Os relógios Michelini foram produzidos por uma empresa familiar localizada na cidade brasileira de São Paulo, a qual se dedicava à fabricação de relógios mecânicos para torres de igrejas, fachadas comerciais, estações de trem, prédios e praças públicas.[1]
No início a empresa tinha como depositários e concessionários Edmond Hanau & Cia., conforme pode ser visto nas inscrições dos relógios mais antigos e no primeiro anúncio realizado no jornal O Estado de S. Paulo em 1909.[3]
O primeiro relógio Michelini no passeio público foi instalado na fachada da Casa Hanau, fundada em 1862[4] e a mais famosa joalheria de São Paulo no início do século XX.[5] A loja localizava-se na Rua São Bento, 55 (antigo), a cerca de 30 m do Edifício Martinelli, em direção ao Largo São Francisco[6]. Esse relógio contava com 3 mostradores, o do centro indicando a hora de São Paulo, o da esquerda a hora do Rio de Janeiro e o da direita a hora de Paris.[7]
Curiosamente, também no jornal O Estado de S. Paulo, encontram-se anúncios posteriores da empresa, entre 1919 e 1922, mas com o nome "Vitalino" Michelini.[8], mas somente em 13 de julho de 1923 a empresa dos Michelini foi constituída com o nome de "Vitaliano Michelini" (NIRE 35108655261)[9].
Em 23 de maio de 1941 passou a ser registrada como "José Michelini e Filho Ltda." (NIRE 35207026831)[9], inscrição que pode ser vista nos relógios mais novos.
A empresa teve continuidade com o neto Vitaliano José Michelini (*1923[11] - †1991[12]) até o seu término. Após o fechamento da fábrica, em 1969, Vitaliano José Michelini ajudou a fundar a Metalúrgica Alado.[1]
Os mecanismos produzidos eram essencialmente mecânicos, embora alguns possuíssem motores elétricos para acionamento dos pesos ou dispositivos intermediários.[2] Eram 10 modelos, alguns com pequenas diferenças entre si.[2] Pode-se distinguir claramente hoje três tipos de construção básica de acordo com a bibliografia:
menor, formada por quadro de platinas com espaçadores. Esse mecanismo só aciona um ou mais mostradores. Exemplos: relógio da plataforma da estação de trem em São Carlos-SP, relógio da estação de trem em Barretos-SP.
intermediária, formada por quadro de platinas com espaçadores. Além de mostradores esse mecanismo também aciona sinos. Exemplos: relógio da Catedral de Barretos-SP, relógio da antiga Catedral de Cuiabá-MT (hoje localizado no Museu de Arte Sacra), relógio da Igreja Nossa Sra. das Dores em Bauru-SP, relógio da Igreja São José em Cravinhos-SP.
maior, formada por quadro misto de base plana e platinas com espaçadores. Além de mostradores esse mecanismo também aciona sinos. Porém, nesse caso, os tambores de corda, e parte do mecanismo das batidas, assentam-se sobre o quadro de base plana e o restante do mecanismo fica alojado no quadro de platinas com espaçadores, sendo este também assentado sobre a base plana. Exemplos: relógio da Estação da Luz em São Paulo-SP, relógio da Igreja Sto. Antônio de Pádua em São Carlos-SP (modelo A-5, o modelo A-4 é igual com a diferença que não repete as batidas das horas[2]), relógio do antigo Palácio das Indústrias em São Paulo-SP.
Conforme a bibliografia o mecanismo de escape característico é o "deadbeat" com roda de pinos e o mecanismo de controle das batidas dos sinos é o de cremalheira com caracol.
↑Esse relógio pertenceu à antiga Matriz e foi doado à Igreja de Santo Antônio de Pádua (São Carlos) pelo bispo Dom Ruy Serra em 1955 [19]. Embora um livro histórico da cidade cite o ano de 1918 para a instalação do relógio na Matriz[20] a inauguração ocorreu de fato em 21/03/1910[21]. Além disso há registro fotográfico anterior a 1918 mostrando um relógio na torre[22].
↑Embora a referência cite 1909 é mais provável ser posterior a 1923, ano em que a "Vitaliano Michelini" foi constituída, não se observa na inscrição (foto geral) (foto da placa) referência a Edmond Hanau & Cia.
↑Esse relógio pertenceu à antiga Catedral do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, demolida em 14/08/1968.[31] Esse mesmo relógio substituiu outro ainda mais antigo, em 1929, quando a fachada da antiga catedral foi reformada. O primeiro relógio datava de 1842.[32]
↑ abcdeObserva-se a inscrição "José Michelini e Filho".
↑Subseção Judiciária de S. Paulo (18 de maio de 2010). «Seção Judiciária do Estado de S. Paulo». Diário Eletrônico da Justiça Federal - 3a Região. Publicações Judiciais I - Capital SP (89). 74 páginas
↑ abcdeSuzane G. Frutuoso (18 de fevereiro de 2011). «Relógios em SP». Jornal da Tarde. Consultado em 21 de maio de 2012. Arquivado do original em 15 de outubro de 2013
↑Lacerda, Leila Borges de (2005). Catedral do Senhor Bom Jesus de Cuiabá: Um olhar sobre sua demolição. Cuiabá: KCM. 160 páginas
↑ abMesquita, José Barnabé de (1978). Gente e Coisa de Antanho: Crônicas 1924 – 1934(PDF). Cuiabá: Instituto Histórico e da Academia Matogrossense de Letras. 249 páginas. Consultado em 20 de julho de 2014
↑Tokarski, Fernando (2002). Cronografia do Contestado - Apontamentos Históricos da Região do Contestado e do Sul do Paraná. [S.l.]: Imprensa Oficial do Estado de Santa Catarina. 279 páginas
↑Paróquia São Lourenço, Relíquias de Nossa Paróquia - O Sino e o Relógio da Matriz. YouTube|acessodata= requer |url= (ajuda)
↑Raimundo Quildário dos Santos (2006). Pepitas de Pitangui. Pitangui: [s.n.] p. 69
↑Vandeir Santos (11 de março de 2014). «O Relógio da Matriz». Daqui de Pitangui. Consultado em 14 de janeiro de 2015
↑Graziela Delalibera (30 de setembro de 2012). «Por dentro do relógio da Basílica». São José do Rio Preto. Diário da Região. Cidades. Consultado em 29 de maio de 2014
↑«Inauguração do relógio da Matriz». Hemeroteca Digital Brasileira. Santos Jornal (n.52): p.8. 12 de outubro de 1949. Consultado em 21 de dezembro de 2023 !CS1 manut: Texto extra (link)
↑«Um pouco de côr: O relógio da Igreja». Portal do Arcanjo Ecoturismo & Aventura, São Miguel Arcanjo - SP. Consultado em 7 de setembro de 2013. Arquivado do original em 6 de setembro de 2012
↑«torre documentos». Grupos do Google - Encontro Ex-Cica. 1 de outubro de 2012. Consultado em 21 de fevereiro de 2015
↑«Bens Inventariados». Relógio. Igreja São Sebastião. Piscamba. Jequeri/MG. Portal do Patrimônio Cultural. Consultado em 21 de maio de 2012. Arquivado do original em 14 de outubro de 2013