Pós-política é uma forma de despolitização que consiste em negar as ideologias, associando-as a emoção e irracionalidade, e compreendendo que a política deve ser feita de maneira técnica, com base no que seus autores consideram racionalidade.[1] A socióloga Sabrina Fernandes analisa o fenômeno da pós-política no Brasil em seu livro Sintomas Mórbidos.[2]
A pós-política surge com o intuito de separar a ideologia da política. Geralmente, esse processo é feito a partir de think tanks, como RenovaBR.[3][4] Algumas figuras relacionadas a pós-política brasileira são: Tabata Amaral,[5][6] João Henrique Campos, Marina Helou, Luciano Huck,[7] Gabriela Prioli[8] e Marina Silva[9]. A Rede Sustentabilidade é um partido que se baseia na pós-política, pois se diz nem de esquerda, nem de direita, mas sim de terceira via.[10]
Relação com o social-liberalismo
Sendo frequentemente disseminada através de think tanks, a pós-política engloba os interesses das empresas que os financiam.[11] Como forma de popularizar suas ideias, essas instituições utilizam uma forma mais atrativa de liberalismo para minorias e classes baixas, de forma que, apesar de não serem simétricos, a pós-política frequentemente está alinhada ao liberalismo social.[12][13]
Pós-política e meio ambiente
Como os filósofos Slavoj Žižek e Alain Badiou reconhecem explicitamente, o cenário pós-político está particularmente avançado na esfera ecológica.[14] Seguindo essa deixa, o geógrafo ambiental Erik Swyngedouw liderou uma literatura emergente que identifica na política ambiental muitos dos sintomas clássicos da condição pós-política.
Referências
- ↑ TEMPO, O. (17 de dezembro de 2017). «Pós-política». Marcio Coimbra. Consultado em 9 de dezembro de 2020
- ↑ FERNANDES, Sabrina (2019). Sintomas Mórbidos: A encruzilhada da esquerda brasileira. São Paulo: Autonomia Literária. p. 400. ISBN 8569536526
- ↑ de 2020, João Filho22 de Novembro; 7h26. «RenovaBR: os 147 jovens eleitos a serviço das elites em 2020». The Intercept Brasil. Consultado em 9 de dezembro de 2020.
Há outros grupos nos mesmos moldes do Renova como Agora e o Acredito, que também são apoiados por Huck e Mufarej. Eles foram criados na esteira da onda de negação da política e da crise de representatividade partidária.
- ↑ Gortázar, Naiara Galarraga (7 de julho de 2019). «A fábrica brasileira de novos políticos». EL PAÍS. Consultado em 9 de dezembro de 2020.
A iniciativa que deu origem a Tabata se destaca porque a ideologia não faz parte de sua agenda. “O Renova não tem programa político, nossa missão é atrair gente talentosa para a política [...]"
- ↑ «'Essa coisa de esquerda e direita ameaça a democracia', diz deputada». VEJA. Consultado em 9 de dezembro de 2020
- ↑ «Nem de esquerda e nem direita: conheça Tabata Amaral | TV Política Online | Notícias da TV Estadão». Estadão. Consultado em 9 de dezembro de 2020
- ↑ ABCdoABC, Portal do. «Renovação 'nem de direita, nem de esquerda'». www.abcdoabc.com.br. Consultado em 9 de dezembro de 2020
- ↑ Prioli, Gabriela, Menos emoção e mais razão (em inglês), consultado em 9 de dezembro de 2020
- ↑ «Nem de esquerda, nem de direita, muito pelo contrário». epoca.globo.com. Consultado em 10 de dezembro de 2020
- ↑ «Militantes da Rede se dizem 'nem de esquerda, nem de direita e nem de centro' - Política». Estadão. Consultado em 10 de dezembro de 2020
- ↑ «"Bancada Lemann": os políticos apoiados pelo 2º homem mais rico do Brasil». noticias.uol.com.br. Consultado em 9 de dezembro de 2020
- ↑ Friderichs, Lidiane Elizabete (8 de maio de 2019). «A atuação política dos think tanks neoliberais brasileiros e argentinos: os casos do instituto liberal, do instituto de estudos empresariais e do instituto para el desarrollo empresarial de la Argentina (1983-1998)». Consultado em 9 de dezembro de 2020
- ↑ Cristofoletti, Evandro Coggo; Serafim, Milena Pavan (2018). «As Think Tanks liberais no Brasil enquanto aparelhos de hegemonia: influências na sociedade civil e no Estado». Seminários do LEG (9): 5–26. ISSN 2596-1861. Consultado em 9 de dezembro de 2020
- ↑ Žižek, Slavoj. Against the Populist Temptation. The University of Chicago Press. Critical Inquiry. vol. 32, n. 3. 2006, pp. 551-574. https://doi.org/10.1086/505378