As semelhanças entre as línguas uto-astecas foram relatadas já em 1859 por J.C.E. Buschmann. Buschmann, no entanto, não reconheceu o parentesco genético entre o ramo asteca e as línguas uto-astecas setentrionais, creditando essas semelhanças a influências pelo contato com os astecas. Daniel Garrison Brinton, etnólogoamericano, incluiu as línguas astecas nesta família linguística em 1891, e cunhou o termo "uto-asteca". A ideia, no entanto, permaneceu controversa, e foi rejeitada pela classificação de John Wesley Powell, feita no mesmo ano.
A família uto-asteca acabou se firmando como conceito através do trabalho sistemático dos linguistas no início do século XX. Alfred L. Kroeber estabeleceu as relações entre as línguas shoshoneanas; Edward Sapir provou a união entre os ramos de Sonora e shoshoneanos, propostos por Powell, numa série de aplicações revolucionárias do método comparativo a idiomas nativos americanos que não eram escritos.
A maior parte das questões relacionadas à divisão do uto-asteca em subgrupos não apresenta controvérsias. Seis grupos são aceitos universalmente como válidos - o númico, táquico, pímico, taracaítico, corachol e asteca - juntamente com duas línguas não-categorizadas - tübatulabal e hopi. As relações entre estes grupos, no entanto, permanece controversa. O ramo de Sonora (que inclui o pímico, o taracaítico e o corachol) e o ramo Shoshone (que inclui o númico, o táquico, o tübatulabal e o hopi), postulados pela primeira vez no século XIX, não são aceitos por diversos estudiosos. Lyle Campbell, em 1997, e a maior parte dos especialistas atuais, considera este hipótese possível, porém ainda não comprovada.[1]Joseph Greenberg, em 1987, agrupou o uto-asteca com o kiowa-tanoano e o oto-mangueano como o ramo ameríndio central de sua controversa e criticada macrofamília ameríndia, que incluía todas as famílias linguísticas nativas americanas (com a exceção do esquimo-aleúte e do na-dene. Merritt Ruhlen, em 1991, sugeriu que o ameríndio central teria se separado do tronco principal antes que a divisão entre o ameríndio norte e sul se formasse, bem como as outras subdivisões.
Extensão geográfica e local de origem
Acredita-se que a terra de origem do uto-asteca tenha sido algum lugar no Sudoeste dos Estados Unidos - Arizona, Novo México ou o norte do México, onde a primeira divisão entre os subgrupos setentrional e meridional teria ocorrido. A terra natal do ramo númico foi estabelecida como sendo próxima ao Vale da Morte, na Califórnia, e as línguas uto-astecas meridionais teriam se espalhado a parte de um local no noroeste do México, no sul de Sonora ou norte de Sinaloa.
Localização histórica das línguas uto-astecas (extintas ou não) nos EUA e México
Localização das línguas uto-astecas (não-extintas) no México e América Central
O idioma proto–uto-asteca
Vogais
O proto-uto-asteca foi reconstruído como tendo um sistema pouco usual de cinco vogais: *i *a *u *o *ɨ. O linguista americano Ronald Langacker demonstrou que a sua quinta vogal deve ser reconstruída como *ɨ, e não como *e — existia uma antiga disputa acerca da reconstrução mais apropriada.[2]
Campbell, Lyle. 1979. Middle American languages. In The Languages of Native America: Historical and Comparative Assessment, edited by Lyle Campbell and Marianne Mithun, pp. 902-1000. University of Texas Press, Austin.
Campbell, Lyle. 1997. American Indian Languages: The Historical Linguistics of Native America. Oxford University Press.
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Goddard, Ives. 1999. "Native Languages and Language Families of North America." Wall Map. Lincoln, Nebraska: University of Nebraska Press.
Miller, Wick R. 1983. Uto-Aztecan languages. In Southwest, edited by Alfonso Ortiz, pp. 113-124. Handbook of North American Indians. William C. Sturtevant, general editor, Vol. 10. Smithsonian Institution, Washington, D. C.
Steele, Susan. 1979. Uto-Aztecan: An assessment for historical and comparative linguistics. In The Languages of Native America: Historical and Comparative Assessment, edited by Lyle Campbell and Marianne Mithun, pp. 444-544. University of Texas Press, Austin.
Súarez, Jorge. 1983. The Mesoamerican Indian Languages. Cambridge University Press.