O padê[1] é uma cerimônia do candomblé e de religiões de origem ou influência afro-brasileira, na qual se oferecem a Exu, antes do início das cerimônias públicas ou privadas, alimentos e bebidas votivas, animais sacrificiais etc., na intenção de que não perturbe os trabalhos com seu lado brincalhão e que agencie a boa vontade dos orixás que serão invocados no culto. Também conhecido como despacho (de Exu).
Procedimentos
Tem início obrigatoriamente com o padê de Exu, do qual muitas vezes se dá uma interpretação falsa, particularmente nos candomblés banto: Dizem que Exu poderá perturbar a cerimônia se não for homenageado antes dos outros Orixás, como aliás ele mesmo reclamou.[2]
Para que não haja rixas, invasões da polícia (nas épocas em que havia perseguições contra os candomblés,"Estado Novo"), é preciso pedir-lhe que se afaste; daí o termo de despacho, empregado algumas vezes em lugar de padê, despachar (significando mandar alguém embora).
Exu é, na verdade, o Mercúrio africano, o intermediário necessário entre o homem e o sobrenatural - o Aiê com o Orum - intérprete que conhece ao mesmo tempo a língua dos mortais e a dos Orixá. É pois ele o encarregado - e o padê não tem outra finalidade - de levar aos Orixás da África o chamamento de seus filhos do Brasil.
O padê é celebrado pela Iamorô que é auxiliada por duas das filhas-de-santo mais antigas da casa, a dagã e a sidagã, ao som de cânticos em língua africana, cantados sob a direção da Iatebexê e sob o controle do babalorixá ou ialorixá, diante de uma quartinha com água e um alguidar contendo o alimento de Exu, um outro recipiente com o alimento favorito dos ancestrais. Embora o padê se dirija antes de tudo a Exu, comporta também obrigatoriamente uma cantiga aos mortos (Essá) ou para os antepassados do candomblé, alguns dentre eles sendo mesmo designados por seus títulos sacerdotais. A quartinha, o recipiente e o alguidar serão levados para fora do barracão onde se desenrolará o conjunto de cerimônias. Sendo um dos primeiros rituais executado, tem como objetivo principal retirar o Ajé (Energias negativas) e reverenciar os ancestrais, Eguns, Egunguns, Babá Eguns, em especial as grandes mães Iamins, Oxorongó, Opaocá e Agué-Xalugá. Este ritual tem como participante ativo as Iagãs, Iamorôs, ajemudás e Quirijebós que são cargos específicos para a proteção espiritual do terreiro.
A festa propriamente dita pode então ter início.
Referências
Ligações externas