Olive Yang (em chinês: 楊金秀; pinyin: Yáng Jinxiu, também conhecida como Yang Kyin Hsiu, apelidada de "senhorita dos pés peludos" (nascida nos Estados shan, em 1927 – 13 de julho de 2017[1]) foi a meia-irmã de São Edward Yang Kyein Tsai, o saopha (chefe) de Kokang, um estado existente na pós-independência da Birmânia, entre 1949 e 1959. Ela recebeu uma educação no Convento de Guardian Angel's, em Lashio, que à época despontava de grande interesse entre os nobres da Birmânia. Com a idade de 19 anos, ela organizou forças entre os étnicos kokang, apelidados de "Meninos da azeitona", um exército de mais de mil soldados e com controle consolidado nas rotas de comércio de ópio das terras altas da planície. Ela dominou o comércio de ópio em toda a região de Kokang, a partir do final da Segunda Guerra Mundial até o início dos anos 1960.[2] Na década de 1950, após a derrota nacionalista e sua posterior expulsão da China continental, ela fez parceria com o Kuomintang (dominante em toda a República da China) para estabelecer rotas de comércio de ópio ao longo do Triângulo Dourado, uma região com mais de 950.000 km² e que se estende por quatro países do Sudeste asiático: Vietnã, Laos, Tailândia e Myanmar. Olive Yang conseguiu manter contato e parcerias na mais extensa área produtora de ópio na Ásia, com seus contatos de tráfico chegando até ao Afeganistão[3][4][5]
De 1948 a 1950, ela foi casada com Twan Sao Wen, filho de um líder local em Tamaing. O casal teve um filho, Duan Jipu, (em chinês: 段吉卜), nascido em 1950. Duan Jipu seguiu carreira acadêmica, sendo atualmente um professor universitário em Chiang Mai, na Tailândia.[6][7]
De 1950 até meados dos anos 1960, ela seguiu como comandante da "Kokang Kakweye" (Forças de Defesa do Povo). Ela era uma figura proeminente no tráfico de ópio e de comércio de ouro, estabelecendo controle total sobre a região fronteiriça entre Birmânia-Tailândia. Em 1962, Olive Yang foi presa junto de seu irmão, Jimmy, um membro do parlamento em Yangon, por parte das autoridades birmanesas. Ela foi acusada de tráfico de ópio e de chefiar organizações paramilitares em Kokang. Com sua prisão, o governo da Birmânia, retomou o controle sobre o território de Kokang, que passou a estar sob administração birmanesa. Ela foi levada para a prisão de Insein, em Yangon, de onde foi liberada em 1968.[8][2][9]
Olive Yang também ficou conhecida por sua bissexualidade, e manteve casos amorosos com inúmeras mulheres, dentre as quais a atriz de cinema birmanesa Wah Wah Win Shwe. Suspeita-se também de seu envolvimento amoroso com outras mulheres atrizes, cantoras e também esposas de políticos. Após sua libertação, Olive Yang parece ter levado uma vida mais legal. Ela passou a desenvolver várias atividades em lar de caridades, trabalhando em conjunto com freiras, em Yangon. No final de 1980, ela foi recrutada por Khin Nyunt para ajudar nas negociações do cessar-fogo na Birmânia com grupos rebeldes étnicos.[3][8][10][4]
Referências
- ↑ «Kokang 'Warlady' Olive Yang Dies at 91» (em inglês). irrawaddy.com. 17 de julho de 2017. Consultado em 25 de julho de 2017
- ↑ a b Chouvy, Pierre-Arnaud (2009). Opium: uncovering the politics of the poppy. [S.l.]: Harvard University Press. pp. 24,. ISBN 9780674051348
- ↑ a b Thant Myint-U (8 de janeiro de 2008). The River of Lost Footsteps. [S.l.]: Macmillan. pp. 298–299
- ↑ a b Borgenicht, David; Turk Regan (2 de abril de 2008). The Worst-Case Scenario Almanac. [S.l.]: Chronicle Books. 146 páginas. ISBN 9780811863216
- ↑ Lintner, Bertil (março de 2000). «The Golden Triangle Opium Trade: An Overview» (PDF). Asia Pacific Media Services. 7 páginas
- ↑ 赖骏. «悄然隐退的女毒王杨二小姐». 北京市禁毒委员会 (em chinês). Consultado em 27 de março de 2012. Arquivado do original em 2 de julho de 2009
- ↑ Buyers, Christopher. «The Yang Dynasty». pp. July 2011. Consultado em 27 de março de 2012
- ↑ a b Tzang, Yawnghwe (1987). The Shan of Burma: memoirs of a Shan exile. [S.l.]: Institute of Southeast Asian. ISBN 9789971988623
- ↑ James, Helen (1 de novembro de 2006). Security and sustainable development in Myanmar. [S.l.]: Psychology Press. 88 páginas. ISBN 9780415355599
- ↑ Thant Myint-U (13 de setembro de 2011). Where China Meets India: Burma and the New Crossroads of Asia. [S.l.]: Macmillan. ISBN 9781466801271