Na década de 1980, o Solidariedade era um amplo movimento social antiburocrático que utiliza os métodos de resistência civilnão-violenta para fazer avançar a causa dos direitos dos trabalhadores e da mudança social.[2] Ele representava 9,5 milhões de membros em seu primeiro congresso em setembro de 1981, o que correspondia a 1/3 da população total da Polônia em idade de trabalho.[3]
História
Na década de 1970, o governo da Polônia elevou os preços dos alimentos, enquanto os salários estagnaram. Este e outros motivos levaram aos protestos de junho de 1976 e a subsequente repressão do governo aos dissidentes. Logo começaram a se formar redes clandestinas como os grupos KOR e ROPCIO para opor-se ao comportamento abusivo do governo, sendo os sindicatos uma parte importante dessas redes.[4]
A primeira metade do pontificado de João Paulo II ficou marcada pela luta contra o comunismo na Polónia e restantes países da Europa de Leste e do mundo. Muitos poloneses consideram que o marco inicial da derrocada comunista foi o discurso de João Paulo II em 2 de junho de 1979, quando falou a meio milhão de compatriotas em Varsóvia e destacou o trabalho do Solidarność. "Sem o discurso de Wojtyla, o cenário teria sido diferente. O Solidariedade e o povo não teriam se sentido fortes e unidos para levar a luta adiante", acredita o escritor e jornalista Mieczylaw Czuma. "Foi o papa que nos disse para não ter medo." Dez anos depois, as eleições de 4 de junho de 1989 foram uma "revolução sem sangue" e encorajaram outros países do bloco comunista a se liberar de Moscovo. A data tornou-se simbólica da fim do socialismo real. O movimento sindical Solidariedade, liderado por Lech Walesa, obteve a vitória nas primeiras eleições parcialmente livres de todo o bloco comunista.[5]
João Paulo II foi creditado como sendo fundamental para derrubar o comunismo no Centro e Leste europeus,[6][7][8][9][10][11][12] mesmo antes de ser papa, Wojtyła já tinha uma posição inflexível contra o regime comunista.[13] por ter sido a inspiração espiritual por trás de sua queda, e um catalisador para "uma revolução pacífica" na Polônia. Lech Wałęsa, o fundador do movimento sindical Solidarność, creditou, a João Paulo II, a coragem dos poloneses de se levantarem.[11] De acordo com Wałęsa, "Antes de seu pontificado, o mundo estava dividido em blocos. Em Varsóvia, em 1979, ele simplesmente disse: 'Não tenham medo, mudem a imagem desta terra'".[12][14]
O Solidariedade surgiu em 17 de Agosto de 1980, em Gdansk, nos Estaleiros Lenin, quando o governo comunista da Polônia assinou o acordo que permitiu a sua existência. Em 17 de setembro de 1980, mais de 20 comitês de sindicatos livres fundiram-se em uma organização nacional denominada NSZZ Solidariedade,[3] sendo oficialmente registrado em 10 de novembro de 1980.[16]
O governo tentou destruir o sindicato com a lei marcial de 1981 e muitos anos de repressões, mas, por fim, começou a negociar com o sindicato. As conversas de mesa-redonda entre o governo enfraquecido e a oposição do Solidariedade levou às eleições semiabertas de 4 de junho de 1989. Pelo fim de agosto, uma coligação liderada pelo Solidariedade foi formada para participar das eleições e, em dezembro, Wałęsa foi eleito presidente.
A Igreja Católica apoiou o movimento Solidarność e, em janeiro de 1981, Wałęsa foi cordialmente recebido pelo Papa João Paulo II no Vaticano. O próprio Wałęsa sempre considerou o catolicismo como sua fonte de força e inspiração.[19] Em 1983, na segunda viagem do papa para a Polônia, foi concedida uma audiência do papa com Wałęsa nas Montanhas Tatra. Como resultado da reunião, Wałęsa diminuiu sua atividade política para aliviar a situação interna na Polônia. Em agosto de 1983, a lei marcial que proibia o Solidariedade foi retirada e, no mesmo ano, Wałęsa recebeu o Nobel da Paz.[20]
No dia 4 de junho de 1989, houve eleições para o senado na Polônia. Pela primeira vez depois de quase meio século de ditadura comunista, os poloneses tinham a chance de votar. O resultado das urnas foi que, das 262 cadeiras do senado, 261 ficaram para o partido de oposição, o Solidariedade. O governo comunista cairia dois meses depois. Era o fim do comunismo na Polônia. "A culpa é da Igreja", disse o ditador derrotado, general Wojciech Jaruzelski. O primeiro ato do líder do Solidariedade, Lech Wałęsa, foi ir para Roma, para agradecer a João Paulo II.[21]
Desde então, tornou-se um sindicato mais tradicional, e teve relativo pouco impacto na cena política da Polónia no início da década de 1990. Um ramo político foi fundado em 1996 quando a Ação Eleitoral Solidariedade (Akcja Wyborcza Solidarność, AWS) ganhou a eleição parlamentar, 1997, mas perdeu a seguinte eleição parlamentar, em 2001.
↑Maxwell-Stuart, P.G. (2006). Chronicle of the Popes: Trying to Come Full Circle. Londres: Thames & Hudson. p. 234. ISBN978-0-500-28608-6 Verifique |isbn= (ajuda)|acessodata= requer |url= (ajuda)
↑«Pope John Paul II and Communism». Public domain text. May be distributed freely. No rights reserved. Consultado em 1 de janeiro de 2009"He simply said: Don't be afraid, change the image of this land."
↑Paczkowski, Andrzej (2007). From Solidarity to Martial Law: The Polish Crisis of 1980-1981 - A Documentary History. Budapeste: Central European University Press. p. XXIX
↑«Solidarność» (em polaco). encyklopedia.pwn.pl. Consultado em 6 de agosto de 2013
↑Paul Wehr, Guy Burgess, Heidi Burgess, ed. (1993). Justice Without Violence(ebook). [S.l.]: Lynne Rienner Publishers. p. 28. ISBN1-55587-491-6. Consultado em 6 de agosto de 2013 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de editores (link)