Dum-Dum Eduardo MAG (Produtor musical) Jurandir DJ Garga DJ Eric 12 Smith-E Moysés DJ Binho
Facção Central foi um grupo brasileiro de gangsta rap, formado na cidade de São Paulo no ano de 1989.[1] O grupo de rap alcançou enorme repercussão devido ao forte conteúdo de suas letras e até a prisão de seus integrantes após a veiculação do clipe "Isso Aqui É uma Guerra".[1]
História
O grupo foi formado em 31 de maio de 1989,[2] na região central de São Paulo, e foi inicialmente integrado por Jurandir, Cesinha, Serginho, Wilson e Mag, que posteriormente deixaram o grupo, sendo substituídos por Dum-Dum e Eduardo.
De 1997 para 1998, DJ Garga deixou o grupo e Erick 12 o substituiu, mas o mesmo também abandonou o grupo.[3] Nascidos e criados em cortiços, os componentes, conviveram desde a infância com violência social, tráfico de drogas, vícios, violência policial, delegacias e presídios.
Um passado violento transformado em fonte de inspiração e traduzido em composições contundentes que relatam a realidade cotidiana das camadas mais baixas da sociedade, além de criticar duramente aqueles que, na visão do compositor, seriam os causadores dos problemas discutidos nas letras das canções.[4] Ameaças policiais por telefone, censuras de algumas rádios, prisões pelo conteúdo de algumas letras e até mesmo a proibição de veiculação na televisãobrasileira do videoclipe "Isso Aqui É uma Guerra", considerado pelas autoridades como apologia ao crime, são algumas das consequências decorrentes da postura do grupo, outros exemplos da postura do grupo são o lírico das músicas.[5]
O grupo tem um estilo musical agressivo, violento, as letras do grupo seguem um violento estilo, entretanto racional. O grupo utiliza a linguagem da periferia (gírias) e a linguagem formal. Também é comum utilizar partes de músicas clássicas para iniciarem suas músicas. A religião se faz presente como mediadora, uma metáfora para a violência da Terra, como em "Hoje Deus Anda de Blindado" (Uma alusão à música de 1999 do grupo Pavilhão 9, "Se Deus Vier, Que Venha Armado").
Em 1999, o grupo lançou o disco Versos Sangrentos, com batidas fortes e letras de protesto, relacionadas aos temas violência, corrupção, fome, violência policial e a ineficácia do governo.
Foi alvo de censura, tendo o disco ido à loja com 15 músicas gravadas e um videoclipe da música "Isso Aqui É uma Guerra", que foi acusada e censurada por apologia ao crime.[6][7] O clipe foi ao ar durante seis meses e chegou a passar na MTV, mas logo foi retirado pelo mesmo motivo.[8] Os integrantes afirmaram que não tinha nenhuma apologia no clipe, pois no final um dos bandidos que assaltaram o banco foi morto, com a mensagem de que o crime não compensa.[9]
Após a censura
Após a censura do videoclipe do grupo no disco Versos Sangrentos, o Facção Central lançou o álbum A Marcha Fúnebre Prossegue, que inicia-se com uma introdução à notícia da censura, dada em vários telejornais com os dizeres "Rap que faz apologia ao crime, Facção Central", divulgado no Jornal Nacional por Fátima Bernardes. Essa introdução é composta por vários "recortes" de noticiários da televisão brasileira. Após a faixa "Introdução", vem em seguida a faixa "Dia Comum", que conta a história do cotidiano das periferias brasileiras, e, em seguida, a faixa "A Guerra Não Vai Acabar", uma espécie de "carta-resposta" a censura do videoclipe, que inicia-se com uma pesada letra e críticas a promotoria, dizendo "Aí promotor, o pesadelo voltou, censurou o clipe mas a guerra não acabou; ainda tem defunto a cada 13 minutos das cidades entre as quinze mais violentas do mundo", e no refrão da mesma música eles dizem "Pode censurar, me prender, me matar, não é assim promotor que a guerra vai acabar". Outras críticas seguem no decorrer do álbum e nelas se destacam "A Marcha Fúnebre Prossegue" e "Desculpa Mãe".[10]
Em 2003, o grupo lançou Direto do Campo de Extermínio, seu quinto álbum, vencendo as categorias “Melhor Álbum do Ano” e “Música do Ano” com a faixa “O Menino do Morro” no Prêmio Hútuz daquele ano.[11]
Mais tarde, em 2006, com O Espetáculo do Circo dos Horrores, Facção Central mais uma vez garantiu o prêmio de “Melhor Álbum do Ano” no Prêmio Hútuz.[12]
Saída de Eduardo
No dia 18 de março de 2013, Eduardo postou um vídeo no YouTube informando que, devido a algumas desavenças, não fazia mais parte do grupo.
Sendo assim, deixando claro para os fãs que não irá abandonar o Rap, e ainda vai ter uma longa caminhada nessa estrada, relatando os problemas podres de nossa nação.
Curto período com Moysés
O intérprete e compositor Moysés ingressou ao Facção Central logo após a saída de Eduardo, em 2013.
Durante seu período no grupo foram gravadas duas músicas e em pareceria com os Racionais MC's que estavam comemorando 25 anos de carreira se apresentou com Dum-Dum[13] em um show na Zona Leste de São Paulo.
No dia 4 de agosto de 2014, Moysés anunciou seu desligamento alegando: "Minha decisão por sair do grupo foi tomada após eu entender que a forma que eu enxergo a guerra é diferente da forma que o meu mano Dum-Dum a enxerga, cada um tem sua visão sobre a opressão".[14] Dum-Dum passou a carregar o nome do grupo como único responsável pelas atividades desde a saída de Eduardo, de 2013 a 2023, ano de seu falecimento.[15]
↑Albin, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro. Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006. Amaral, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro. Edição do Autor, 2008. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
↑«Hutuz grupo leva prêmio». Portal Rap nacional. 23 de dezembro de 2009. Consultado em 6 de abril de 2016. Arquivado do original em 5 de novembro de 2006