Este artigo ou se(c)ção trata de uma missão espacial em curso. A informação apresentada pode mudar com frequência. Não adicione especulações, nem texto sem referência a fontes confiáveis. Editado pela última vez em 8 de julho de 2024.
Mars Science Laboratory (MSL) é a designação de uma sonda espacial da NASA, lançada em 26 de novembro de 2011,[5][6] levando em seu interior um rover batizado como Curiosity (em português, Curiosidade), um jipe robô semelhante aos veículos Spirit e Opportunity, utilizados na missão espacial Mars Exploration Rover para a exploração do planeta. O pouso na superfície de Marte, mais precisamente na cratera Gale, ocorreu em 6 de agosto de 2012.[2][7] Os principais objetivos do Curiosity incluem investigar a possibilidade da existência de vida em Marte (isto é, sua habitabilidade planetária), estudar o clima, a areologia e coletar dados para o envio de uma futura missão tripulada a Marte.
O Curiosity transporta os mais avançados instrumentos científicos já utilizados em Marte, possibilitando a esta missão realizar análises do solo marciano nunca antes registradas. A comunidade internacional foi a responsável pelo fornecimento da maioria dos seus instrumentos, não tendo sido portanto um projeto exclusivo dos Estados Unidos.
História
Em abril de 2004, a NASA solicitou à comunidade científica propostas de ideias de instrumentos científicos que pudessem ser instalados no Mars Science Laboratory. Oito propostas foram selecionadas em 14 de dezembro daquele ano. Os projetos e testes dos componentes também começaram a ser realizados ao final de 2004, incluindo um motor de propulsão de foguete desenhado pela empresa norte-americana Aerojet, originalmente construído e testado em 1973 para o programa Viking. O motor havia sido colocado em armazenamento após a aterrissagem bem sucedida das sondas Viking 1 e Viking 2 em Marte, em 1976.
Inicialmente, o lançamento estava previsto para 2009, porém a NASA decidiu adiar para 2011 sob a alegação de que faltavam alguns ajustes finais que dariam mais segurança à missão. Havia ainda uma discussão sobre a possibilidade de serem lançados dois ou três veículos idênticos para Marte. Estima-se que o Mars Science Laboratory venha a ter uma massa de 600 kg (1.320 lb), incluindo 65 kg (143 lb) de instrumentos científicos; comparado com os veículos anteriores em Marte (Spirit e Oportunity), que têm uma massa de 187 kg (403 lb), incluindo 5 kg (11 lb) de instrumentos científicos.
Adicionalmente, o veículo é capaz de vencer obstáculos com a altura de 76,0 cm (30 in) e tem a capacidade de vencer uma distância de 91,54 m (300 ft) em uma hora. Mas apenas é esperado que vença a distância de 30,5 m (100 ft) por hora, baseado-se em variáveis que incluem a energia disponível, a dificuldade em vencer o terreno, o escorregamento do solo e a visibilidade.
Uma vez no solo de Marte, o veículo iniciou a análise de dezenas de amostras de solo e do núcleo das rochas em uma maior escala que os veículos anteriores, tendo como objetivo investigar o passado do planeta e consequentemente a possibilidade de que tenha suportado formas de vida. O veículo MSL foi lançado por meio de um foguete espacialAtlas V. O rover Curiosity tocou a superfície de Marte em 6 de agosto de 2012, as 05h31 min GMT, começando imediatamente a enviar imagens para a Terra e iniciando uma missão prevista para dois anos no planeta vermelho.[8]
Primeira descoberta - um riacho
A sonda descobriu um leito antigo de rio no seu local de pouso, entre o norte da cratera Gale e a base do monte Sharp, uma montanha dentro da cratera. Trata-se de um conglomerado de cascalho transportado por um fluxo de água no passado. A NASA calcula que o rio teria profundidade para que a água ficasse entre o tornozelo e o quadril de um adulto.[9]
A forma redonda das pedras indica que elas foram transportadas por longas distâncias e a quantidade de canais entre a margem e o depósito indica que o rio existiu por muito tempo. As observações começaram logo no início da missão, antes mesmo do pouso da Curiosity. Os cientistas descartam o transporte das pedras pelo vento:
“
Muitos artigos foram escritos sobre os canais de água em Marte, com muitas hipóteses diferentes sobre seus fluxos. Esta é a primeira vez que nós estamos realmente vendo cascalho transportado por água no planeta. É uma transição entre a especulação do tamanho do material dos riachos para a observação direta deles.
