Feliciano Sodré
Feliciano Pires de Abreu Sodré (Macaé[1] ou São Sebastião do Alto[2], 1881 — Niterói, 1945) foi um engenheiro, militar e político brasileiro.[1] Protagonizou um período conturbado da política fluminense quando concorreu duas vezes para o cargo de presidente do estado do Rio de Janeiro e, em ambas, entrou em conflito com seu antigo aliado político Nilo Peçanha.[1] Vida políticaO primeiro-tenente engenheiro militar foi eleito deputado estadual no Rio de Janeiro em 1910, e posteriormente nomeado prefeito da cidade de Niterói pelo presidente do estado à época Oliveira Botelho.[2] Mandato como prefeito de NiteróiComo aliado de Oliveira Botelho, Feliciano Sodré tivera à sua disposição cerca de 25.000 contos de réis que o governo estadual captou de empréstimos no exterior. Com isso, continuou a fase de grandes empreendimentos na cidade, como seus antecessores. Em 1911 reformou o Teatro João Caetano (Teatro Municipal de Niterói). Propôs à Câmara de Vereadores o saneamento da enseada de São Lourenço, mediante aterro, a construção de um grande porto em Niterói naquele local[3] e a captação de águas de rio com nascentes nas encostas da Serra dos Órgãos para reforçar o abastecimento da cidade.[2], Promoveu a construção da nova sede legislativa, o Paço Municipal de Niterói[2], em detrimento do antigo prédio da sede municipal, a Casa da Câmara e Cadeia, construído em 1824, que preferiu ver demolido, por querer apagar resquícios do período imperial.[4] Também em 1913 o prefeito iniciou as obras de construção do novo quartel do Corpo de Bombeiros na Rua Marquês do Paraná. Promoveu o calçamento de várias ruas e avenidas. Também realizou o desmonte do morro situado à esquerda da Rua Doutor Celestino aterrando o antigo Campo Sujo. Com isso, possibilitou a abertura de um novo arruamento e o projeto de criação do centro cívico da capital do estado (atual Praça da República), iniciado pelo governador Oliveira Botelho e finalizado no de Nilo Peçanha. Construiu o outrora Asilo da Velhice Desamparada, que já fora sede da Faculdade de Medicina, legada à Universidade Federal Fluminense, e onde hoje se situa o prédio do Instituto Biomédico da mesma. Seu mandato como prefeito de Niterói se estendeu de 31 de dezembro de 1910 a 21 de março de 1914, quando desincompatibilizou-se do cargo para concorrer ao posto de presidente do estado do Rio de Janeiro. Crises da dualidade de mandatos e legislaturas no estado do RioA crise inicia-se com o rompimento entre o presidente do estado do Rio de Janeiro Oliveira Botelho e Nilo Peçanha. Primeira crise — eleição de 1914O Partido Republicano Fluminense, na oposição, passou a aglutinar as várias correntes antinilistas da política fluminense. No pleito federal de 1912 não elegeu nenhum representante, e nas eleições para Assembleia Legislativa fluminense no mesmo ano, conseguiu eleger apenas dois deputados estaduais. Contudo, com o rompimento político entre Oliveira Botelho e Nilo Peçanha, novamente o PRF mudaria de mãos. As divergências entre os líderes estaduais se deram durante as discussões para sucessão de Hermes da Fonseca. O presidente fluminense apoiou, juntamente com Hermes da Fonseca e Pinheiro Machado, a candidatura do mineiro e então vice-presidente da República Venceslau Brás, enquanto Nilo Peçanha mostrava-se neutro. O rompimento definitivo veio com a sucessão estadual, quando Oliveira Botelho, apoiado pelo governo federal, lançou o nome de Feliciano Sodré, então prefeito de Niterói. Nilo Peçanha não concordou com a indicação nem com a interferência federal, e candidatou-se novamente ao governo fluminense. Com esse rompimento, os nilistas voltaram a usar a sigla do PRF para sua candidatura, enquanto Feliciano Sodré concorreu pelo Partido Republicano Conservador Fluminense (PRCF). Durante a campanha eleitoral, Nilo Peçanha fortaleceu o PRF e, enquanto Feliciano Sodré viajava procurando apoio das lideranças estaduais, Oliveira Botelho convocou a ALERJ para uma sessão extraordinária, na qual procurou derrubar a mesa diretora da casa, composta por políticos nilistas. Diante da ameaça, os deputados do PRF solicitaram um habeas corpus preventivo junto ao Supremo Tribunal Federal que, ao ser concedido em 6 de junho de 1914, provocou a divisão da Assembleia em dois grupos: os nilistas aglutinados no PRF e apoiado pelo STF, e outro de botelhistas organizados em torno do PRCF e apoiado