Júlio Bressane
Júlio Eduardo Bressane de Azevedo (Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 1946) é um cineasta brasileiro. Ele é um dos principais expoentes do chamado Cinema Marginal, movimento dos anos 1960 e 1970 conhecido pela independência criativa, pela subversão das convenções cinematográficas tradicionais e pelo uso de recursos de baixo orçamento.[1] Bressane é ganhador de vários prêmios, incluindo um APCA e sete troféus do Festival de Brasília, além de ter recebido indicações para dois prêmios Grande Otelo. Em suas obras, caracterizadas por uma estrutura poética e ensaística, Bressane frequentemente substitui narrativas lineares por omissões deliberadas, privilegiando atmosferas subjetivas e fragmentadas. Seus filmes exploram trocadilhos, citações literárias e culturais, além de utilizar a música como um elemento central na construção do significado e da experiência estética.[1] Biografia e carreiraInício da carreira e ascensão (1968—1971)Júlio Eduardo Bressane de Azevedo é amplamente reconhecido como um cineasta experimental, com uma carreira marcada pela inovação e pela exploração de linguagens alternativas no cinema brasileiro. Seu longa-metragem de estreia, Cara a Cara (1968), destacou-se por sua abordagem poética, alinhada às propostas do Cinema Novo, movimento que buscava retratar a realidade social e política do Brasil com um olhar crítico e inovador.[2][3] Em 1969, Bressane deu início a uma nova estética cinematográfica que ficou conhecida como Cinema Marginal, com dois filmes icônicos: O Anjo Nasceu e Matou a Família e Foi ao Cinema. Essas obras subverteram as convenções narrativas e estilísticas, desafiando o cinema tradicional. Seu nome ganhou mais notoriedade após a realização do documentário sobre Maria Bethânia, cantora que estreou nacionalmente em 1965 e logo virou uma das maiores estrelas brasileiras. Bethânia Bem de Perto - A Propósito de um Show tornou-se um emblema na carreira do diretor e foi lançado em DVD décadas depois.[4] No início da década de 1970, Bressane, junto a Rogério Sganzerla, fundou a Belair Filmes, uma produtora que se tornou símbolo de liberdade criativa. Em um período de apenas três meses, dirigiu três filmes: A Família do Barulho, Barão Olavo, o Horrível e Cuidado Madame (1970). No ano seguinte, exilado devido à repressão da ditadura militar, realizou no exterior os longas A Fada do Oriente, Crazy Love (Amor Louco) e Memórias de um Estrangulador de Loiras (1971), seguidos por Lágrima Pantera em 1972. Ele chegou a se exilar em Londres, no início dos anos 1970, mas voltou ao Brasil alguns anos depois e fez um filme atrás do outro, usando a chanchada e o deboche como suas principais características.[5] Volta ao Brasil e cinema experimental (1973—presente)De volta ao Brasil, Bressane passou a trabalhar com artistas populares, expandindo as possibilidades de sua filmografia. O Rei do Baralho (1973) trouxe Grande Otelo no papel principal, enquanto O Monstro Caraíba (1975) contou com Carlos Imperial, e Jece Valadão protagonizou O Gigante da América (1978). Durante esse período, realizou também Agonia (1976), onde radicalizou ainda mais suas experimentações estéticas e narrativas.[3] Nos anos seguintes, sua obra encontrou novas conexões com a cultura brasileira e temas literários e históricos. Entre os destaques estão Tabu (1982), inspirado na literatura brasileira; Brás Cubas (1985), adaptação da obra de Machado de Assis; e Sermões – A História de Antônio Vieira (1990), que mergulha na vida do célebre orador e missionário. Outros filmes notáveis incluem O Mandarim (1995), Miramar (1997) e São Jerônimo (1999), que dialogam com questões culturais, sociais e filosóficas.[3] A partir dos anos 2000, Bressane intensificou sua abordagem reflexiva e estética, explorando temas da cultura erudita, como em Dias de Nietzsche em Turim (2002), que revisita momentos da vida do filósofo alemão. Seguiram-se obras de grande impacto como Filme de Amor (2003), Cleópatra (2007), A Erva do Rato (2008) e Educação Sentimental (2013), consolidando sua reputação como um dos mais importantes e ousados cineastas brasileiros.[3] Cleópatra foi apresentado no Festival de Cinema de Veneza de 2007, fora da competição,[6] além de ter sido premiado como melhor filme do 40º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em novembro de 2007.[7] Obras
Livros publicados
Prêmios e indicações
Referências
Ligações externas
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