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Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico. Cruzava fogos com o Forte de Santa Catarina das Mós a oeste, na defesa da baía das Mós, e com os fortes do Pesqueiro dos Meninos e do Porto Novo (ou de São Sebastião, desaparecido), a este, na defesa da baía do Porto Novo.
"Não havia naquele tempo [Crise de sucessão de 1580] em toda a costa da ilha Terceira alguma fortaleza, excepto aquela de S. Sebastião, posto que em todas as cortinas do sul se tivessem feito alguns redutos e estâncias, nos lugares mais susceptíveis de desembarque inimigo, conforme a indicação e plano do engenheiro Tomás Benedito, que nesta diligência andou desde o ano de 1567, depois que, no antecedente de 1566, os franceses, comandados pelo terrível pirata Caldeira, barbaramente haviam saqueado a ilha da Madeira, e intentado fazer o mesmo nesta ilha, donde parece que foram repelidos à força das nossas armas."[1]
A seu respeito, DRUMMOND registou:
"Dentro da baía, ou casa, das Mós, que é a mais profunda da ilha, e onde estão os ilhéus da Mina, bem conhecidos nas cartas marítimas, edificou-se o forte da Greta; e o de Santa Catarina, aos quais pela sua posição e construção bem podíamos chamar castelos; e se lhe fez uma forte muralha com que se fechou aquela cortina, como ainda hoje atestam os fortes vestígios ali existentes; e entre os ilhéus fez-se um baluarte, no lugar em que pelos anos em diante a Câmara de Angra mandou construir a fortaleza do Bom Jesus."[1]
À época da Restauração Portuguesa (1640) não se encontra referido na descrição do episódio do desembarque das forças do capitão espanhol D. Luís Peres de Viveiros (20 de junho de 1641), irmão do general D. Álvaro de Viveiros, governador do Castelo de São Filipe e que vinha de Espanha em seu socorro,[2] tendo sido derrotado em terra pelos habitantes da Terceira.[3] Por essa razão, os oficiais da Câmara de Angra, determinaram a reconstrução dessa defesa, concluída em 1644 e colocada sob a invocação do Bom Jesus.
No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Forte do Bom Jesus." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".[4]
"11º - Forte do bom Jesus. Foi reformado de novo, tem oito canhoneiras e quatro peças de ferro boas com os seus reparos capazes; precisa mais quatro peças com os seus reparos e para se guarnecer precisa oito artilheiros e trinta e dois auxiliares."[5]
Encontra-se referido como "10. Forte do Bom Jezus ultimo da B.ª das mós" no relatório "Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira", do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que apenas assinala: "Tambem se acha redificado de novo, náo careçe de obra algua."[6]
Dele existe alçado e planta ("Forte do Bom Jezus") na "Colecção de Plantas e Alçados de 32 Fortalezas dos Açores, por Joze Rodrigo d'Almeida em 1806".[7]
A "Relação" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 localiza-o na freguesia de Porto Judeu e informa que se encontra incapaz desde muitos anos.[8]
No tombo de 1881 foi encontrado abandonado e em ruínas.[9]
Arruinada em grande parte devido à erosão, atualmente subsistem vestígios da estrutura, em precário estado de conservação, e em risco de derrocada, estando apenas segura por parte do alicerce.
São identificáveis uma estrutura de planta retangular com teto, ainda com vestígios de telha e um alinhamento da antiga muralha, pelo lado norte. Da parte este subsiste um pequeno lanço da muralha, embora muito mau estado, com cerca de 2,75 metros de espessura. Em alguns pontos do terrapleno ainda se observa o antigo lajeado.
A partir de janeiro de 2012 passou a ser utilizado nas atividades de Geocaching.[10]
Em suas muralhas abriam-se seis canhoneiras. Possuía um torreão para a fuzilaria, um paiol abobadado para a pólvora e casa para a guarnição. Por sobre o portão, encontrava-se a pedra de armas e uma inscrição epigráfica onde, no último quartel do século XIX ainda se conseguia ler a data de 1644.
