Paulo Eduardo Arantes (São Paulo, 23 de outubro de 1942) é um filósofo e pensador marxista brasileiro e Professor Sênior do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH USP). Atualmente é pesquisador do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (CENEDIC), um centro interdepartamental de pesquisa vinculado à FFLCH USP.
Biografia
Antes de estudar Filosofia, Paulo Arantes estudou Física durante um ano. Em seguida, foi militante da JUC (Juventude Universitária Católica) por algum tempo, chegando a integrar a diretoria nacional em 1963.[1] Posteriormente decidiu cursar Filosofia, graduando-se pela Universidade de São Paulo (1967). Obteve seu doutorado de Troisième Cycle pela Universidade de Paris X - Nanterre em 1973, apresentando uma tese sobre Hegel, segundo o ponto de vista do jovem Marx.
Foi Coordenador de Programa de Pós-Graduação do Departamento de Filosofia da USP (1984-1988). Especialista em História da Filosofia, Filosofia Política, Moderna (particularmente a Filosofia alemã), Filosofia francesa contemporânea e Teoria Crítica, é professor aposentado do Departamento de Filosofia da FFLCH-USP.
Foi editor da revista Discurso, órgão oficial do Departamento de Filosofia da USP[2] (1976-1991). Dirige a coleção Zero à Esquerda da Editora Vozes e a Coleção Estado de Sítio da Boitempo. É autor de uma respeitável obra que associa o rigor da filosofia hegeliana e marxista com análises sociológicas e antropológicas da realidade cultural do Brasil.
A partir dos anos 1990, segundo o filósofo Ruy Fausto, Arantes envereda por um discurso anti-filosófico e reducionista.[3][4]
Politicamente ativo, descreve-se como "um intelectual destrutivo". Atacou a intelligentsia brasileira em 2001, com o ensaio "O apagão da era tucana", publicado no suplemento Mais! da Folha de S.Paulo, no qual criticava a adesão dos intelectuais brasileiros ao governo Fernando Henrique Cardoso.[5] Em 2003, num outro artigo, "Beijando a cruz", criticou os adesistas à ortodoxia econômica do governo Lula. Participou da criação do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL),[6] apesar de ter declarado que desde 2002 não vota mais para cargo executivo.[7]
É casado com a filósofa Otília Beatriz Fiori Arantes e é pai do arquiteto Pedro Fiori Arantes.
Publicações
Paulo Arantes é autor de inúmeros capítulos de livros e artigos. Publicou os seguintes livros:
- 1981 - Hegel: a ordem do tempo
- 1992 - Um ponto cego no projeto moderno de Jürgen Habermas
- 1992 - Sentimento da dialética
- 1994 - Um departamento francês de ultramar
- 1996 - Ressentimento da dialética
- 1996 - O fio da meada
- 1997 - Sentido da formação (com Otília Arantes)
- 1997 - Diccionario de bolso do almanaque philosophico zero à esquerda
- 2000 - Hegel: l'ordre du temps (publicação do original francês de sua tese de doutoramento)
- 2004 - Zero à esquerda
- 2007 - Extinção
- 2014 - O novo tempo do mundo: e outros estudos sobre a era da emergência
Referências
- ↑ Um depoimento sobre o Padre Vaz, por Paulo Eduardo Arantes. Síntese, Belo Horizonte, v. 32, nº 102, 2005.
- ↑ Site da revista Discurso
- ↑ Marx: Lógica e Política, vol. 3. São Paulo: Editora 34, 2002.
- ↑ Entre Adorno e Lukács (dois livros de Paulo Arantes), por Ruy Fausto.
- ↑ Paulo Arantes (27 de maio de 2001). «O apagão da era tucana». Folha de S. Paulo, Mais!. Consultado em 19 de abril de 2015
- ↑ Entrevista concedida a Márcia Tiburi (originalmente publicada pela revista Cult, 10 de janeiro de 2007).
- ↑ Aray Nabuco e Lilian Primi (23 de fevereiro de 2015). «Paulo Arantes: "O capitalismo está morrendo de overdose"». Caros Amigos. Consultado em 28 de abril de 2015
Ligações externas