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Hazaras

Hazara
آزره
Homens hazara em Cabul, Afeganistão
População total

Mais de 8 milhões[1]

Regiões com população significativa
 Afeganistão 4 milhões (2009) [2][3]
Paquistão 1 550 000 [4][5]
Irã Irão 500 000 [6]
União Europeia 130 000 [7]
 Turquia 26 000 [8]
 Austrália 20 000 (2014) [9]
 Canadá 10 300 [10]
Indonésia 3 800 [11]
Línguas
Hazaragi e Dari (variantes ocidentais do persa)
Religiões
Islão (maioria xiita mas com significante minoria sunita)
Grupos étnicos relacionados
Aimaques, usbeques, tajiques

Os hazaras são um povo de origem turca e mongol que reside principalmente na região central do Afeganistão conhecida como Hazarajat (hazaristão).[12] Sua língua, o hazaragi, é um dialeto próprio do idioma persa com muitas palavras do idioma turco. Os hazaras compõem cerca de 30% da população Afeganistão.[10]

A maior parte deles é muçulmana xiita e também com minorias muçulmanos sunita e ismailita em um país muçulmano de maioria esmagadora sunita.

Por causa dos seus traços asiáticos são considerados de uma casta inferior. Por esse motivo, sempre foram perseguidos e pelo fato de serem constantemente lembrados de sua inferioridade, que alguns aceitam como verdade. Por causa da opressão, os hazaras se espalharam pelo Oriente Médio, habitando também o Irã e o Paquistão, além de estarem espalhados por várias outras regiões do mundo.

Genocídio dos Hazara

Os hazaras são um povo que sofre profunda discriminação étnica dentro do seu próprio país, pois a maioria fundamentalista sunita, viam os hazaras como infiéis que mereciam morrer. Para os sunitas, os hazaras não tinham a aparência que "devia ter" um afegão e não faziam suas devoções como "devia fazer" um muçulmano. Dizia um ditado afegão sunita: "Aos tadjiques o Tadjiquistão, aos usbeques o Usbequistão, e aos hazaras o goristão (cemitério)."[13][14]

Inclusive, várias entidades afegãs sunitas decretaram oficialmente o seu genocídio.[14]

  • O emir Abderramão Cã, no pico do seu conflicto de 1888–1893 contra os Hazara, nos quais numerosos massacres ocorreram, decretou:
“A infelidade dos Hazara de Daia (...) chegou a um ponto que tratam outros Gazi como infiéis. (...) O exército (...), de todos os lados e cantos da terra, concentrar-se-á no Hazaristão, para que nenhuma destas pessas desacertadas [líderes Hazara] permaneçam vivas, que os membros dos Hazara sejam tomados como escravos, e qualquer Mujahidin possua as suas mulheres e homens como escravos."

Este decreto foi levado a cabo à letra, tendo também os seus homens erguido torres de cabeças decepadas Hazara como um aviso a quem pretendesse continuar a desafiar o emir.[15]

  • Os talibã, ao tomar Mazar-i-Sharif a 8 de Agosto, 1998, na Guerra Civil Afegã, escutam o mulá Omar decretar dois dias de massacre da população local, prinicpalmente Hazara, em punição à resistência da Aliança do Norte. O mulá Manan Niazi, declarando-os infiéis, irá extender esta permissão em três dias. No fogo indiscriminado sobre civis, verificar-se-á buscas de casa a casa à procura de quem matar. Aos Hazaras, Manan Niazi dirá:
"Que se tornem sunitas, abandonem o Afeganistão, ou sejam mortos."

Até ao fim da guerra em 2001, massacres pelas autoridades talibãs continuarão a ser registrados.

