Ofensiva conjunta dos rebeldes etíopes em 2021
A ofensiva conjunta dos rebeldes etíopes foi uma ofensiva militar iniciada no final de outubro de 2021 pela coalizão entre as Forças de Defesa de Tigray e o Exército de Libertação Oromo contra a Força de Defesa Nacional da Etiópia no contexto da Guerra do Tigray e do conflito oromo. As duas organizações assumiram o controle de várias cidades ao sul da região de Tigray na direção da capital etíope Adis Abeba no final de outubro e início de novembro.[4][2][5] Alegações de crimes de guerra incluíram a execução extrajudicial de cem jovens em Kombolcha pelas Forças de Defesa de Tigray, segundo autoridades federais.[6][7] ContextoA Guerra do Tigray começou com os ataques em 4 de novembro de 2020 pelas Forças Especiais de Tigray contra o Comando Norte da Força de Defesa Nacional da Etiópia e continuou com as forças armadas etíopes, as forças especiais da região de Amhara e as Forças de Defesa da Eritreia lutando contra as forças tigrínias. Todos os beligerantes realizaram numerosos crimes de guerra, além de batalhas militares.[8] No início de outubro de 2021, as Forças de Defesa de Tigray haviam recuperado o controle de grande parte da região de Tigray e partes da região de Amhara, enquanto as autoridades federais etíopes mantinham um bloqueio contra a ajuda humanitária à região de Tigray, o que Mark Lowcock, ex-chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), considerou como um objetivo deliberado de "esfomear a população quer para a subjugação ou para tirá-la da existência". Em meados de outubro, as forças armadas etíopes lançaram uma nova ofensiva militar com o objetivo de retomar o controle da região de Tigray e as partes controladas pelas Forças de Defesa de Tigray da região de Amhara.[6] Em 1 de novembro de 2021, o longevo conflito oromo levou o Exército de Libertação Oromo a alegar ter assumido o controle militar de "várias cidades no oeste, centro e sul de Oromia".[9] Queda de Dessie e KombolchaNos poucos dias que antecederam 2 de novembro, as Forças de Defesa de Tigray assumiram o controle de Dessie e Kombolcha.[4][7] O The New York Times considerou o evento como significativo, descrevendo as duas cidades como estando "estrategicamente localizadas ... em uma estrada que vai de norte a sul que se tornou a espinha dorsal de uma guerra que pode determinar o futuro da Etiópia."[2] O Exército de Libertação Oromo afirmou ter assumido o controle de Kamisee em 31 de outubro.[10] As Forças de Defesa de Tigray e o Exército de Libertação Oromo confirmaram uma aliança militar contra as forças federais. As ações militares da coalizão rebelde foram vistas pelas autoridades federais como uma ameaça a Adis Abeba, capital da Etiópia.[2] Em 5 de novembro, as duas organizações anunciaram uma coalizão mais ampla, incluindo sete grupos menores, que nomearam de Frente Unida das Forças Federalistas e Confederalistas da Etiópia.[11][12] As Forças de Defesa da Eritreia, que haviam apoiado fortemente a Força de Defesa Nacional da Etiópia nas fases anteriores da Guerra do Tigray, pareciam estar ausente dos combates do final de outubro/início de novembro. De acordo com o historiador francês e especialista em Chifre da África Gérard Prunier, isso ocorreu porque a maior parte do exército eritreu em Tigray estava defendendo a fronteira com o Sudão (para evitar que os rebeldes tigrínios fossem potencialmente abastecidos pelo Egito, um oponente do governo de Abiy Ahmed) e protegendo a própria fronteira da Eritreia com Tigray, deixando assim a defesa de Adis Abeba principalmente para as milícias amharas diante das pesadas perdas sofridas pelo exército federal da Etiópia.[3] A estrutura de comando e controle das forças armadas etíopes foi descrita como tendo "colapsado" por oficiais tigrínios e ocidentais.[2] Meados-final de novembroEm 16 de novembro, as Forças de Defesa de Tigray alegaram terem tomado o controle de Ataye e Senbete na Zona de Oromia na região de Amhara.[5] Esta área foi o local de confrontos entre as etnias oromos e amharas nos meses anteriores.[13][14] Em 19 de novembro, os rebeldes estavam tentando apoderar-se de Shewa Robit,[15] e reivindicaram o controle em 22 de novembro.[16] Em 25 de novembro, as Forças de Defesa de Tigray estavam se aproximando de Debre Sina e o primeiro-ministro federal Abiy Ahmed anunciou que viajaria para a frente de batalha. Ele chegou a um local não declarado na frente de batalha em 23 de novembro, de acordo com um porta-voz. Os rebeldes pretendiam cortar uma linha de abastecimento para Djibuti.[17][18] Em 28 de novembro, as Forças Especiais de Afar recuperaram o controle de Chifra. Havia "cadáveres por toda parte nas ruas" e lojas e mesquitas foram destruídas. Os moradores fugiram e Chifra tornou-se uma base para as forças afares.[19] De acordo com a Sveriges Radio, no final de novembro, o Exército de Libertação Oromo havia "cercado" Adis Abeba do oeste, sul e sudeste, e estava em coalizão com as Forças de Defesa de Tigray no nordeste.[20] Dezembro: contraofensiva do governo etíopeO primeiro-ministro Abiy Ahmed anunciou que está se juntando à guerra, para liderar na linha de frente, para defender a nação.[21] Desde então, a Força de Defesa Nacional da Etiópia obteve grandes ganhos territoriais, incluindo a libertação de Dessie e Kombolcha das forças da Frente de Libertação do Povo Tigray.[22] Em 13 de dezembro, o governo etíope afirmou que suas forças controlavam a estrada principal de Woldia para Mekelle, enquanto as forças da Frente de Libertação do Povo Tigray ainda controlam Woldia.[23] Em 18 de dezembro, as forças armadas etíopes anunciaram que havia libertado Woldia. No dia seguinte, 19 de dezembro, o vice-primeiro-ministro da Etiópia Demeke Mekonnen visitou a cidade de atração turística de Lalibela, refutando a alegação dos rebeldes de que eles controlavam a localidade.[24] Em 20 de dezembro, Getachew Reda, porta-voz da Frente de Libertação do Povo Tigray anunciou que eles estavam se retirando de várias áreas do norte da Etiópia, incluindo de Amhara e de Afar, e recuando para Tigray, dizendo: "Decidimos nos retirar dessas áreas para Tigray. Queremos abrir as portas para a ajuda humanitária."[25] Crimes de guerraAs autoridades etíopes afirmaram que as Forças de Defesa de Tigray haviam assassinado extrajudicialmente cem jovens em Kombolcha.[6][7] PrediçõesNo final de novembro de 2021, um grupo de 34 organizações não governamentais e 31 indivíduos, autodenominando-se Cidadãos Africanos;[26] Helen Clark, Michael Lapsley e David Alton;[27] e o Genocide Watch previram que um genocídio, em que os internos tigrínios e oromo e os amharas são massacrados, pode resultar da ofensiva.[28] Os Cidadãos Africanos consideraram a ameaça de tomar Adis Abeba como um provável gatilho para um genocídio.[26] Referências
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