Mulbekh
Mulbekh ou Mulbag é uma localidade da região de Zanskar, noroeste da Índia. Pertence ao distrito de Cargil do Território da União do Ladaque. Em 2016 estimava-se que tivesse 149 habitantes.[1] Situa-se na estrada Serinagar-Lé, cerca de 40 km a sudeste de Cargil e 180 km a oeste de Lé. A aldeia é conhecida principalmente pela chamada Chamba ou Estátua de Chamba, uma imagem de grandes dimensões esculpida em relevo do Buda Maitreya (também chamado Chamba), datada provavelmente do século VIII, e pelo Mosteiro de Mulbekh ou Gompa de Mulbekh, um estabelecimento monástico budista (gompa) que de facto é constituído por dois mosteiros, um da seita Gelug e outro da seita Drukpa,[2] antigamente ligados ao palácio do antigo rajá Kalon de Mulbekh, situado abaixo.[2] As gompas erguem-se dramaticamente no cimo de uma escarpa com 200 metros de altura acima da estrada Serinagar-Lé,[3] cerca de 300 metros em linha reta a noroeste da aldeia.[2] A aldeia está espalhada pelo largo vale do rio Wakha e foi o local onde praticamente parou a difusão do islão na Idade Média, que vinha de ocidente e se dirigia ao Ladaque central. Em resultado disso, a população de Mulbekh é constituída por muçulmanos e praticantes de budismo tibetano e, além do mosteiro destes últimos, tem também uma mesquita.[4] Estátua de Chamba e inscriçõesA pouco mais de um quilómetro a leste do sopé da escarpa do mosteiro, na extremidade ocidental do núcleo urbano oriental de Mulbekh, encontra-se a chamada estátua de Chamba, uma enorme figura escavada na rocha representando o Buda Maitreya que domina a antiga rota de comércio que é atualmente a estrada Serinagar-Lé. Segundo alguns autores, data do período Cuchana (séculos I a IV d.C.),[5] mas os estudiosos mais recentes estimam que é do século VIII d.C.[6] A parte inferior está parcialmente escondida por um pequeno templo construído em 1975. Perto da imagem há algumas inscrições escritas em caroste. Há também um édito do rei Bum-lde que ordenando ao povo local que parasse de sacrificar cabras:[5]
Bum-lde reinou no Ladaque Ocidental c. 1400, quando o seu irmão Dragspa governava o resto do Ladaque. Havia então o costume de cada aldeia sacrificar uma cabra uma ou duas vezes por ano, retirando-lhe o coração em frente a um altar. No entanto, o povo de Mulbekh não seguiu a ordem, o que é atestado por uma inscrição existente ao lado da do édito real, dizendo que a ordem era muito difícil de ser executada — «Pois o que diria a divindade local se fosse privada da cabra?».[7] Notas
Referências
Bibligrafia
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