Luzia Reis
Luzia Reis Ribeiro (Jequié, 1949) é uma ex-guerrilheira brasileira, militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e integrante da Guerrilha do Araguaia. Militante do movimento estudantil em Salvador, cursou Ciências Sociais na Universidade Federal da Bahia, e passou a ser vigiada pela repressão por fazer parte do DCE da universidade. Impedida de trabalhar e de comparecer à faculdade, entrou para o PCdoB e foi enviada para São Paulo, junto com alguns colegas universitários como o casal Vandick e Dinaelza Coqueiro, que também integrariam a guerrilha. Em janeiro de 1972 chegou ao Araguaia com mais dois militantes, instalando–se na área de Caianos, entre Xambioá e Marabá, onde trabalhou como agricultora junto com outros militantes. Teve aulas de doutrinação política com os comandantes da guerrilha e de tiro, orientação na selva e camuflagem com Osvaldão, comandante do destacamento B. Integrante do destacamento C, comandado por Bergson Gurjão Farias, estava com o grupo que caiu numa emboscada em maio de 1972, no começo da ofensiva militar no Araguaia, traídos por um mateiro da região. Gurjão morreu – foi o primeiro guerrilheiro morto no Araguaia – e ‘Baianinha’, apelido dado a ela pelos moradores local, foi obrigada a fugir por um rio, sozinha e com apenas um revólver, numa área cercada pelas patrulhas do exército.[1] Ao fazer contato com um morador, dias depois, atrás de notícias do resto dos guerrilheiros, foi presa numa armadilha do exército. Levada para a base montada em Xambioá, foi torturada com choques elétricos, simulação de afogamento e apanhou e foi humilhada nua por mais de trinta oficiais, passando a noite dentro de um buraco no chão.[2] Levada para Brasília, ficou presa alguns meses, sendo solta no fim do ano por não ter processos anteriores. De volta à Bahia, passou um ano em Jequié junto à família, fazendo tratamento médico e psicológico, para superar os traumas da prisão. Voltou para a faculdade em Salvador e a trabalhar tempos depois, mesmo discriminada pelo governo de Antonio Carlos Magalhães, concursada para o Banco do Estado da Bahia.[3] Hoje está aposentada, e denuncia o fato das indenizações pagas a pessoas perseguidas durante a ditadura militar não contemplarem as famílias de caboclos do Araguaia, que na época da guerrilha foram mortos, torturados, presos ou perderam tudo, tanto quanto os combatentes.[3] Ver tambémReferências
Bibliografia
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