Filipe era o neto do rei Luís XIV da França. Seu pai tinha a reivindicação mais forte ao trono espanhol quando este ficou vago em 1700 com a morte do rei Carlos II. Entretanto, como ele e seu irmão Luís, Duque da Borgonha, não podiam perder seu lugar na sucessão francesa, Filipe foi nomeado sucessor de Carlos. Como a união da França e da Espanha sob um único monarca poderia desequilibrar o poder na Europa, as outras potências tomaram passos para impedir isso. Sua ascensão ao trono espanhol causou a Guerra da Sucessão Espanhola durante catorze anos, terminando apenas com o Tratado de Utrecht que proibia que os dois reinos fossem unidos.
Filipe sucedeu seu tio-avô Carlos II, tendo sido o primeiro monarca espanhol da Casa de Bourbon. A soma de seus dois reinados, 45 anos e 21 dias, é a mais longa da história da monarquia espanhola.
O cada vez mais ambicioso Luís XIV desejava ardentemente estender o domínio da sua família à vizinha Espanha, e dessa forma adquirir as ricas possessões da América Espanhola. Contudo, as outras potências europeias receavam a união de dois Estados tão poderosos, tanto quanto a França temia uma reunião da Espanha e da Áustria de novo sobre a cabeça de um Habsburgo. Daí ter-se gerado um conflito, motivado pela sucessão de Carlos II de Espanha, que morrera sem filhos, mas designara Filipe como seu sucessor. O Sacro-Imperador Romano Leopoldo I, parente próximo do rei defunto, julgando-se ter mais direitos ao trono de Espanha, iniciou as hostilidades, e assim teve início a Guerra de Sucessão da Espanha, a qual Filipe sairia vitorioso, e, que terminaria com a assinatura do Tratado de Utrecht (1713).
Embora tivesse saído vencedor e permanecido como rei de Espanha, teve que ceder à Grã-Bretanha a ilha de Menorca, nas Baleares, assim como o rochedo de Gibraltar, e aos Habsburgos da Áustria os Países Baixos Espanhóis. A perda dos territórios mencionados marcou o início do declínio espanhol na Europa, por oposição ao da França, agora senhora praticamente incontestada no Continente Europeu, e da Grã-Bretanha, que dominava as rotas do comércio mundial.[1]
A 14 de Janeiro de 1724, Filipe abdicou do trono a favor do seu filho mais velho, Luís I, mas voltaria a assumir a coroa de Espanha sete meses mais tarde, quando o seu filho faleceu, vítima de varíola.[2]
Filipe ajudou os seus familiares em França a conseguir significativos ganhos territoriais durante as guerras de sucessão na Polônia e Áustria, e, favoreceu e promoveu o comércio entre a Espanha e suas colônias americanas.[3]
Últimos anos
Embora o seu governo tenha contribuído para uma melhoria significativa do Estado da Espanha, que ficara muito enfraquecida durante o reinado da dinastia de Habsburgo, para o fim da vida, Filipe viu-se afligido por uma depressão, caindo como outros antecessores do trono espanhol, num estado de grande melancolia. Sua segunda esposa, Isabel Farnésio, dominava o monarca.[4] Ela deu-lhe outros filhos, incluindo outro sucessor, Carlos III de Espanha.
Em 1737, sua melancolia foi aliviada pelo cantor de ópera Farinelli, que se tornou o músico oficial da Corte. Farinelli cantava oito ou nove árias para o rei e a rainha todas as noites, geralmente com um trio de músicos.[5]
Filipe V (abdicou em 15 de janeiro de 1724 em favor de seu filho Luís I, entretanto com a morte deste em agosto de 1724, Filipe assumiu o trono novamente reinando até sua morte, sendo sucedido por Fernando VI).
↑SABATER GALINDO, Francisco Javier (1990). Relaciones políticas y diplomáticas hispano-británicas durante el reinado de Felipe V (em espanhol). Madrid: Universidad Complutense
↑KAMEN, Henry (2000). Felipe V: el rey que reinó dos veces (em espanhol). Madrid: Temas de Hoy. ISBN9788484608981
↑GONZÁLEZ ENCISO, Agustín (2003). Felipe V, la renovación de España: sociedad y economía en el reinado del primer Borbón (em espanhol). Pamplona: EUNSA. ISBN84-313-2067-2
↑ERLANGER, Philippe (2003). Felipe V, esclavo de sus mujeres (em espanhol). Barcelona: Ariel
↑La bruja y el estudiante: intrigas y pasiones en la Corte de Felipe V (em espanhol). Barcelona: Rondas. 2003. ISBN84-85247-23-X
↑BENIMELI FERRER, José (1974). La masonería española en el siglo XVIII (em espanhol). Madrid: Siglo XXI
↑THORY, Claude Antoine (1815). Acta Latomorum (em espanhol). Paris: Nabu Press. ISBN978-1246050660