”
Especificações
Nave espacial
O sistema da nave espacial tinha a massa de 3893 kg no lançamento, consistindo de um estágio de cruzeiro carregado de combustível com 539 kg, o sistema entrada-descida-pouso (EDL, entry-descent-landing) (2401 kg incluindo 390 kg de propelente de pouso), e um módulo rover de 899 kg com um conjunto de instrumentos integrados.[10][11]
A nave MSL inclui instrumentos específicos para o voo espacial, em adição a utilizar-se dos instrumentos de detecção e avaliação de radiação do rover (RAD - Radiation Assessment Detector) durante o trajeto do voo espacial até Marte.
MSL EDL Instrument (MEDLI): O principal objetivo do projeto do MEDLI é realizar medições ambientais aerotermais, resposta do material do escudo de proteção contra o calor abaixo da superfície, a orientação do veículo, a densidade atmosférica para a entrada em atmosfera sensível até a separação na entrada do escudo térmico do veículo Mars Science Laboratory.[12] O conjunto de instrumento MEDLI foi instalado no escudo de proteção térmica do veículo de entrada MSL. Os dados obtidos apoiarão futuras missões a Marte, fornecendo dados atmosféricos medidos para validar modelos da atmosfera de Marte e esclarecer os parâmetros dos equipamentos para futuras missões a Marte. A instrumentação MEDLI consiste de três subsistemas principais: Conectores de Sensores Integrados (MISP, MEDLI Integrated Sensor Plugs), Sistema de Dados Atmosféricos de Entrada em Marte, (MEADS, Mars Entry Atmospheric Data System) e o Eletrônica de Suporte de Sensor (SSE, Sensor Support Electronics).
O roverCuriosity tem uma massa de 899 kg, pode deslocar-se a até 90 m por hora sobre suas seis rodas de suspensão móvel, tem o fornecimento de energia proporcionado por um gerador termoelétrico de radioisótopos (RTG, radioisotope thermoelectric generator), e comunica-se tanto nas frequências de banda X como UHF.
Computadores
Os dois computadores idênticos a bordo do rover (on-board), chamados Rover Compute Element (RCE, "Elemento de Computação do Rover"), contém memória blindada contra radiação para tolerar a extrema radiação do espaço e salvaguardar-se contra ciclos de perda de potência. Cada memória de computador inclui 256 MB de EEPROM, 256 MB de DRAM e 2 GB de memória flash.[13] Isso comparado aos 3 MB de EEPROM, 128 MB de DRAM, e 256 MB de memória flash usada nos Mars Exploration Rovers.[14]
Os computadores RCE usam a CPURAD750 (um sucessor da CPU RAD6000 usada nos Mars Exploration Rovers) operando a 200 MHz.[15][16][17] A CPU RAD750 CPU é capaz até 400 MIPS, enquanto a CPU RAD6000 é capaz até 35 MIPS.[18][19] Dos dois computadores de bordo, um é configurado como backup, e vai assumir em caso de problemas com o computador principal.[13]
O rover tem uma unidade de medição inercial (IMU - Inertial Measurement Unit), que fornece informação nos três eixos no espaço de sua posição, a qual é usada na navegação do rover.[13] Os computadores do rover estão constantemente se automonitorando para manter o rover operacional, como por meio da regulação de sua temperatura.[13] Atividades tais como capturar imagens, navegação e operar os instrumentos são realizadas em uma sequência de comando que é enviada da equipe de voo para o rover.[13]
Os computadores do rover operam em VxWorks, um sistema operacional de tempo-real desenvolvido pela companhia Wind River Systems, com sede em Alameda, EUA.[20][21] Durante a viagem até Marte, o VxWorks rodou aplicações dedicadas à fase de navegação e orientação da missão, e também tinha uma sequência de software pré-programada para lidar com a complexidade da entrada-descida-pouso. Após o pouso, as aplicações foram substituídos por um software para a condução na superfície e realização de atividades científicas.[22][23]
Comunicações
