Pery Paternoster
João Pery Paternoster (Caxias do Sul, 21 de dezembro de 1907 — Caxias do Sul, 27 de setembro de 1988) foi um contabilista, político e administrador brasileiro. Filho de João Paternoster e Marietina Sartori, sobrinha de Salvador Sartori, formou-se contabilista e trabalhou por muitos anos como tal no Lanifício São Pedro, a maior empresa do distrito de Galópolis, sendo seu gerente entre 1966 e 1974.[1][2] Considerado um benemérito de Galópolis, que representaria na Câmara de Vereadores, segundo Vania Herédia ele era "reconhecido por todos como um eficiente administrador, homem de justiça e de seriedade. Trabalhava na fábrica desde 1934, e havia dedicado praticamente toda a sua vida a ela e a Galópolis".[1] "Personalidade de atuação entusiasta",[3] foi também membro da Diretoria do Círculo Operário Ismael Chaves Barcellos, participando da criação de cursos noturnos para os operários,[4] e foi idealizador, um dos organizadores e mais tarde secretário e presidente da Cooperativa de Consumo São Pedro, criada em função do lanifício com o intuito de melhorar as condições de vida dos operários. Não tinha objetivos de lucro e "garantia aos operários alimentação básica a preço de custo, com a possibilidade de pagamento a crédito. [...] A preocupação com a vila, por parte de quem a gerenciava, manifestava-se em todas as esferas: da questão educativa, religiosa, sanitária, social, à recreativa, justificada sempre com o fim de suprir as necessidades básicas da comunidade operária, como se pode observar no tipo de atividades desenvolvidas pela fábrica".[1] A Cooperativa também expandiu e reformou a primitiva Vila Operária de Galópolis, criada inicialmente por Hércules Galló quando gerenciava o lanifício, resultando num conjunto reconhecido como um marco arquitetônico importante.[5] Seguindo o exemplo do pai, envolveu-se também com a política, sendo eleito vereador em 1947, quando a Câmara foi reinstalada depois de dez anos de inatividade sob a Era Vargas. Foi diplomado em 29 de novembro, e na mesma sessão eleito 1º secretário da Mesa Diretora, mas irregularidades encontradas na apuração dos votos da 55ª seção do município obrigaram à realização de uma votação suplementar, que alterou o resultado do pleito. Seu diploma foi então cassado e passou à suplência. Voltou à titularidade poucos meses depois, em 12 de abril de 1948, com a morte de Adelmar Faccioli. Permaneceu na função de 1º secretário até 1949.[6][7] Eleito outra vez em 1952,[8] foi três vezes presidente da Câmara (1953 como titular e 1952 e 1954 como interino),[9][10][11][12] e 2° vice-presidente em 1955.[8] Presidiu a Comissão de Orçamento e Contas e a Comissão de Petições e Reclamações, e participou de debates legislativos importantes, como a reforma da Lei Orgânica, do Código de Posturas, do Plano Diretor e do Regimento Interno, e a criação do Distrito de Fazenda Souza.[13] Entre outras matérias de relevo que passaram pelo Plenário durante seus mandatos podem ser citadas a criação da Biblioteca Pública, da Escola Municipal de Belas Artes e do Museu Municipal, a doação de terreno à Associação Comercial para a construção do Palácio do Comércio, a fixação dos perímetros urbano e suburbano da cidade, a regulação do Imposto Predial, do serviço de abastecimento de água e da concessão de licenças para a instalação de postos de gasolina e óleos, a assinatura de convênio com a Companhia Estadual de Energia Elétrica para suprimento de energia destinada à iluminação pública, e a regulação da substituição do prefeito nos casos de impedimento ou vaga.[7][8] Uma consulta popular realizada em 1951 o incluiu entre os quatro nomes mais cotados para a Prefeitura, sendo considerado "merecedor de aplauso e confiança pelo muito que já fez pelo progresso desta terra. [...] Modesto, inteligente, trabalhador, de uma honestidade à toda prova. [...] Moço simples, não contaminado pela politicalha, um dos poucos que ainda fazem política por idealismo, sem outra intenção que não seja a de servir, desinteressadamente, a terra de seu nascimento".[14] Também foi elogiado na imprensa como "valor de primeira grandeza",[15] e "sobretudo pela operosidade incansável pela causa social", fazendo com que "ocupasse um lugar de absoluto relevo na admiração e na estima de seus conterrâneos".[16] O historiador e antigo vereador Mário Gardelin lembrou-o em 1975 como um "esplêndido companheiro" na Câmara, que mantinha por Galópolis "um grande carinho e um interesse manifesto",[17] e voltaria a se referir a Paternoster em 1993 no seu livro sobre a história da Câmara como "parlamentar de reconhecida magnificência", que sobressaiu "brilhantemente" em suas funções.[13] Desenvolveu atividades em vários outros campos da vida comunitária. Foi um dos fundadores e membro da primeira Diretoria do Caxias Tênis Clube,[18] membro do Conselho Fiscal do Esporte Clube Juventude,[19] secretário no Recreio da Juventude por quatro anos,[20] diretor do Cinema Juvenil, participou da organização dos estatutos e da Diretoria da IV Festa da Uva[21][22] foi delegado da Liga de Defesa Nacional,[23] conselheiro da Associação dos Empregados no Comércio, e um dos fundadores e membro da Diretoria do Centro Numismático e Filatélico.[24][25] Em 1953 representou o pai, já falecido, na inauguração da Escola João Paternoster.[26] Em 1962 assumiu um posto no Conselho Consultivo do Centro da Indústria Fabril, que congregava as maiores indústrias da cidade,[27] e foi o nome inicialmente cogitado pela Frente Democrática para a candidatura à Prefeitura,[28] mas a escolha recaiu finalmente sobre Hermes Webber.[29] Em 1966 voltou a ser pré-candidato, então pela ARENA,[30] mas também não foi escolhido. Em 1975 fez parte de uma comissão de notáveis encarregada de erguer um monumento em memória da presença tirolesa na imigração italiana.[31] Após sua morte seu legado de honradez e dedicação à causa pública foi lembrado em outras sessões do Legislativo,[32][33][34] e foi homenageado pela Câmara em 1992, em Sessão Ordinária, e novamente em 2002, em Sessão Solene, comemorativa dos 110 anos de instalação do Poder Legislativo em Caxias do Sul, junto com outros ex-presidentes da Casa.[35][36][37] Foi casado com Zuleica Santos, deixando os filhos Dóris, professora de arte, e Clóvis, advogado. Referências
Ver tambémLigações externas
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