Samósata Nota: Não confundir com Arsamósata, em Sofena
Samósata (em armênio: Շամուշատ; romaniz.: Šamušat; em grego clássico: Σαμόσαταa; em siríaco: ܫܡܝܫܛ; romaniz.: Šmīšaṭ) foi uma antiga cidade do Reino de Sofena, fundada por Samo I em meados do século III a.C., que mais tarde tornar-se-ia capital do Reino de Comagena. As ruínas da cidade, situadas perto da cidade atual de Sansate, na província de Adeiamane, região do Sudeste da Anatólia, Turquia, encontram-se submersas pela Barragem Atatürk desde a década de 1990. NomeSamósata (Σαμόσατα) é a forma grega do topônimo. Propôs-se que sua forma persa médio não atestada seria Samaxade (*Sāmašād), que por sua vez derivou do persa antigo também não atestado Samaxiati (*Sāmašiyāti-). Foi registrado em armênio como Xamuxate (Շամուշատ, Šamušat). A origem do seu nome é persa e significa "Alegria de Samo".[1] Nomear cidades como "alegria de" ou "felicidade de" era uma prática orôntida (e mais tarde artaxíada) que lembrava o discurso real aquemênida.[2] HistóriaAntiguidadeA cidade de Samósata foi fundada algum tempo antes de 245 a.C. no antigo sítio neo-hitita de Cumu por Samo I, o rei orôntida de Sofena.[3][4] Ela pode ter fundado a cidade para afirmar sua reivindicação sobre a área, uma prática comum entre as dinastias iranianas e helenísticas, como Capadócia, Ponto, Pártia e Armênia.[5] A cidade foi construída numa forma arquitetônica persa "sub-aquemênida", semelhante ao resto dos edifícios orôntidas na Grande Armênia.[6] Samósata serviu como uma das mais importantes residências reais dos reis orôntidas de Sofena.[1] Assim como Zeugma, era uma importante passagem ao Eufrates, como Josefo indica ao discutir as motivações romanas para sua anexação (Josefo, Antiguidades Judaicas, BJ 7.224),[7] Como outras residências reais orôntidas primitivas, Samósata experimentou uma mudança repentina em seu estilo arquitetônico sob os orôntidas de Comagena devido ao seu envolvimento próximo no mundo greco-romano.[6] Durante este período, Samósata foi provavelmente povoada por uma variedade de povos, descendentes de arameus, assírios, neo-hititas, armênios e persas.[8] Samósata estava entre os lugares onde seu governante Antíoco I (r. 70–31 a.C.) fundou santuários que continham inscrições sobre seu culto, bem como relevos de sua dexiosis com Apolo-Mitra.[9] Em 72, Samósata, bem como o resto de Comagena, foi incorporada ao Império Romano, na província da Síria.[10] Pode ter sido durante este evento que a carta siríaca de Mara bar Serapião foi composta. A carta faz menção a uma elite de língua aramaica em Samósata que estudou literatura grega e filosofia estoica.[11] Sob o imperador Adriano (r. 117–138), recebeu o estatuto de metrópole junto com Damasco e Tiro.[12] É a cidade de nascimento de importantes pessoas da antiguidade como Luciano[13] e Paulo. Legiões romanas foram posteriormente colocadas ali para desencorajar o Império Sassânida (224–651) de atacá-la. Em 260, foi a primeira cidade a ser saqueada pelo imperador Sapor I (r. 240–270) após sua captura do imperador Valeriano (r. 253–560).[14] Sabe-se que Sapor teve moedas cunhadas da mesma forma que o antoniniano romano, que ele pode ter tirado do material usado na casa da moeda de Samósata.[15][16] No século IV, Juliano (r. 361–363) estacionou uma frota de mais de mil navios em Samósata para fornecer suprimentos para seu exército em sua expedição contra Sapor II (r. 309–379).[17] Idade MédiaEm 639, as forças muçulmanas começaram sua marcha em direção a Síria e Armênia. Ao alcançar Harrã, Iade ibne Ganme despachou Safuane ibne Muatal e Habibe ibne Maslama Alfiri para subjugar Samósata; depois que Safuane e Maslama capturaram várias aldeias e fortes nas proximidades da cidade, os citadinos negociaram os termos de rendição com os muçulmanos garantindo sua segurança pessoal e nenhum dano às suas propriedades em troca de um imposto por cabeça e reconhecimento do domínio muçulmano.[18] Em 640, segundo Albaladuri, Iade sitiou Samósata em resposta a uma rebelião, cuja natureza não foi especificada.[19] Em 750/1, Ixaque ibne Muslim Alucaili reuniu alegados 60 mil soldados em preparação ao avanço das tropas de Abedalá ibne Ali e os demais líderes abássidas, no contexto da Revolução Abássida. No evento, um termo negociado foi alcançado entre Ixaque e Abu Jafar (o futuro califa Almançor) e muitos dos líderes pró-omíadas começaram a aceitar as fileiras dos abássidas.[20][21][22] Em 859, o líder pauliciano Carbeas e Omar repeliram com sucesso um ataque bizantino contra Samósata, liderado pelo imperador Miguel III, o Ébrio (r. 842–867) e seu tio Bardas, tomando muitos cativos, alguns dos ele conseguiu persuadiu a juntarem-se a sua causa.[23] Em 873, Basílio I, o Macedônio (r. 867–886) realizou uma nova campanha contra a cidade na qual foi acompanhado por Nicéforo Focas, o Velho.[24] Em 931, os bizantinos estiveram ativos no sul da Armênia, ajudando o rei da Vaspuracânia, Cacício I, que havia reunido os príncipes armênios e aliou-se com os bizantinos contra os emirados muçulmanos locais; as forças cristãs invadiram o Emirado Cáicida e destruíram Alate e Bercri, antes de marcharam para a Mesopotâmia Superior e capturarem Samósata.[25][26] Saíde ibne Hamadã conseguiu romper com sucesso o cerco bizantino, obrigando os cristão a fugirem rumo a Melitene.[27] Em 958, Basílio Lecapeno conduziu tropas ao Oriente para auxiliar o futuro imperador João I (r. 969–976) em seu cerco de Samósata e as forças bizantinas foram capazes de derrotar um exercício de alívio enviado pelo emir hamadânida Ceife Adaulá na Batalha de Rabã.[28] Essas vitórias asseguraram sua anexação e eventual incorporação no Tema de Sebasteia.[29][30] Poucos anos depois, em 966, os bizantinos conduziram uma troca de prisioneiros com os árabes na cidade.[31][32] Após o colapso da autoridade bizantina na região, a cidade caiu no domínio do armênio Filareto Bracâmio.[33] Em algum momento depois disso, caiu nas mãos de um certo Baluque, um dos Amir Gazi mencionados entre o exército de Raduano de Alepo que sitiou Edessa em 1095.[34] Embora tenha conseguido afastar uma expedição em 1098 sob Balduíno de Bolonha enviada pelo governante de Edessa, Teodoro, ele mais tarde teve que vender a cidade a Balduíno por 10 mil moedas de ouro, sobre as quais pertencia ao Condado de Edessa.[33] Em 1199, Alfedal ibne Saladino foi derrubado por seu tio Adil I do trono do Império Aiúbida e ele foi recompensado com a posse de Samósata e Maiafariquim.[35][36] Referências
Bibliografia
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