Movimento próprio de uma estrela refere-se ao movimento da estrela perpendicularmente à linha de visada de um observador na Terra.[1] O movimento é dito "próprio" por pertencer a estrela e não ao céu, que parece girar e carregar todas as estrelas com ele.[2]
Numa primeira análise, as estrelas parecem estar fixas no céu, em relação umas às outras. Uma observação mais cuidadosa revelará que as estrelas mudam lentamente de posição pois cada estrela possui seu próprio movimento.[2][3]
As estrelas possuem dois tipos de movimentos que podem ser observados de nossa posição na Terra, o movimento próprio (perpendicular à linha de visada) e o movimento radial (ao longo da linha de visada). Este último não pode ser visto como um deslocamento no céu (uma vez que está se aproximando ou se afastando sobre a linha de visada), mas pode ser medido através do deslocamento Doppler das linhas espectrais da luz emitida pela estrela.[1][4]
O movimento próprio que a estrela descreve na esfera celeste pode ainda ser decomposto em duas coordenadas: o movimento próprio em ascensão reta e o movimento próprio de declinação.[3]
O efeito do movimento próprio na posição aparente da estrela é pequeno, devido à grande distância que nos separa das estrelas[4] e é usualmente, medido em "/ano (segundos de arco por ano).[1][3]
História
O movimento próprio das estrelas foi descoberto pela primeira vez pelo astrônomo inglês Edmund Halley em 1718, quando relatou que algumas estrelas como Sirius, Arcturus, Prócion e Aldebaran haviam se movido de meio a um grau desde a medição efetuada pelos astrônomos gregos da antiguidade Hiparco e Ptolomeu, cerca de 1700 anos antes.[1][2][4]
Em 1916 o astrônomo Edward Emerson Barnard descobriu uma estrela (na constelação do Ophiuchus), invisível ao olho nu e que possuía o maior movimento próprio medido até então, de 10,3 "/ano, essa estrela ficou conhecida como a "Estrela de Barnard".[2][4]
↑ abcdKepler de Souza Oliveira Filho, Maria de Fátima Oliveira Saraiva (2004). «Cap.25 - Nossa galáxia: a Via Láctea». Astronomia e astrofísica 2 ed. São Paulo: Livraria da Física. p. 587-589. ISBN85-88325-23-3
↑ abcdeIsaac Asimov (1981). «Cap.3 - O problema da distância». Alpha Centauri. Rio de Janeiro: Francisco Alves. p. 37-42
↑ abcBoczko, Roberto (1984). «Cap.12-O movimento próprio das estrelas». Conceitos de Astronomia. São Paulo: Edgard Blücher. p. 242-243
↑ abcdGastão Bierrenbach Lima Neto (2020). «Cap.3 - Movimento, forma e perspectiva: variação de coordenadas». Astronomia de Posição. [S.l.]: Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. p. 97-99. Consultado em 29 de dezembro de 2021