pelos governos estadual e federal. Enquanto o primeiro buscava continuar a atividade legislativa, o segundo recusava-se procurava barrar as sessões. No dia 21 do mesmo mês, quando os nilistas conseguiram quórum para abrir a sessão, os botelhistas reuniram-se em local diferente, formando-se assim duas assembleias legislativas, como ocorrera em 1910. Depois do pleito de 12 de julho de 1914, os dois grupos se declararam vencedores e foram reconhecidos pelas respectivas assembleias. Em outubro, Hermes da Fonseca enviou mensagem à Câmara dos Deputados criticando a decisão do STF na disputa eleitoral fluminense. Tal fato foi encarado como uma tentativa do presidente de intervir no estado, mas como este se encontrava nos últimos dias de governo, a Câmara não aprovou a intervenção. Segunda crise — eleição de 1922A disputa política pelo governo fluminense com o candidato situacionista, o nilista Raul Fernandes, causa novamente outra dualidade de assembleias legislativas e presidentes de estado (a última foi em 1914, justamente tendo Feliciano Sodré e Nilo Peçanha em lados opostos[2][5]), cada qual colocando-se como vencedor. Apesar de Sodré haver sido empossado presidente, em 31 de dezembro de 1922, pela maioria oposicionista na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, o candidato situacionista, com apoio dos militares, tomou posse do Poder Executivo, munido de um habeas corpus expedido pelo Supremo Tribunal Federal. Diante do impasse, o presidente da república Artur Bernardes - de quem Feliciano Sodré era partidário — proclamou intervenção federal e nomeou Aurelino Leal como interventor em 10 de janeiro de 1923. Através do decreto Decreto n° 1.975 de 22 de agosto de 1923, o interventor resolveu dissolver as Prefeituras e Câmaras Municipais do estado.[6] Novas eleições foram convocadas[7] e o então tenente-coronel Feliciano Sodré assumiu a presidência do estado de direito e de fato. Com o falecimento de Nilo Peçanha em 1924, seu grupo político se enfraqueceu. Presidente do Rio de Janeiro e senador da RepúblicaO presidente do estado fora um dos idealizadores da Renascença Fluminense — movimento que promoveu uma urbanização modernizadora e inaugurações de jardins, monumentos, hermas e placas comemorativas em homenagem a figuras de vulto da política fluminense ou nacional, sendo destaque o Monumento à República, na praça de mesmo nome, no novo centro cívico da capital fluminense da época (Niterói). Era claramente inspirado na modernização da cidade do Rio de Janeiro promovida por Pereira Passos.[2] Começou levar à frente de projetos que não implementou na capital estadual quando era prefeito, sendo o principal deles o aterro da enseada de São Lourenço, construção do Porto de Niterói, arruamento da área acrescida pelo aterro, na forma de semicírculo e obras de saneamento e esgoto na cidade. Também iniciou as obras para a construção de um mesmo porto na cidade de Angra dos Reis,[8] para atender ao escoamento da produção de café proveniente da região do Vale do Paraíba. Na agricultura, tentou estabelecer o burgo agrícola de Sodrelândia (no município de Trajano de Morais) e criar o Instituto de Economia e Fomento Agrícola.[9] Nenhum desses planos agrícolas vingou. No campo das finanças não só contraiu mais empréstimos para financiar suas obras, como anulou toda a dívida sua e seu antecessor, enquanto prefeitos da cidade de Niterói, que somavam a quantia de 18.000 contos de réis através da expedição da Lei n° 1.901 de 24 de novembro de 1924. Exerceu então o governo fluminense entre os anos de 1923 e 1927, sendo eleito senador pelo estado do Rio em 1928. HomenagensMuitos logradouros e escolas no estado do Rio de Janeiro homenageiam o político, podendo citá-los nos municípios de Cabo Frio, Casimiro de Abreu, São Gonçalo, São Pedro da Aldeia, Niterói, Macaé e Teresópolis. Destaques são dados a Cabo Frio e a Niterói. O primeiro por sua ponte, inaugurada em 1926 (maior vão livre do país naquela época), que interliga os dois lados da cidade, separados pelo canal do Itajuru[10] e tombada pelo Patrimônio Municipal em 1989. O segundo pela avenida, que passa paralela ao porto cuja construção promoveu. Ela inicia-se da Praça da Renascença (centro do semicírculo do arruamento) e estende-se até a esquina com a Avenida Rio Branco. Bibliografia
Referências
Ligações externas
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