Marcelo de Ancira
Marcelo de Ancira (? - ca. 374) foi um dos bispos presentes nos Concílios de Ancira e no Primeiro Concílio de Niceia. Ele foi o forte opositor do arianismo, mas foi acusado de adotar também uma visão herética, uma modificação extrema do sabelianismo. Ele foi condenado por um concílio dominado por seus oponentes e expulso de sua sé episcopal, embora ele tenha voltado para lá para viver em paz com uma pequena congregação nos anos finais de sua vida.[1] HistóriaUns poucos anos após o Primeiro Concílio de Niceia (em 325), Marcelo escreveu um livro contra Astério, o Sofista, uma figura proeminente no grupo que apoiava Ário. Por conta desta obra (da qual apenas fragmentos sobreviveram), ele foi acusado de manter que a as três pessoas na trindade seriam apenas uma situação transitória. De acordo com os fragmentos sobreviventes, Deus seria originalmente um único ente (hypostasis - hipóstase), mas no momento da criação do universo, o Verbo ou Logos teria se separado do Pai para ser a ação de Deus no mundo. Este Logos então teria se encarnado em Cristo e assim formado a Imagem de Deus. Já o Espírito Santo também teria se separado da Personalidade Divina do Pai e de Cristo de acordo com o Evangelho de João («Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.» (João 20:22)). No final de todas as coisas, porém (I Coríntios 15:28), Cristo iria retornar ao Pai e a Trindade se tornaria então novamente uma Unidade absoluta.[1] Porém, a natureza fragmentária de suas obras torna o trabalho de reconstruir suas teorias mais uma arte do que uma ciência. É possível que os bispos presentes no Concílio de Tiro em 335 (que também depôs Santo Atanásio) tenham escrito à Constantino contra Marcelo quando ele se recusou a se comunicar com Ário nas celebrações do aniversário de trinta anos do imperador em Jerusalém. Marcelo foi então deposto em Constantinopla em 336 num concílio sob a presidência de Eusébio de Nicomédia, o ariano, e Basílio de Ancira foi apontado como seu sucessor. Marcelo tentou se recuperar diretamente com o Papa Júlio I em Roma, que escreveu para os bispos que o tinham deposto argumentando que Marcelo era inocente das acusações que lhe foram feitas.[2] O Concílio de Sárdica (343) formalmente examinou seu livro e o declarou livre de heresia. Mas, ao que parece, ele não foi reinstalado em sua sé quando Constâncio II, ameaçado de guerra pelo seu irmão (Constante I), permitiu a restauração de Atanásio, Marcelo e outros às suas respectivas dioceses em 348 dC.[1] O Segundo Concílio Ecumênico condenou os 'marcelianos', mas não o próprio Marcelo. No final, até mesmo Atanásio aceitou a heterodoxia de Marcelo.[1] A teologia de Marcelo também incluía a crença no universalismo, de que todas as pessoas seriam eventualmente salvas. Eusébio cita-o dizendo "Pois o que mais podem as palavras 'até o tempo da restituição' (Atos 3:21) significar, senão que o apóstolo tinha a intenção de apontar o tempo que todas coisas desfrutarão desta perfeita restauração".[3] Outras fontesAlém destes fragmentos, que sobreviveram na obra "Contra Marcelo" de Eusébio, uma epístola também foi preservada na obra Panarion de Epifânio. Além disso, o 'Marcelianismo' foi indicada como uma heresia (Haer. 72).[4] São Jerónimo biografou Marcelo em seu De Viris Illustribus (cap. 86), afirmando que Marcelo então se defendia das acusações de heresia feitas contra ele por Astério, Apolinário e Santo Hilário de Poitiers.[5] Eusébio escreveu contra ele duas obras: "Contra Marcellum", possivelmente o documento da acusação no julgamento de Marcelo, e "Sobre a Teologia da Igreja" ou "Teologia Eclesiástica", uma refutação da teologia de Marcelo da perspectiva da ortodoxia ariana.[6] Ver tambémReferências
Bibliografia
Ligações externas
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