com a construção da Usina de Itaipu, o Brasil devolveu entre os anos de 1975 a 1980 vários dos bens apreendidos no conflito dentre os quais a espada do general López; iniciado em 2010 pelo governo brasileiro, a repatriação do canhão envolve um processo denominado destombamento, pelo qual um decreto do presidente da República retira a proteção dada a um determinado bem. Até 2021 isso não havia ocorrido.[4] A devolução da peça havia sido um compromisso da ex-presidenta Dilma Rousseff, mas as mudanças de governo no Brasil suspenderam o processo.[5] Em 2018 com as enchentes ocorridas na capital paraguaia, vários desabrigados foram alojados no centro histórico da capital e o monumento onde está o canhão El Criollo foi ocupado por barracas onde se instalaram as pessoas afetadas pelo desastre natural, gerando controvérsia a forma pela qual o país lidava com seu patrimônio histórico, sendo então aventado que seria melhor deixar o El Cristiano no Brasil, onde tinha destaque no Museu Histórico.[5] Em razão disto o periodista Andrés Colman Gutiérrez declarou, à época: "Há anos o Brasil é obrigado a devolver o famoso canhão El Cristiano, forjado com os sinos dos templos paraguaios. Alguém se pergunta: para quê? Lá está exposta com grande pompa no Museu de História do Rio de Janeiro. Aqui, ele acabaria como El Criollo".[nota 1][5] No livro de Marcelo Labes Paraízo-Paraguay, publicado em 2019, uma personagem paraguaia não nomeada discursa acerca do passado de violências no Paraguai e suas relações com as intervenções brasileiras no país, citando o caso do canhão El Cristiano e a tentativa de repatriação:
Notas e referênciasNotas
Referências
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