A ilha da Jipoia[nota 1] é uma ilhabrasileira localizada na baía da Ilha Grande, município de Angra dos Reis, estado do Rio de Janeiro. Segunda maior dessa baía após a ilha Grande, Gipóia apresenta superfície total de 6 km² e é coberta de exuberante vegetação. Seu relevo irregular, recortado de enseadas, sobe a 287 metros de altitude na parte mais elevada. Gipóia já apresenta sinais de urbanização e desmatamento, principalmente na face voltada para o continente.[4]
Além de praias tanto tranquilas quanto revoltas, boas para as práticas de natação, mergulho ou surfe, na ilha pode-se também fazer passeios de barco, trilhas, mergulho, dentre várias outras atividades desportivas. Jipoia detém boa infraestrutura, que vai desde luxuosos hotéis até pousadas mais simples, além de restaurantes, bares e quiosques.
Etimologia
Alguns pesquisadores presumem que a denominação da ilha tenha se originado da palavra da língua tupiyï'mboya,[5] a qual se refere à Boa constrictor e outras espécies relacionadas de jiboias.[6] Acredita-se que tal referência surgiu em razão da forma da ilha, semelhante a uma cobra serpenteando a superfície do mar, ou, segundo a conta a tradição, pela presença de cobras diversas na própria ilha.[6]
História
Nos relatos do explorador inglês Anthony Knivet lê-se que, em 14 de outubro de 1597, ele partiu da cidade do Rio de Janeiro com seis canoas até Parati.[7] No caminho, após enfrentar uma grande tempestade, ter naufragado e aportado numa praia «por sorte», afirma ter esperado junto com seus companheiros de viagem dois dias para terem suas canoas reparadas. Partiram então rumo a uma ilha conhecida como Ippoa, onde encontraram dois ou três portugueses e obtiveram provisões para se restabelecer da longa viagem — sobretudo, batatas e bananas-da-terra.[7][nota 2]
Em 1930, o couraçado «Floriano», da Marinha Brasileira, encalhou na baía dos Calhaus mas foi resgatado posteriormente.[10] Até 1967 havia na praia do Vitorino uma fabrica de sardinhas, no mesmo lugar hoje em dia funciona um restaurante.
Características gerais
A ilha é ocupada principalmente por propriedades particulares e estabelecimentos turísticos, como pousadas e restaurantes.[1] Rodeada de enseadas, Jipoia contém várias praias em toda sua extensão, sendo Vitorino e Flechas as com melhores infraestruturas. A praia Vitorino é servida com cais para atracação de lanchas e saveiros, água transparente e com boa visibilidade, assim como boa estrutura para o atendimento ao turista, com duchas de água doce, toaletes, bar e restaurante especializado em frutos do mar e culinária japonesa. A praia das Flechas tem água cristalina e areia branca, com panorama para as ilhas Grande e Botinas. Essa praia apresenta trilhas que contornam toda a ilha. Ao todo, Jipoia conta com aproximadamente doze praias, próprias para mergulho, surfe ou pesca, entre as quais Peixoto, Calhau, Grande, Flecha, Vitorino, Fora, Jurubaíba e Piedade.
Coberta por exuberante floresta tropical, a ilha faz parte da APA Tamoios, que abrange todas as ilhas do município de Angra dos Reis.[1] A vegetação é classificada como «Floresta Sub-montana Densa», contudo, 80% da área é coberta por mata secundária, resultante de processos de regeneração natural ou reflorestamento.[1]
Notas
↑Gramaticalmente, palavras de origem tupi, africana, árabe e exótica devem sempre se escrever com «j». Entretanto, em textos mais antigos pode-se ver o topônimo Gipóia ainda grafado com «g».[3] O acento agudo dos ditongos abertos das paroxítonas «oi», «ei», «eu» também caiu na última Reforma da Língua Portuguesa.
↑Pelo relato e pela proximidade com Parati, muitos historiadores creem de fato se tratar da ilha da Jipoia.[8] Na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, volumes 302–303, a ilha é claramente denominada Ipoya.[9]
↑Fábio Ávila (2003). Turismo ecológico: Rio de Janeiro, Brasil. [S.l.]: Empresa das Artes. 287 páginas. ISBN8589138038
↑Editores do Aulete (2007). «Verbete jiboia». Dicionário Caldas Aulete. Consultado em 20 de setembro de 2015
↑ abDa redação (1990). Rio de Janeiro: cidade e estado: guía de turismo. [S.l.]: CBP Michelin. 311 páginas. ISBN206706570X
↑ abThe Admirable Adventures and Strange Fortunes of Master Anthony Knivet. [S.l.]: Vivien Kogut Lessa de Sá / Cambridge University Press. 2015. 268 páginas. ISBN9781107463004
↑Confraria do IHGB (1878). Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, edição 41, parte 1. [S.l.: s.n.]
↑Confraria do IHGB (1975). Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, volumes 302–303. [S.l.]: Imprensa Nacional
↑Adm. da Marinha. Anais hidrográficos, Volumes 12-15. [S.l.]: Diretoria de Hidrografia e Navegação