Raca,[2]Raqqa ou Rakka (em árabe: الرقة, "ar-raqqa") é uma cidade do centro-norte da Síria, situada na parte ocidental da região historicamente chamada Al-Jazira, ou Mesopotâmia Superior, que hoje se reparte entre as repúblicas da Síria e do Iraque. Tinha cerca de 220 488 habitantes na zona urbana e 338 773 habitantes na área metropolitana em 2004.[3] É capital da província homônima e está na margem norte do rio Eufrates.
Foi fundada pelo imperador selêucidaSeleuco II Calínico(r. 246–226 a.C.), a quem deve o nome de Calínico (em grego: Kallinikos; em latim: Callinicum) que teve até à conquista islâmica (exceto por um breve período no qual se chamou Leontópolis, pelo imperador Leão I, o Trácio(r. 457–474). Em 542, foi destruída pelo xá sassânidaCosroes I e reconstruída pelo bizantinoJustiniano I(r. 527–565).
Nas suas proximidades teve lugar em 657 a importante Batalha de Sifim, que marcou o início da divisão do islamismo em várias seitas.
A cidade de Raqqa declinou no final do século IX por causa da guerra contínua entre os abássidas e os tulúnidas, e depois com o movimento xiita dos carmatas. Durante o período dos hamadânidas na década de 940, o declínio foi maior. No final do século X e até ao início do século XII, Raqqa foi controlada por dinastias beduínas.
Raqqa teve um segundo ressurgimento, baseado na agricultura e na produção industrial, durante o período dos zênguidas e aiúbidas no século XII e primeira metade do século XIII.
Guerra Civil Síria
Durante a Guerra Civil Síria, Raqqa foi a primeira grande cidade síria e a primeira capital de província a cair sob controlo dos rebeldes, após dias de intensos combates.[6] Em resposta à queda da cidade, a força aérea síria bombardeou o centro da cidade causando a morte de 39 pessoas.[7] Forças do governo sírio que foram enviadas para retomar a cidade acabaram sendo detidas e expulsas das proximidades.[8] Em agosto de 2013, militantes islamitas e membros de grupos fundamentalistas assumiram o controle do município e de áreas vizinhas, expulsando outros grupos rebeldes rivais da região.[9]
O auto-proclamado grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ou EIIL) têm, segundo várias fontes, impondo à população da província uma interpretação extremamente rígida do Alcorão e da sharia, onde por exemplo fumar ou ouvir música na rádio pode levar a penas de chicotadas em público ou até à morte. Foram publicadas várias leis rigorosas que exigem o encerramento de barbearias e cabeleireiros e até se proibe que as mulheres se sentem.[10][11][12] Segundo relatos de habitantes locais sob anonimato, o clima de medo paira na cidade, onde nem muçulmanos e cristãos estariam a salvo e, segundo estes, os cristãos estariam sendo obrigados em pagar um imposto especial, para não serem expulsos ou molestados.[13] O EIIL era tão radical na interpretação do Alcorão que foi mesmo expulso pela também radical Al Qaeda.[14]
Em 2014, o EIIL proclamou Raqqa como sua capital na Síria e a tornou uma de suas principais bases de poder no Oriente Médio. Forças aéreas dos Estados Unidos, de nações da Europa, da Rússia e do governo sírio tem submetido a cidade a frequentes bombardeios.[15][4]
A 17 de Outubro de 2017, milícias curdas e árabes (encabeçadas pelas Forças Democráticas Sírias), com o apoio dos Estados Unidos, anunciaram que haviam reconquistado a cidade de Raqqa, pondo fim a mais de três anos de ocupação.[17] Ainda assim, segundo observadores, combates esporádicos ainda eram ouvidos pela região.[5]