↑O reforço era constituído por uma nau, com 300 soldados, víveres, armamento e munições. Chegando a 20 de junho à vista da Terceira, rumo ao porto de Angra, saiu-lhe à caça a pequena armada local, fundeada no Porto Judeu. Duas fragatas neerlandesas, ostentando a bandeira das Províncias Unidas, se adiantaram, chegando quase à distância de um tiro de peça. Julgando-se confrontado por uma armada das Províncias Unidas, D. Luís de Viveiros buscou a costa, e fez desembarcar os seus homens no ilhéu da Mina, local onde, em 1583, o marquês de Santa Cruz havia sido bem sucedido. Enquanto isso, em terra, os sinos de São Sebastião a rebate, haviam convocado a população. Como os homens válidos se encontravam no cerco ao Castelo de São Filipe, no Monte Brasil, as mulheres, crianças e padres acudiram ao rebate, postando-se em frente ao ilhéu com tamanho alarido que os espanhóis não se atreveram a atravessar o estreito, sendo forçados a aguardar quase um dia até à chegada do capitão-mor Francisco Ornelas da Câmara, no comando de quatro companhias, a quem se renderam, sem que um único tiro fosse disparado. A tropa espanhola, composta por jovens inexperientes e enfraquecidas, necessitou que mais de cem homens fossem transportados em carros de bois até ao hospital da Praia; os restantes, famintos, a caminho das prisões de Angra, atravessavam uns campos de tremoços ainda verdes, que foram comendo, como um saboroso alimento.(FARIA, 1997)
↑DRUMMOND, Francisco Ferreira. Anais da Ilha Terceira. tomo 2, p. 43 e 86.
Anónimo. "Colecção de todos os fortes da jurisdição da Villa da Praia e da jurisdição da cidade na Ilha Terceira, com a indicação da importância da despesa das obras necessárias em cada um deles (Arquivo Histórico Ultramarino)". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LI-LII, 1993-1994.
Anónimo. "Revista aos Fortes que Defendem a Costa da Ilha Terceira – 1776 (Arquivo Histórico Ultramarino)". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LVI, 1998.
BASTOS, Barão de. "Relação dos fortes, Castellos e outros pontos fortificados que se achão ao prezente inteiramente abandonados, e que nenhuma utilidade tem para a defeza do Pais, com declaração d'aquelles que se podem desde ja desprezar." in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LV, 1997. p. 267-271.
CASTELO BRANCO, António do Couto de; FERRÃO, António de Novais. "Memorias militares, pertencentes ao serviço da guerra assim terrestre como maritima, em que se contém as obrigações dos officiaes de infantaria, cavallaria, artilharia e engenheiros; insignias que lhe tocam trazer; a fórma de compôr e conservar o campo; o modo de expugnar e defender as praças, etc.". Amesterdão, 1719. 358 p. (tomo I p. 300-306) in Arquivo dos Açores, vol. IV (ed. fac-similada de 1882). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 178-181.
DRUMMOND, Francisco Ferreira. Anais da Ilha Terceira (fac-simil. da ed. de 1859). Angra do Heroísmo (Açores): Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981.
FARIA, Manuel Augusto. "Ilha Terceira – Fortaleza do Atlântico: Forte do Bom Jesus". in Diário Insular, 11-12 de outubro de 1997.
FERREIRA, Manno da Cunha Sanches. "Antigas Fortificações da ilha Terceira, seu artilhamento". in Revista de Artilharia, Fevereiro/Maio de 1957.
JÚDICE, João António. "Revista dos Fortes da Terceira". in Arquivo dos Açores, vol. V (ed. fac-similada de 1883). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 359-363.
LIMA, Manuel Coelho Baptista de. "As fortalezas das ilhas dos Açores: sua urgente conservação e restauro". in "Livro do Primeiro Congresso sobre monumentos militares portugueses". Lisboa, Património XXI, 1989, p. 115-123.
MARTINS, José Salgado, "Património Edificado da Ilha Terceira: o Passado e o Presente". Separata da revista Atlântida, vol. LII, 2007. p. 35.
MOTA, Valdemar. "Fortificação da Ilha Terceira". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LI-LII, 1993-1994.
NEVES, Carlos; CARVALHO, Filipe; MATOS, Arthur Teodoro de (coord.). "Documentação sobre as Fortificações dos Açores existentes nos Arquivos de Lisboa – Catálogo". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. L, 1992.
SAMPAIO, Alfredo da Silva. Memória sobre a Ilha Terceira. Angra do Heroísmo (Açores): Imprensa Municipal, 1904.
VIEIRA, Alberto. "Da poliorcética à fortificação nos Açores: introdução ao estudo do sistema defensivo nos Açores nos séculos XVI-XIX". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. XLV, tomo II, 1987.