Um período de prosperidade

A atitude do actual auto-proclamado governo talibã é em forte contraste com a situação antes da queda de Cabul, em 2021. Então, a região de Cabul era uma das mais seguras no Afeganistão, quase totalmente livre das plantações de papoula que dominavam outras regiões. Então sede do governo central da República Islâmica do Afeganistão, cerca de 40% da população é hazara. Nas ruas da parte oeste da cidade, viam-se crianças hazaras uniformizadas a caminho da escola, vendedores hazaras montando bancas de verdura, lojistas e alfaiates hazaras. Os hazaras tinham ganho acesso às universidades, aos empregos públicos e a outras atividades e direitos. Um dos vice-presidentes do país era hazara, assim como o parlamentar mais votado, e uma governadora hazara era a primeira e única mulher a ocupar tal cargo no país. Os próprios hazaras mantinham universidades e escolas.

Esse povo é tão ligado à cultura do conhecimento, que muitos dos seus professores sequer terminavam o ensino médio, para começar a lecionar. Isso se dá pelo fato da precariedade de algumas regiões, onde muitos se veem obrigados a começar a lecionar muito cedo, por uma série de fatores socioeconômicos.

Ver também

Galeria

Referências

  1. James B. Minahan (10 de fevereiro de 2014). Ethnic Groups of North, East, and Central Asia: An Encyclopedia. [S.l.]: ABC-CLIO. p. 99. ISBN 978-1-61069-018-8. Due to a lack of census statistics, estimates of the total Hazara population range from five million to more than eight million. 
  2. «The World Factbook». Consultado em 4 de dezembro de 2019. Arquivado do original em 7 de março de 2020 
  3. «Afghanistan | Data». data.worldbank.org 
  4. Census of Afghans in Pakistan 2005, UNHCR Statistical Summary Report (retrieved August 14, 2016)
  5. Yusuf, Imran (5 de outubro de 2011). «Who are the Hazara?». Tribune. Consultado em 1 de setembro de 2016 
  6. Smyth, Phillip (3 de junho de 2014). «Iran's Afghan Shiite Fighters in Syria». The Washington Institute for Near East Policy. Consultado em 22 de junho de 2017 
  7. «Austria holds refugee talks as young Hazaras flee persecution to make 'dangerous' journey to Europe – ABC News (Australian Broadcasting Corporation)». mobile.abc.net.au. 29 de fevereiro de 2016. Consultado em 19 de agosto de 2017 
  8. https://www.hazara.net/2014/06/afghan-hazara-refugees-seek-justice-in-turkey/
  9. Nowell, Laurie (16 de julho de 2014). «The Hazaras of Dandenong». The Age. Consultado em 19 de agosto de 2017 
  10. a b The population of people with descent from Afghanistan in Canada is 48,090. Hazara make up an estimated 30% of the population of Afghanistan depending to the source. The Hazara population in Canada is estimated from these two figures. Ethnic origins, 2006 counts, for Canada
  11. Afghan Hazaras' new life in Indonesia: Asylum-seeker community in West Java is large enough to easily man an eight-team Afghan football league, Al Jazeera, 21 de março de 2014, consultado em 5 de agosto de 2016 
  12. Martínez-Cruz, Begoña; Vitalis, Renaud; Ségurel, Laure; Austerlitz, Frédéric; Georges, Myriam; Théry, Sylvain; Quintana-Murci, Lluis; Hegay, Tatyana; Aldashev, Almaz (fevereiro de 2011). «In the heartland of Eurasia: the multilocus genetic landscape of Central Asian populations». European Journal of Human Genetics (em inglês) (2): 216–223. ISSN 1476-5438. doi:10.1038/ejhg.2010.153. Consultado em 12 de setembro de 2022 
  13. Askary, Sitarah Mohammadi,Sajjad. «Why the Hazara people fear genocide in Afghanistan». Al Jazeera (em inglês). Consultado em 16 de setembro de 2024 
  14. a b «Hazaras go to the graveyard (a Case Study on hazaras genocide by Taliban) | Jade Abresham» (PDF). Jade-Abresham (Silk Way). The SilkWay Weekly, Volume 6, Edition 2, No 190 (em inglês). 5 de dezembro de 2022. Consultado em 16 de setembro de 2024. Resumo divulgativo 
  15. Mūsawī, ʿAskar (1997). The Hazaras of Afghanistan: an historical, cultural, economic and political study 1. publ ed. New York: St. Martin's Press 
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