Mutímero da Sérvia
Mutímero (em grego: Μουντιμῆρος; romaniz.: Moutimeros;[1] em latim: Muntimerus;[2] em sérvio: Мутимир; romaniz.: Mutimir), mas também conhecido como Mutímero Filho de Blastímero (em sérvio: Мутимир Властимировић; romaniz.: Mutimir Vlastimirović), foi príncipe da Sérvia de ca. 850 até 891. Era o filho mais velho de Blastímero, tataraneto do Arconte Desconhecido que uniu as tribos sérvias num Estado. Ele inicialmente governou com seus irmãos, mas revoltaram-se contra ele e Mutímero exilou-os à Bulgária, com garantias de paz. Ele derrotou um exército búlgaro, aliou-se com o Império Bizantino e governou o Principado da Sérvia quando a cristianização dos sérvios ocorreu e a Eparquia de Ráscia foi estabelecida. AntecedentesPensa-se que a rápida expansão dos búlgaros sobre os eslavos no sul compeliu os sérvios a unirem-se num Estado. Sabe-se que sérvios e búlgaros viveram em paz até a invasão de 839 (nos últimos anos do imperador Teófilo).[3] Blastímero uniu várias tribos sérvias,[4] Teófilo (r. 829–842) conferiu-lhes independência[5] e eles reconheceram sua suserania nominal. A Macedônia Ocidental foi anexada pelos búlgaros e mudou a situação política, com Malamir (r. 831–836) ou Presiano I (r. 836–852) vendo a consolidação sérvia como uma ameaça, e optou por subjugá-los mediante a conquista dos territórios eslavos.[3] Presiano invadiu a Sérvia em 839.[6] A invasão virou uma guerra de três anos, mas Blastímero foi vitorioso;[7] Presiano não teve nenhum ganho territorial, mas foi pesadamente derrotado e perdeu seus homens. A guerra terminou com a morte de Teófilo em 842, que libertou Blastímero de suas obrigações com o Império Bizantino.[8][9] Blastímero expandiu-se a oeste, tomando o sul da Bósnia e nordeste de Herzegovina,[7][10] VidaEle morreu entre 845-850 e seu governo foi dividido entre seus filhos Mutímero, Estrímero e Ginico;[11] governaram juntos, mas Mutímero tinha controle supremo.[12] Em 853 ou 854, o exército de Vladimir, filho de Bóris I (r. 852–889), invadiu a Sérvia numa tentativa de vingar-se pela derrota anterior. Os sérvios sob os irmãos derrotaram os búlgaros, capturando Vladimir e 12 grandes boilados (altos dignitários). Bóris e Mutímero concordaram com a paz e ele deu seus filhos Brano e Estêvão como reféns para garantir-lhe passagem segura à fronteira da Ráscia; parece que eles trocaram presentes e seus filhos e então concluíram um tratado de paz;[11][13] os presentes dados por Bóris a Mutímero foram dois escravos, dois falcões, dois cachorros e 80 peles.[14] Um conflito interno entre os irmãos fez com que Mutímero banisse seus irmãos à corte búlgara;[11] A origem dessa disputa é desconhecido, embora é sugerido que foi resultado de uma traição. Mutímero não exilou todos os seus familiares, mantendo seu sobrinho Pedro, filho de Ginico, na corte sérvia por razões políticas,[12] embora Pedro mais tarde temeu o destino de seu pai e escapou à Croácia.[15] Mutímero enviou emissários ao imperador Basílio I, o Macedônio (r. 867–886), pedindo batismo a suas terras e colocou a Sérvia sob suserania do Império Bizantino.[16] Em 873, recebeu uma carta do papa João VIII solicitando que seu país fosse subordinado ao bispado metropolitano de Sírmio. Mutímero morreu em 891 e foi sucedido por seu filho mais velho, Blastímero.[13] CristianizaçãoOs sérvios foram batizados por missionários enviados por Basílio após Mutímero reconhecê-lo como suserano,[16] que também pode ter enviado bispo.[17] A cristianização em partes ocorreu sob influência bizantina e então búlgara, mas é importante notar que ao menos no reinado de Gozilo da Panônia (r. 861–874), comunicações entre a Sérvia e a Grande Morávia devem ter sido possíveis. O papa provavelmente estava ciente disso quando quis que a diocese de Metódio englobasse a costa dálmata, que estava em mãos bizantinas até tão longe quanto Espalatro. É possível que alguns pupilos cirilo-metodistas alcançaram a Sérvia na década de 870, talvez inclusive enviados por Metódio, e a Sérvia é registrada como cristão nesse período. Outra evidência da identidade cristã está na tradição de nomes teofóricos na geração seguinte da realeza sérvia; Pedro, Paulo e Estêvão são também caracteristicamente bizantinos.[18] O primeiro bispado sérvio foi fundado em Ras, próximo da moderna Novi Pazar no rio Ibar. Sua afiliação inicial é desconhecida, podendo ter ficado sob subordinação de Espalatro ou Dirráquio, ambas bizantinas.[18] A Igreja dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo em Ras pode ser datada do século IX/X, com o plano rotundo característico das primeiras capelas cortesãs. O bispado foi estabelecido logo após 871, durante o governo de Mutímero, e fez parte do plano geral de estabelecer bispados nas terras sérvias do império, confirmado pelo Quarto Concílio de Constantinopla em 879–880.[19] Ver também
Referências
Bibliografia
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