Partido Socialista Popular (Rússia)
Fruto de uma dissidência do Partido Socialista Revolucionário (PSR, SR ou esery), era bem mais moderado e reformista do que revolucionário. Seus membros denominavam-se abreviadamente enesy (энeсы). OrigensA origem da formação foi o movimento narodnik da década de 1890, tendo Nikolai Mikhailovsky e Aleksandr Herzen como seus predecessores ideológicos.[1] O partido foi formado em 1906 como uma dissidência do Partido Socialista Revolucionário por oponentes dos métodos terroristas e violentos adotados pelos "SRs" em sua luta contra a autocracia czarista.[2][3] Durante o primeiro congresso do PSR, alguns dos delegados defenderam a criação de um partido legal que uniria aqueles que se opunham às práticas conspiratórias e terroristas do partido clandestino.[4][5] Seus principais membros vieram de um grupo literário que trabalhava na publicação legal do narodnik Russkoye Rashestvo (A Riqueza da Rússia), a quem Chernov pedira ajuda para fundar uma publicação para o partido após o Manifesto de Outubro.[4] Em setembro de 1906, publicaram a primeira edição do programa do boletim do partido, o Narodno-Sotsialisticheskoye obozrenie (Revisão dos Socialistas-Populares).[6] Em abril de 1907, foi realizada a primeira conferência do partido. O programa do partido previa um caminho especial para o socialismo, contornando o capitalismo de forma "direta, rápida e indolor", com base em princípios comunais.[7] Na segunda Duma, o PNS conseguiu obter 14 deputados e formar sua própria facção (na época da dissolução da Duma, a facção contava com 18 pessoas). Os deputados da facção eram V. V. Volk-Karachevsky (presidente da facção), N. V. Alasheev e outros. No entanto, após o golpe do Terceiro de Junho de 1907, o partido de fato deixou de existir.[8] Ideologia e postura política
O partido também não era internacionalista, mas defendia um coletivismo específico da Rússia, caracterizado principalmente pelo reformismo e nacionalismo moderados.[10] Suas figuras mais notáveis foram Nikolai Annensky (1843–1912), Viatcheslav Miakotin (1867–1937) e Alexei Peshekhonov (1867–1933), fundadores do partido.[1] Este último atuou como Ministro da Alimentação no Governo Provisório Russo sob o comando de Alexander Kerensky em 1917. A divisão dos socialistas-populares apenas enfraqueceu os socialistas-revolucionários, privando-os principalmente de alguns intelectuais de destaque, oradores e escritores habilidosos.[10] O partido trabalhou em estreita colaboração com os Trudoviques liderados por Kerensky na Duma Imperial durante as duas primeiras legislaturas.[5] Apesar de sua moderação, o regime czarista não o reconheceu como um partido político e, de 1907 a 1917, ele permaneceu como uma corrente ideológica sem apoio popular.[5][10] Durante a Primeira Guerra Mundial, a formação foi contada entre os "defensistas".[11] Período RevolucionárioApós a Revolução de Fevereiro, o partido se uniu aos Trudoviques e apoiou fortemente o Governo Provisório Russo, do qual fazia parte. De 21 a 23 de junho de 1917, o primeiro congresso unido do partido e dos trudoviques. O comitê central unido era composto por Vladimir Dzyubinsky, ex-presidente dos trudoviques, Alexei Peshekhonov, Viatcheslav Myakotin (presidente), Sergei Melgunov, A. D. Demjanovich, N. P. Oganovsky, A. B. Petrishchev e outros. O congresso adotou o programa do partido unido e a fusão passou-se a Partido Socialista Popular Trabalhista. O partido, finalmente legalizado após a primeira revolução de 1917, era estável, porém tinha apoio insignificante entre a população.[10] No Soviete de Petrogrado, seus poucos delegados logo se juntaram aos socialistas-revolucionários.[12] O partido favoreceu a coalizão de burgueses e socialistas no governo desde o início, ao contrário de outras organizações socialistas.[13] O partido se opôs à Revolução de Outubro realizada pelos bolcheviques e foi dissolvida em 1918 durante a Guerra Civil Russa.[14] Referências
Leitura adicional
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