O Curiosity está equipado com várias modalidades de comunicação, para que haja redundância. Um sistema na faixa de frequência Banda X (small deep space transponder) para comunicações diretamente para a Terra utilizando a rede Deep Space Network da NASA[24] e um sistema UHF de rádio definido por software para comunicação na órbita de Marte.[11]pg.46 O sistema Banda X tem um equipamento de radiofrequência com um amplificador com potência de 15 W e duas antenas: uma omnidirecional de baixo ganho que é capaz de se comunicar com a Terra em taxas bastante baixas (15 bit/s no máximo), independentemente da orientação do rover, e uma antena de alto ganho que pode se comunicar com velocidades de até 32 kbit/s, mas que precisa ser direcionada. O sistema UHF tem dois equipamentos de rádio com aproximadamente 9 W de potência, compartilhando a antena omnidirecional.[11]pg.81
Isso permite comunicar-se com o Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) e o orbitador Odyssey (ODY) a velocidades de até 2 Mbit/s e 256 kbit/s, respectivamente, mas cada orbitador pode comunicar-se com o Curiosity por aproximadamente 8 minutos por dia.[25] Os orbitadores têm grandes antenas e rádios mais potentes e podem transmitir dados para a Terra mais rápidamente do que o rover poderia fazer diretamente. Portanto, a maior parte dos dados devolvidos pela Curiosity (MSL) é via ligações de transmissão UHF com a MRO e a ODY. O retorno dos dados através da infraestrutura de comunicação, tal como aplicado ao MSL, foi observado durante os primeiros 10 dias e foram de aproximadamente 31 megabytes por dia.
Normalmente são transmitidos 225 kbit por dia de comandos para o rover diretamente da Terra, com uma taxa de transferência de dados de 1 a 2 kbit/s. O intervalo de transmissão dos dados é de 15 minutos (900 segundos). Os volumes maiores de dados coletados pelo rover são devolvidos via satélite de retransmissão.[11] O atraso de comunicação unidirecional com a Terra varia de 4 a 22 minutos, dependendo da posição relativa entre os planetas, com 12,5 minutos de média.[26]
Durante o pouso, o monitoramento da telemetria é feito pelos satélites Mars Odyssey, Mars Reconnaissance Orbiter e Mars Express. O Odyssey consegue retransmitir os sinais para a Terra em tempo real, com variações que dependem da distância entre os dois planetas. O pouso tem um tempo de duração de 13 minutos e 46 segundos.[27][28]
Sistemas de mobilidade
O Curiosity é equipado com seis rodas montadas em uma suspensão oscilante, que também servem como trem de pouso, o que não aconteceu nos seus antecessores.[29][30] As rodas têm um diâmetro de 50 in (1,27 m), bem maiores do que as dos rovers anteriores. Cada roda tem sapatas que atuam e são orientadas de forma independente, para uma escalada tanto em areia macia quanto em terreno pedregoso. Cada uma das quatro rodas dos cantos do rover possui direção independente, permitindo que o veículo faça as curvas normalmente ou gire em seu próprio eixo.[11] Cada roda tem um padrão que ajuda a manter a tração e deixa trilhas modeladas na superfície de areia de Marte. Esse padrão é usado por câmeras para calcular a distância percorrida e é a codificação das iniciais JPL em código Morse.[31] Em relação ao centro de massa, o veículo permite uma inclinação de pelo menos 50 graus em qualquer direção, sem perder sua estabilidade, contudo existem sensores que limitam essa inclinação a 30 graus.[11]
Vídeos
O pouso do rover na cratera Gale (6 de Agosto de 2012).
Primeiro visão panorâmica em 360 graus do ponto de pouso (8/10 de Agosto de 2012.
Ponto de pouso e trilha projetada para a missão (animação narrada).
↑ abcdef«DESCANSO Design and Performance Summary Series». Pasadena, California: Jet Propulsion Laboratory – NASA. Novembro de 2009-->|contribuição= ignorado (ajuda); |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)