Missa de BarcelonaA Missa de Barcelona é uma coleção de trechos de missa independentes reunidos por um copista não identificado para formar um ordinário completo, com um Kyrie, um Gloria, um Credo, um Sanctus e um Agnus Dei.[1] O manuscrito que preserva a coleção completa foi descoberto em 1925 pelo musicólogo Higinio Anglés, e hoje é preservado como o Manuscrito 971 da Biblioteca da Catalunha, na cidade de Barcelona, e daí vem o apelido da obra, mas seções avulsas foram registradas em vários outros manuscritos.[1][2] As seções foram produzidas em data indeterminada, mas sua caracterização estilística como exemplos da Ars subtilior as situa no fim do século XIV.[3] Somente o Credo traz o nome do autor, Sortis ou Sortes, que tem sido identificado com Steve de Sort, cantor e organista que serviu nas cortes do rei João I de Castela e depois do rei Martim I de Aragão.[1][4] É quase certo que o Manuscrito 971 foi produzido para a capela de Martim I.[4] Seu estilo e a existência de seções em manuscritos associados à escola musical que floresceu na corte papal de Avinhão sugere a possibilidade de autores não-espanhóis para algumas partes.[1][4] A missa é um dos mais antigos exemplos de um ordinário musicado completo, e é a única coleção de peças Ars subtilior espanholas que entrou no repertório contemporâneo e na historiografia sobre a evolução da arte polifônica. Tem sido considerada um exemplo de transição entre a Missa de Notre Dame de Guillaume de Machaut e o modelo da missa cíclica polifônica cultivado no século XV, onde um tema unifica todos os seus movimentos.[1] Neste caso não existe realmente um tema definido unificador, mas as seções guardam alguma coerência entre si.[3] Todas as partes são para três vozes, salvo o Agnus Dei, para quatro. A técnica de composição varia a cada seção, empregando o discantus (Gloria e Credo) — onde a voz superior é florida e carrega o texto, enquanto as outras são pouco movimentadas e não trazem texto, mas apenas vocalises — e o moteto (no Sanctus) — com duas vozes ativas com texto e uma voz de baixo estática e sem texto. Nas seções Kyrie e Agnus Dei as técnicas são usadas alternadamente ou sem uma definição clara.[1][4] Referências
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