Ernesto Korrodi, nascido Ernst Korrodi (Zurique, 31[1] de janeiro de 1870 - Leiria, 3 de fevereiro de 1944), foi um arquiteto de origem suíça[2], que desenvolveu a sua atividade em Portugal.
Foi o mais bem sucedido dos arquitetos da sua época sedeados fora de Lisboa [3].
Os seus projetos seguiram uma linha persistentemente eclética, de base revivalista romântico-historicista a que foi incorporando elementos das novas correntes da arquitetura - Arte Nova e Artes Decorativas - até ao advento do Modernismo Internacional na fase mais tardia da sua carreira e já em parceria com o filho Camilo Korrodi.
Biografia
Korrodi veio para Portugal, aos dezanove anos, através de um concurso lançado na Embaixada de Portugal em Berna, em que se procuravam professores de desenho para as escolas portuguesas. Em 1889 começou a exercer funções na Escola Industrial e Comercial de Braga, onde ficaria até 1894. Nesse ano foi transferido para a Escola Industrial e Comercial de Leiria, lecionando Desenho Ornamental e [4]
Modelagem.
Após completar os cursos de escultor decorador e de professor de desenho, no "Winterthur - Technikum" (Escola de Arte Industrial do cantão de Zurique), Korrodi viria a concorrer a um cargo para professor de Desenho, anunciado no consulado de Portugal em Berna, e em 1889 foi colocado na Escola Industrial de Braga onde permaneceu cinco anos.
Em Braga, para além do ensino dedicou-se ao estudo de monumentos, igrejas, e palácios, sendo transferido, em 1894, para a Escola Industrial de Leiria onde de imediato se dedicou nas suas horas vagas, ao minucioso levantamento do que restava das ruínas do Castelo.
Em 1898, publica os “Estudos de Reconstrução sobre o Castelo de Leiria”, edição de 200 exemplares, subsidiada pelo Governo Português e impressa no Instituto Poligráfico de Zurique. Ainda nesse ano é homenageado com a Comenda do Mérito Industrial.
Em 1901, casa em Leiria com Quitéria Maia, professora do Ensino Primário,[5] Tiveram uma filha (Maria Teresa 1903-2002) e um filho (Camilo Korrodi 1905-1985, também arquiteto).
Em 1902, é agraciado com a Ordem de S. Thiago do Mérito Científico, Literário, e Artístico pelo projeto de reconstituição dos Paços do Duque de Bragança, em Barcelos.
Em 1905, foi nomeado diretor da Escola Industrial de Leiria.
O seu empenho em defesa do Castelo de Leiria conduziu à sua classificação como Monumento Nacional em 1910, e em 1915 cria a Liga dos Amigos do Castelo que, com a ajuda do Estado, deu início às primeiras obras de consolidação.
Após a derrocada parcial de um dos muros no Castelo de Leiria, foi nomeado diretor das obras, em 1921, à frente de uma comissão sujeita à Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), em caráter de urgência. O seu trabalho desenvolveu-se até 1934, quando se desligou. As obras, porém, prosseguiram na década de 1930, mas não corresponderam por completo aos seus Estudos.[6][7]
Para além do ensino e do estudo de monumentos históricos, desde cedo se dedicou à arquitetura, como autodidata, e em 1899 já era sócio da Real Associação dos Arquitectos e Arqueólogos, bem como da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses.
Os seus projetos de arquitetura estendem-se por todo o país, desde Chaves até Vila Real de Santo António, e em Lisboa foi agraciado com dois Prémios Valmor, em 1910 e em 1917.
Estabeleceu em Leiria uma oficina de cantarias, junto à sua residência, na qual chegou a ter como sócio Augusto Romão[8]. Esses trabalhos de cantaria enriqueceram não só as obras por si projetadas, como as de outros arquitetos por todo o país.
Em 1926, foi-lhe concedido pelo Governo Português, o título de Arquiteto (na mesma data que a Raul Lino).
Desde cedo se envolveu em diversos movimentos de modernização, chegando a realizar trabalhos e conferências por todo o país sobre o Ensino em Portugal, pelo que foi agraciado, em 1909, com a Comenda da Instrução Pública.
Em 1911, viria a liderar um movimento de âmbito nacional a favor do descanso dominical, promovendo-o energicamente através de conferências e artigos na imprensa.
Em 1997, foi publicada em livro a Tese de Mestrado de 1984 "Ernesto Korrodi – Arquitectura, Ensino, e Restauro do Património" de Lucília Verdelho da Costa, contribuindo de uma forma decisiva para dar a conhecer a dimensão da sua obra.
Ao longo dos anos, várias Teses de Mestrado têm sido apresentadas sobre a sua obra.
O Arquivo Distrital de Aveiro publicou o livro "Ernesto Korrodi - uma marca na cidade".
↑Nota: a data de nascimento 30-01-1870 surge em muitas referências, e o equívoco surgiu com a breve biografia de E.K. publicada por Sousa Viterbo no seu «Diccionário» no inicio do século XX. Mas a data correta é 31, confirmada pelo seu bilhete de identidade, monumento em Leiria em comemoração do seu centenário, e biografia publicada pelo seu filho nessa data.
Pág. 78. Nota 99, em Teixeira, José Manuel. «Arquiteto Ernesto Korrodi - vi(n)da e obra (edicao bilingue)». https://www.livrariaatlantico.com/lisbon-press/arquiteto-ernesto-korrodi-vinda-e-obra-edicao-bilingue
↑Algumas fontes indicam que se naturalizou português, mas apesar de o ter solicitado, nunca chegou a avançar com o processo.
Pág. 111, em Teixeira, José Manuel. «Arquiteto Ernesto Korrodi - vi(n)da e obra (edicao bilingue)». https://www.livrariaatlantico.com/lisbon-press/arquiteto-ernesto-korrodi-vinda-e-obra-edicao-bilingue
↑QUEIROZ, José Francisco Ferreira (2014). A oficina de cantarias de Ernesto Korrodi. Leiria: "Cadernos de Estudos Leirienses", Vol. 3, Textiverso, Dezembro de 2014. pp. 271–282