Ponta Delgada (Santa Cruz das Flores) Nota: Para outros significados de Ponta Delgada, veja Ponta Delgada (desambiguação).
Ponta Delgada é uma freguesia rural açoriana do município de Santa Cruz das Flores, com 18,72 km² de área e 280 habitantes (2021), o que corresponde a uma densidade populacional de 15 hab/km². É a terceira mais antiga paróquia da ilha das Flores, apenas sendo precedida pelas vilas de Lajes e de Santa Cruz das Flores, sendo contudo de povoamento coevo. Foi elevada a paróquia, tendo como orago o apóstolo São Pedro, em data que se desconhece das últimas décadas do século XVI. A freguesia ocupa o extremo norte da ilha, estendendo-se por uma zona aplainada voltada a nordeste, sendo a última localidade açoriana a dispor de acesso rodoviário: a primeira viatura apenas atingiu aquela freguesia em Maio de 1966. Nesta freguesia funcionaram as principais instalações técnicas da Base Francesa das Flores, com destaque para os sofisticados radares e sensores eléctro-ópticos que seguiam a fase final de reentrada e queda dos mísseis balísticos disparados da costa sudoeste da França. Na freguesia está localizado o Farol da Ponta do Albernaz, o mais potente farol hoje existente nos Açores. População
Historial da freguesiaSão Pedro de Ponta Delgada foi uma das três primeiras paróquias da ilha das Flores, povoada pelo mesmo tempo que as futuras vilas das Lajes das Flores e de Santa Cruz. Gaspar Frutuoso afirma que já em finais do século XVI possuía a sua ermida e uma freiguesia de trinta vizinhos. Um século depois, frei Agostinho de Montalverne[2] dá-lhe 140 fogos e 650 habitantes, então provavelmente o maior povoado da ilha[3] Fazendo fé no florentino frei Diogo das Chagas, em 1571 já estaria erecta paroquial na freguesia, o que conferiu à freguesia posição cimeira na divisão administrativa da ilha, sendo-lhe alocado um vasto território que se estendia da Ribeira Funda à Ribeira das Casas, incluindo os lugares da Ponta Ruiva, hoje nos Cedros, e da Ponta da Fajã, hoje na Fajã Grande. O seu povoado principal é descrito pelo padre António Cordeiro como tendo 150 fogos e huma grande rua corrente ao mar, com outras atravessadas. Pela existência do seu porto e pela fertilidade das terras adjacentes e abundância de águas, Ponta Delgada foi um dos principais focos de povoamento da ilha, rivalizando durante muitos anos com as vilas. Outro florentino, o padre José António Camões, que foi pároco da freguesia, escreve nos inícios do século XIX que:
Ao tempo, Ponta Delgada, apesar de apenas poder ser atingida a pé ou por mar, era na altura a mais abastada freguesia de quantas existiam na ilha das Flores, tendo desde o século XVII juiz vintenário, com escrivão, porteiro, rendeiro do verde e jurado, sujeitos à jurisdição de Santa Cruz, e três companhias de ordenança, cada uma com seu capitão, alferes, tenente e sargentos. A primitiva paroquial terá sido erecta na ermida de Santa Ana, referida por Gaspar Frutuoso, mas hoje desaparecida. A actual igreja paroquial de São Pedro foi mandado edificar em 1763, no local da pequena ermida da mesma invocação, a segunda mais antiga da paróquia, a par da Ermida de Santo Amaro, com a qual coexistia nos finais do século XVII. A existência destas duas ermidas, a de São Pedro e a de Santo Amaro, dando origem a festas populares em honra destes santos que ainda hoje se realizam na freguesia, são um bom indicador das dinâmicas da freguesia: São Pedro, o tradicional protector dos pescadores, e Santo Amaro, o protector dos gados, indício de uma comunidade que assentava na pesca e na criação de animais. A ermida de Santo Amaro, localizada junto ao primitivo núcleo habitacional, junta a um grotão onde existia uma nascente, desapareceu, embora se saiba que ficava mais a norte do actual povoado, numa lomba que se chama ainda de Santo Amaro. A transferência do centro da freguesia deveu-se à excessiva exposição do local aos ventos do quadrante norte. O principal promotor da reedificação, iniciada em 1763, foi o padre Francisco de Fraga e Almeida, possuidor de grande fortuna e antigo vigário e ouvidor nas Flores e no Corvo, que em 1764 deixou um legado de 100$000 réis à Confraria de São Pedro, com a obrigação de ser celebrada missa por sua alma no dia da inauguração do templo. Desconhece-se a data de termo das obras, mas em 1774 ainda se trabalhava na talha dos seus altares. A igreja foi restaurado em 1971 e em 1975, mantendo contudo a sua traça original e o seu belo interior. Sobre o Pico do Meio-Dia, assim chamado por se localizar a sul, numa posição que é atingida pelo sol ao meio-dia solar, foi inaugurada a 13 de Agosto de 1978 uma ermida da invocação de São João Baptista, junto a um cruzeiro de betão ali benzido a 27 de Setembro de 1970. A construção da ermida deu origem à actual festa de São João, celebrada em Setembro de cada ano. A freguesiaA freguesia tem como principais actividades económicas a agro-pecuária, com destaque para a bovinicultura leiteira, a pesca e pequeno comércio. O porto da freguesia está a sofrer grandes obras de ampliação e modernização, o que permitirá a sua utilização na actividade marítimo-turística, com destaque para as ligações marítimas com a fronteira ilha do Corvo. Devido à emigração para os Estados Unidos e o Canadá, e mais recentemente para Santa Cruz das Flores, desde os princípios do século XIX, quando a freguesia tinha mais de 900 habitantes, que a população está em declíneo. Em 1814 nasceram na freguesia quase quarenta crianças; na última década os nascimentos oscilam entre 2 e 6 ao ano. AssociativismoNa freguesia existem as seguintes colectividades:
PatrimónioEntre o património local destaca-se o seguinte:
Equipamentos
FestasA freguesia tem como principais festividades a Festa de São Pedro, realizada a 29 de Junho, a de Santo Amaro, no primeiro domingo de Setembro, a de São João, no segundo domingo de Julho, a de Nossa Senhora da Guia e as do Divino Espírito Santo, centradas em torno do domingo de Pentecostes. Património arquitetónicoPatrimónio arquitetónico referido no SIPA:[4]
Referências
Ligações externas
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