Mentha pulegium, comummente conhecida como poejo[1] (também grafada poêjo[2][3] e poejos[2][3]) , é uma das espécies mais conhecidas do género Mentha, pertencendo à famíliaLamiaceae, é uma planta perene cespitosa de raízes rizomatosas que cresce bem em locais húmidos ou junto de cursos fluviais, onde pode ser encontrada selvagem entre gramíneas e outras plantas.
O poejo pode medir entre 15 a 40 centímetros de altura, trata-se de uma planta robusta, que tanto pode assumir uma orientação prostrada como ascendente.[2] As raízes são laterais na base.[6]
Os seus erectos talos quadrangulares, muito ramificados, podem chegar a medir entre 30 a 40 cm.[6] As folhas são pecioladas, de podendo assumir um formato lanceolado, elíptico ou obovado,[2] além disso são ligeiramente dentadas, e exibem uma coloração entre o verde-médio e o verde-escuro. Dispõem-se opostamente ao longo dos talos.[6]
Em termos de naturalidade, é nativa dos territórios supra referidos.[5]
Ecologia
Trata-se de uma espécie rupícola,[3] com predileção por bouças e veigas húmidas, em barrocas, na orla cursos de água, aguaçais, lagos e outros espaços temporariamente madeficados ou anegados, amiúde azotados. Privilegia os solos de substracto ácido, pautados pela humidade edáfica, seja ela permanente ou não.[5]
Utilidade
Farmacologia
Esta planta aromática, de crescimento espontâneo, é conhecida há séculos em todo o Mediterrâneo e Ásia ocidental pelas suas propriedades carminativas, relaxantes e até como emenagoga quando tomada em infusão.[7] Por extração de um óleo essencial, também pode ser usada em aromaterapia.[7]
Em sede da medicina tradicional, são-lhe atribuídas propriedades; expectorantes, contra a gripe, tosse crónica, resfriados, bronquite e asma; calmantes ou relaxantes, para o sistema nervoso; antisépticas; cicatrizantes, usada como unguento tópico para tratar inflamações cutâneas; colagogas e espasmolíticas.[2][7] Tendo, dessarte, sido usada na história de Portugal na confecção de mezinhas para combater constipações, insónias, dores reumáticas, acidez do estômago, disquinesia hepatobiliar e enjoos[2]
Culinária
Em Portugal é usada na culinária, para fazer infusões, licores e molhos, principalmente no Sul do país.[8]
Outros usos
No âmbito da cosmética, sói de ser usada na preparação de loções e cremes faciais, pelas suas propriedades cicatrizantes.[2][7]
Mercê das suas propriedades tóxicas, seja dos óleos naturais que dela se podem extrair, seja do fumo resultante da combustão das folhas,[9] também é usada na preparação de fungicidas e insecticídas.[10]
Toxicologia
É de notar que o óleo essencial do poejo é venenoso (é uma substância hepotóxica),[2] sendo especialmente perigoso para as grávidas pois pode causar o aborto.[7] Nos cozinhados deve, pois, ser usado em moderação e evitado completamente pelas grávidas.[7] O poejo é dotado dos seguintes compostos químicos: 3-Octanol,[11] isomentona,[12]limoneno (α-limoneno),[13]mentona[14] e pulegona[15][16]
Quanto ao epíteto específico: pulegium,[20] este deriva do étimo latino pulex,[21] que significa «pulga», devendo-se tal alusão ao antigo costume de queimar poejo no interior das casas para repelir estes insectos.[1][9]
O nome comum «poejo», por seu turno, advém exactamente do étimo pulegĭu[1], deturpação do baixo-latim do étimo latino pulegium, sempre em alusão às propriedades espulgantes desta planta.
↑ abcdCastroviejo, S. (1986–2012). «Mentha pulegium»(PDF). Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid. p. 340. Consultado em 17 de março de 2020
↑ abcdefRodrigues Roque, Odete (2002). PLANTAS e PRODUTOS VEGETAIS em FITOTERAPIA. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. ISBN972-31-1010-5
↑S.A, Priberam Informática. «poejo». Dicionário Priberam. Consultado em 10 de novembro de 2021
↑ abMahdi Pourmortazavi, Seied (2004). «Supercritical carbon dioxide extraction of Mentha pulegium L. essential oil». Elsevier. Talanta. 62: 407–411. doi:10.1016/j.talanta.2003.08.011
↑Berrada, M. (31 de Janeiro de 2001). «Insecticidal effects of essential oils against Hessian Mayetiola destructor». Elsevier. Field Crops Research. 71: 9-15
↑«3-Octanol». webbook.nist.gov (em inglês). Consultado em 10 de novembro de 2021
↑«Pulegone». webbook.nist.gov (em inglês). Consultado em 10 de novembro de 2021
↑Hmamouchi, Mohamed (25 de Julho de 2003). «Chemical composition and antifungal activity of essential oils of seven Moroccan Labiatae against Botrytis cinerea Pers». Elsevier. French Journal of Ethnopharmacology. 89: 165–169. doi:10.1016/S0378-8741(03)00275-7