Igreja dos Corvos
A Igreja dos Corvos era um santuário moçárabe, convertido em centro de peregrinação. Nos relatos de Dreses a igreja ficava a sete milhas de distancia do Cabo de São Vicente, no Algarve.[1] A igreja era em forma de cúpula e virada para o mar e na sua vizinhança erguia-se uma mesquita, sendo ambos os templos locais de peregrinação.[2] O carácter sagrado do Cabo de São Vicente, onde se erguia a igreja dos Corvos, já era conhecido na antiguidade clássica. Estrabão referiu que no promontório sagrado havia um templo dedicado a Hércules e que o local era ocupado pelos deuses. Este carácter sagrado teria passado do culto pagão para o culto cristão e muçulmano pois o local continuou a ser alvo de culto por vários séculos.[3] Segundo a lenda o corpo de S. Vicente, martirizado em Valência por ordem de Públio Daciano, legado do imperador romano Diocleciano,[4] tinha sido trasladado por mar para Sagres quando Valência foi cercada por Abderramão I. Contava-se que lhe fizeram cortejo alguns corvos que ficaram de guarda ao santuário, a ponto de este ser conhecido, mesmo entre os mouros, por igreja dos corvos (em árabe Kanisat al-Gurab).[5] Dizia-se que corvos não tinham idade, e que no alto da igreja dez corvos estavam permanentemente pousados em vigília.[6][7] A igreja tornou-se um centro de peregrinação que se manteve activo até 1173.[8] Referências
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