Filhos da França (em francês: Fils de France) era um título honorífico que possuíam os filhos legítimos dos reis e Delfins de França. Os membros femininos da Família Real eram conhecidas como Filhas da França (em francês: Filles de France).
Para os filhos do Delfim, na qualidade de filhos do herdeiro aparente, se concedeu o mesmo status dos filhos do Monarca.
Desde o século XV, os principais membros da Casa Real Francesa foram raramente designados com algum título nobiliárquico; assim, a melhor forma para reconhecê-los foi a sua posição dentro da Família Real.
A Família Real (em francês: Famille du Roi) era composta pelo Rei, Rainha, Rainha-Mãe, os Infantes ou "Filhos de França" (em francês: enfants de France), os Pequenos Infantes ou "Netos da França" (em em francês: Petits-enfants de France).[5]
O delfim era o mais velho dos Filhos da França, e era conhecido como Monsieur ou Monsenhor o Delfim (em francês: Monsieur Le Dauphin ou Monseigneur Le Dauphin). Já o irmão do futuro rei era conhecido, simplesmente, como Monsieur e sua esposa de Madame.[6]
As filhas do Rei recebiam após o seu nome o título de Madame; já a filha mais velha recebia o título de Madame Real (em francês: Madame Royale) até se casar. Os filhos, quando recebiam títulos, eram os principais do pariato, sendo normalmente o de Duque, com exceção do delfim.
Havia uma diferença entre os Filhos da França e Príncipes de Sangue. Os primeiros eram a família mais próxima do Rei (filhos e irmãos); já os segundos faziam referência a qualquer uma das linhas derivada da Casa Real Francesa (Orleães, Condé etc). O chefe de cada linha secundária recebia um nome particular, ou seja, seguiam a linha masculina, sendo bisnetos e descendentes mais remotos dos Reis Franceses anteriores.
É necessário o conhecimento destes termos para a leitura de textos escritos por Retz, Saint-Simon, entre outros.
Sobrenomes
O rei e a rainha da França não tinham sobrenome. Esse vazio levou os revolucionários a dar-lhes o sobrenome Capet (Capeto), adotando o apelido de seu primeiro ancestral masculino conhecido, Hugo Capeto. Os filhos da França levavam o sobrenome de France ("da França" em português). Este uso é antigo porque remonta ao final do século XIII [obs. 1]. O rei, a rainha e os filhos da França assinavam apenas com o primeiro nome, sem número ou sobrenome. Era um privilégio que lhes estava reservado e que marcava a sua preeminência sobre todas as outras dinastias, que deviam assinar acrescentando o sobrenome após o primeiro nome.
Os netos do rei França levavam como sobrenome o nome do apanágio que havia sido conferido ao pai. Se estabelecessem raízes, esse sobrenome passava a ser o sobrenome hereditário, como aconteceu com a família Orléans. Era assim que os Príncipes de Sangue tinham como sobrenome o nome do apanágio do filho da França de quem descendiam. No entanto, quando um ramo de príncipes de sangue acedia ao trono, tornando-se o ramo mais antigo da dinastia, passavam a receber o sobrenome de “de France”.
Todos os enfants de France tinham, a partir do Reinado de Luís XIII,[19] o direito de usar o estilo de Alteza Real. Mas na prática, era mais usual os tratamentos honoríficos tradicionais (Monsieur, Madame ou Mademoiselle)[20].
Títulos tradicionais
Monseigneur ou Monsieur le Dauphin→ herdeiro da Coroa, seria o primogênito (sexo masculino) do Rei ou seu neto. Em algumas ocasiões havia pequena variação de título, como no caso de Luís chamado de Grande Delfim, por ser obeso, e de seu filho Luís, o Duque de Borgonha, ao que se concedeu o título de Petit Dauphin (em português: Pequeno Delfim), para distingui-lo de seu pai;
Monsieur → o irmão varão do Rei, sendo que esta, em ordem de nascimento, abaixo do Rei; se este havia falecido o título ia para o seguinte na ordem de nascimento e;
↑Hyacinthe Morice, Mémoires pour servir de preuves à l'histoire ecclésiastique et civile de Bretagne, tirés des archives de cette province, de celles de France et d'Angleterre, des recueils de plusieurs sçavans antiquaires, et mis en ordre, Predefinição:T.I, p. 1350-1351 Predefinição:Bnf, lire en ligne
↑A partir de 1299, com Luís de França ou Louis de France (filho de Filipe III de França), assim chamado num relato real sobre os preparativos militares, e alguns anos mais tarde, nomeadamente num ato do Duque de Brabante (1304) e em cartas do então Príncipe de Gales e futuro rei da Inglaterra Eduardo II (endereçado a Louis de France)[7],[8]. O primeiro[9],[10] filho de um rei da França a assumir o sobrenome “de France” foi João de França ou Jean de France[11] (filho de Filipe VI de França e futuro rei João II) em abril de 1328, logo após a ascensão do seu pai. As primeiras [12]·[13] filhas do rei da França a assumirem o sobrenome “de France” foram as filhas de Filipe V (mas após o advento dos Valois): Joana da França ou Jeanne de France[14],[15] (Duquesa da Borgonha) em 1335 e Branca de França ou Blanche de France[16] em 1340. Antes destas datas, os filhos dos reis de França não tinham sobrenome e eram apenas referidos pelo primeiro nome e pelo título.
↑O Infante Philippe (filho do Rei de Espanha Filipe V) adotou o nome Bourbon em 1742 numa carta de marca[17].
↑O sobrenome Bourbon foi adotado pela primeira vez em 1731 pelo Infante Carlos (filho do Rei Filipe V da Espanha), que cunhou dinheiro autodenominando-se Carlos I de Borbón y Farnesio, Duque de Parma y Plasencia .[18]